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O caminho

O percurso, supostamente, é o mesmo. Assim como o destino. Também a distância, varia, consoante a escolha do momento, em ir mais por ali ou além. Mas cada um de nós do grupo, vem com um ano de histórias, aprendizagens e vivências. Este ano éramos 8+1+1. 8 a caminhar+1 no carro a acompanhar+1 que foi no nosso coração e que teve que ficar em casa por questões de saúde. Por isso fomos 8+1+1. A maior parte de nós, vê-se de fugida nos restantes 365 dias do ano ou então nem se vê. Somos m-u-i-t-o diferentes, em idades, em formas de estar, nos trabalhos, em formas de viver e estar nos dias. Tão diferentes que nos fazemos bem. Temos em comum, esta coisa lamechas, do amor ao próximo, em não deixar ninguém para trás. Sem grandes pieguices mas na dose certa da loucura-saudável e respeito pela diversidade. Quem se junta pela primeira vez, arranja forma para estar nesta caminhada, uma vez por ano. Com mais ou menos crença, move-nos a fé, de uns pelos outros, num exercício que se depois estende, às outras pessoas com quem nos rodeamos o resto do ano. É o cuidar dos pés do outro, sem qualquer pudor. Ou abraçar e empurrar mais um pouco. O distrair quando o cansaço aperta, fazer rir, arrancar um sorriso. Emprestar a bengala, o chapéu, as meias. Partilhar as bolachas ou a água. Agradecer, uma e outra vez, quem vai conosco ali ao lado. Um pé, à frente do outro.

Não há O caminho. Nós somos caminho. 

O destino é aquele abraço emotivo em que agradecemos, agradecemos a cada um que está ali e repetimos uma e outra vez, em sussurro e ao ouvido: sem ti, