A setembro.

Há corações apertados.
Há muitos recomeços para dar início.
É setembro.
Há educadores que hoje vão abrir, pela primeira vez, os seus colos, que querem muito arrancar sorrisos aos mais pequenos e lhes sussurrar que vai correr bem. E aos pais também.
Há pais, muitos pais que hoje entre um suspiro de respirar depois de férias em conjunto, sentem que deixam uma parte de si, na extensão do abraço de outros.

E depois há os miúdos que entre a vontade de experimentar o novo e as aventuras que os dias prometem, se encostam ao cheiro de sempre e que se chama mãe ou pai. Que precisam muito de sentir confiança nas novas caras, paciências redobradas, que têm medos, algumas angústias, mas que precisam, sobretudo, de muito amor.

A todos esses...


Vai
Correr

Bem
Foto do face daqui.


Perdi-me nas letras

Não me lembro de ter lido tanto, como neste mês, deste ano. Levei, como sempre, uma mala só com livros para eles e para mim e algum sarcasmo meu por achar que ia dar conta daquilo. Dois livros que estavam por acabar e outros dois por começar. 

Instituímos e levámos à letra, os três, o Tempo Livre, que traduzindo quer dizer que é o tempo em que cada, já fora das suas obrigações de mãe e de filhos, pode fazer o que mais lhe apetece. Eles foram uns amores, estão tão crescidos... Eles embrenham-se no que lhes dá mais gozo e eu fiz o mesmo. Só havia a condição de nesse tempo, haver algum silêncio pela casa. 

Estiquei esse tempo também de manhã, quando, mesmo sem despertador, acordei a horas de madrugada. Nada a fazer, o meu relógio interno tem destas coisas e aprendi a tirar-lhe proveito. Gostar cada vez mais, das primeiras horas do dia, quando tudo à volta ainda está em silêncio. Entre esse tempo matutino, o do meio da manhã e um pouco à tarde, deu-se conta das páginas. É certo que há livros que puxam mais do que outros e há aqueles que nos puxam e enfeitiçam de cada vez que os queremos largar e é só mais uma página... Muitas páginas depois deram-se conta dos livros todos e agora já à procura de outros para ver se ainda serão devorados antes dos dias quererem tomar conta de nós. Há sempre uma lista grande de preferências por aqui, já pronta mas ontem descobri um novo. É que era mesmo aquilo agora só que... 
Em todos os sites que normalmente procuro, diz indisponível e esgotado! 
Como?? 
O livro só saiu este ano em abril e já não está disponível? 
Alguma sugestão?
Ideias?!?!?

Querido universo, fazes magia e conta-me como encontrá-lo?






Quadro de verão





Ao acordar tinha, quase sempre este quadro à minha frente. 

E foi mais ou menos isto nos últimos tempos. Sem grandes fogos de artifício externos mas com os pequenos nadas que faltavam. As vozes de "Mamãaaaaa!" pela casa. Quando passamos mais tempo juntos ouço mais vezes mamã do que mãe e isso enche-me as medidas. Como uma confirmação de que é por aqui o caminho. Estamos todos mais em sintonia uns com os outros. 

Tirei muito menos fotografias do que tirava antes. Decidi que queria ficar a olhar mais, a vê-los realmente. A perceber-lhes as necessidades que estão por detrás dos queixumes ou pedidos, às vezes fora de tempo. 

Houve birras, deles e minhas. Houve abraços, cumplicidades, conversas e avanços em quem eles são e querem ser, e em quem me quero ir transformando como mãe, para eles e por mim. Às vezes penso que agora é que estaria preparada para tantas coisas mais, para ser mais mãe. Mas vamos sempre a tempo. Disso tenho também mais certezas. Todos os dias, todos os momentos podem contar e ser uma mais valia. 

Houve tempo para o nosso Tempo Livre. Comecei o ano passado com isto do Tempo Livre. É o nosso nome de código para cada um se entregar ao que lhe apetece fazer e assim respeitarmos gostos e vontades.

Hoje, enquanto conduzia, pensava em nós cá por casa como uma rosa dos ventos. Cada um a fazer mais sentido, com o sentido do outro mas cada um com direito à sua direção. A maior parte do tempo de verão somos só três pontos cardeais. O outro anda por desnortes, ao sabor do fumo. Falta sempre a sua visão, tão diferente e ao mesmo tempo tão complementar de quem somos. Mesmo que muito diferente e por isso desafiante, de alguma forma, completamo-nos. 

Por esse mesmo motivo, passamos (muito) tempo a três. Às vezes numa espécie de enjoo bom de nos ficarmos a conhecer das avessas e pela frente e todos os outros lados. Gosto tanto dessa experiência. Onde sou apenas eu como pessoa e como mãe e eles. 

Amo, absolutamente tudo neste tempo que é só meu, que é só nosso, onde mergulhamos uns nos outros. 

Tão grata. 


Vamos cuscar? 19#

Sento-me na plateia como todos os restantes pais babados. Sabemos que o que se vai seguir representa muitas horas de empenho e dedicação. Dos mais pequenos, os médios , das maiores e dela. Sobretudo dela porque se lhe sente a expectativa daqueles dias em que se mostram finalmente as muitas coreografias, pensadas e sentidas meses antes. Percebe-se em cada detalhe que coloca nas atuações que foi tudo pensado ao pormenor, desde as roupas, aos cenários, ao bem estar dos mais pequenos, no incentivo às mais velhas, num cuidado atento às necessidades das diversas faixas etárias. A Diana é assim. Uma apaixonada pela dança que procura aperfeiçoar, em conjunto com estas tantas gentes que coordena e guia, em cada aula, em cada sarau. Sendo apaixonada pela dança já a desafiei a criar um grupo de gente ainda mais crescida. As vergonhas do palco dispensam-me as actuações mas a vontade de ritmos sincronizados, vendo o corpo a trabalhar em uníssono com a música, deixar-me-iam tentada a experimentar.

Ouço as mais velhas a organizarem-se, gerindo tempos de estudo para os exames e cancelando férias para estarem presentes. A dança poderá ser o denominador comum a esta vontade de se apresentarem em palco. Mas é mais. A Diana dá-lhes um espaço para se exprimirem e que vai para lá da dança. Entre confidências, rigor e treino, sabem que ali é um porto seguro onde estão presentes muitos valores que as vão acompanhar em outros momentos das suas vidas. Ficam de fora as chatices com os pais, os namorados, um ou outro teste que não lhes tenha corrido tão bem. Os mais pequenos sentem a festa, o respeito a serem crianças ao mesmo tempo que aprendem coisas tão simples como trabalhar em coordenação de grupo, a não deixar ninguém para trás, a disciplina, a divertirem-se e a exporem-se, depois de trabalho e esforço, perante os outros.
Esta é a Diana deles e de todos nós pais que lhe agradecemos num bem haja sentido. Vamos Cuscar a Diana Passos?



Idade: 30 anos
Naturalidade: Cernache do Bonjardim
Comidas preferidas: Massas e Pizza
Um livro a não perder: “ O céu existe mesmo” de Todd Burpo e Lynn Vincent

1.       Quando nasceste, vieste a dançar?
 Sim, hoje em dia chego a pensar que sim. Quando era criança dançava muito sozinha no quarto em frente ao espelho. Era ali que me sentia livre. Há 20 anos atrás a única programação com música e dança que dava na TV era o Top +, ao domingo à tarde, passava a semana à espera daquele momento só para ver os bailarinos a dançar nos video clips das estrelas norte americanas ... chegava a gravar e depois durante a semana imitava os bailarinos, desde a mão para cima bem esticada, até ao pé para o lado esquerdo.

2.       A paixão pela dança começou como?
 Quando eu era adolescente não se ouvia falar em dança, apenas nas grandes cidades se podia praticar e em poucos sítios, mas dentro de mim eu sentia que era algo muito forte. Aos 13 anos durante as férias organizei com as minhas amigas uma coreografia para dançarmos num evento que se fazia nas Piscinas Municipais de Cernache. Treinávamos imenso, muitas horas, passávamos tardes e tardes naquilo e gostámos tanto que voltámos a repetir no ano seguinte. Chegávamos a ir à feira comprar uma roupa para o evento, com os trocos que cada uma conseguia e a minha irmã já nessa altura, fazia-nos os penteados. Era um misto tão bom de sensações que com 16 anos procurámos um sitio em Cernache para treinar mais a sério. O Bar Clube de Cernache abriu-nos as portas e fundámos o grupo DanceClub.




3.       Porquê o Hip Hop?
Hip Hop porque é uma dança livre, podemos dançar como nos apetecer, dentro dos parâmetros do Hip Hop, claro, mas expressar-mo-nos livremente é do melhor que há. Inventar o que o nosso corpo nos fala através de movimentos  é simplesmente fantástico.

4.       Todos os dias é preciso dançar?
Claro que sim! Não há nada melhor que por uma música, seja ela qual for, e deixar o corpo sentir o que ouve, da maneira como cada um entender. Dançar liberta-nos, faz-nos sorrir e é possível fazê-lo em qualquer idade e faz tão bem à alma.

5.       Em palco vemos a dimensão do número de crianças e jovens que geres. Quantos começaram por ser e quantos são agora?
Começaram por ser 7 meninas de 8 anos que adoravam dançar e que ajudei na participação delas num evento. Elas gostaram tanto e os pais também que me incentivaram a dar-lhes aulas. Entretanto tudo foi crescendo e em Dezembro de 2016 chegámos aos 200 alunos.


6.       Quais são os maiores obstáculos que encontras para pôr um projecto destes a dançar?
Talvez passar para muitos pais e adultos que dançar não é fácil, que não é como correr uma estrada e voltar. É preciso treinar muito para que todos dancem ao mesmo tempo nos “tempos” corretos da música. É preciso todos estarem presente nos treinos para que consigamos dançar em grupo, porque nós não dançamos individualmente, dançamos em conjunto e por isso precisamos uns dos outros.

Todos eles quando começam a dançar percebem que é difícil e para o resultado final ser bonito não é tarefa fácil, é preciso muita coordenação motora, conjugar braços com cabeça e pés, para o lado esquerdo e depois direito e cima e baixo, tudo ao mesmo tempo, é muito difícil.  É preciso decorar os movimentos, a coreografia, estar concentrado para que tudo flua com naturalidade e no fim de tudo que se divirtam enquanto estiverem a dançar, que esse sim, é o principal objetivo.

Tenho alunos que se queixam que a mãe não compreende que seja preciso treinar tanto ou que chega até a desvalorizar o que ela anda a fazer nos treinos ou que o pai se chateia por ver a filha sempre a dançar no corredor, nas compras e no médico.

Tal como investir em roupa para o Espetáculo ou atuações . Dança é arte e a roupa também faz parte de toda a coreografia que foi criada. A roupa é essencial para que todos se sintam ainda mais Unidos, interligados. Nós dançamos em grupo, precisamos uns dos outros, no Hip Hop um dos valores mais mencionados é “precisamos de Todos” para que no final tudo brilhe de uma forma bonita.





7.       Nos dias de dúvidas e incertezas, onde vais buscar as tuas forças?
Aos abraços, aos sorrisos, às frases ditas e ao brilho no olhar  que recebo diariamente dos meus alunos quando entram na sala de aula.


8.       As tuas maiores fontes de pesquisa e formação artística têm origem em quem?
Portugueses: Vítor Fontes, Rita Spider, Vítor Fonseca- Cifrão,  
Internacionais: Laure Courtellemont, Matt Steffanina, Kyle Hanagami, DanaAlexa


9.       Que sonhos tens para o Dance Club?
Ter a nossa própria escola era um sonho meu e de muitos alunos que já andam no Hip Hop há muitos e muitos anos. Ter um sítio onde pudéssemos treinar sempre que quiséssemos e ter a nossa marca era uma sonho de todos nós.


10.   E para ti, em termos de dança, o que será um sonho tornado realidade?
Com muito orgulho e grata por estes 10 anos de trabalho, o  meu maior sonho a nível de dança já foi cumprido. Era ensinar, fazer chegar a cultura  do Hip Hop a muitas e muitas crianças do nosso Conselho e arredores. Dar-lhes a possibilidades de poderem aprender na sua terra sem que fosse preciso ir para as grandes cidades como aconteceu comigo.
Sempre quis incentivar as crianças a sair de casa para vir fazer algo diferente, algo que mexesse com o interior delas, algo que viesse da alma, do coração.



11.   Este blog chama-se Penso Rápido – pequenos remédios para as comichões do dia-a-dia. Que Penso Rápido usas no teu dia-a-dia?
Os sorrisos sinceros de todos os que me rodeiam e me querem bem. Ver a felicidade estampada em cada rosto dos que amamos é sem dúvida o melhor penso rápido que podemos ter na vida.



Há gente gira


Andam há mais de 78 semanas por aí. Por aí significa por esse mundo fora. Um país por semana. Sim, uma país por semana! 
E são quatro. E têm dois filhos pequenos. 
Hoje vi um dos vídeos com a minha mais nova. Mesmo sem perceber a língua, percebeu a ideia e ficou fascinada com a energia boa que por ali se passa. 

Este é último vídeo. Próximo domingo há um novo.
Para apaixonar e inspirar.









http://www.thebucketlistfamily.com/

Das saudades

Sinto-te a saudade. Tanta.
Passei nas redes sociais só para divulgar um outro texto. Era mesmo só essa a intenção. Apareceu uma daquelas imagens de há 3 anos e a tua fotografia. Que saudades Ana. 

Uma cumplicidade que cresceu no fim. No teu fim. O tempo atenua um pouco a falta mas penso muitas vezes em ti. No sorriso bom, numa tranquilidade tão genuína, nessa fé de que a seguir vai correr melhor, numa força de acreditar que sim. Nesse amor com que sempre acolheste os mais pequenos. Um colo tão seguro em relação ao qual te estarei sempre grata, pela segurança, carinho e respeito com que sempre no ajudaste a crescer o nosso mais velho.

Acho que nunca me despedi de ti como deveria. E como? Como nos despedimos de quem gostamos tanto? O nosso último momento a duas foi de verdade e de amor. Guardo-o com carinho, como guardo todos os outros.

Hoje farias anos querida Ana. Por isso celebremos essa tua forma de estar, os teus abraços, o teu olhar tão bom. 
Para sempre Ana, para sempre.

P.S.: No momento em que acabo de escrever isto, aparece a minha doce Maria, em jeito de lembrança de que as energias boas do universo estão em ligação e hoje é dia de celebrar a tua.




Foto daqui.


Modo de férias ... ON.

Entrar em modo de férias não é só chegar ali e já está. Foram várias semanas a pensar de uma forma, em horários, nas tarefas de rotina diárias, em prazos e exigências de trabalho. Entrar em modo de férias leva o seu tempo. Tanto que muitas vezes quando se chega finalmente a esse modo... ouvem-se lamentos de: "Como já passaram?!?!?!" 

Tempo para saborear a comida em vez de só a engolir.
Tempo para repor horas de sono perdidas em preocupações ou então dizer não ao despertador-carrasco.
Tempo para não fazer nada. Não fazer nada é subvalorizado. É deixar o corpo e a cabeça entrar em pânico e perdidos nesse nada, que não nos leva a lado nenhum. É dar-lhes tempo, para apenas estar ali a repor-se do que lhes faz falta. 
Tempo para isto tudo e mais alguma coisa. 

Neste modo de férias, de que este mês a estrear, faz despertar muitas das boas almas que por aí andam, ficam algumas ideias:

  • Molengar: não encontrei no dicionário definição que me enchesse as medidas para as potencialidades deste verbo. Molengar é dar a volta ao relógio de tal forma que ele ganha ritmo de tartaruga com mais de cem anos. É saborear as pequenas coisas como um gelado ou uma cerveja muito fresca. Sentir o cheiro dos lençóis e perder-se neles só mais um pouco. Ter muito boas intenções em ler um livro e cair em sono por cima dele. Fazer uma lista de 10 coisas a visitar numa cidade mesmo ali ao lado e riscar quase todas para só ver 2. Molengar rima com preguiça e preguiça rima com férias.


  • Criar hábitos de férias. Aquele pão fresco que se vai buscar logo pela manhã a pé. Uma volta a seguir ao jantar. Repor uma temporada de uma qualquer série preferida, no final da noite. Demorar-se na leitura de uma revista ou jornal. Largar mais o carro e pôr o corpo a mexer. Hábitos que viram rotinas de aconchego.


  • Desligar. Desafiar-se a consultar redes sociais ou mails uma, duas ou apenas três vezes num dia inteiro e para os mais destemidos, numa semana. Deixar o telemóvel perdido, em modo de férias, em lugar seguro. Ele também precisa desse descanso.
E dar tempo. Tempo para que a magia aconteça e os desgastes dos dias que já lá vão, comecem finalmente a compor-se. 


Foto daqui.

3 coisas e 1/2 para fazer em dias de calor



  • Liberta o lagarto que tens dentro de ti e fica a vegetar ao sol. Depois, quando já não der mais... desata a correr dali para a fora e persegue uma sombra.



  • Investir num bom borrifador da roupa. Encher com água. Borrifar a cada 5 minutos. 



  • Ser uma estrela de cinema em sessão de fotografias. Uma ventoinha, cabelos esvoaçantes e imaginar que se está numa ilha de sonho. Só para aquele toque mais de diva, ter ao pé algo com cheiro a óleo de coco. 


  • Encontrar uma alma prestável para ... (esta é a parte de 1/2. Cada um preencha com o que quiser e nas decências em que foi educado.).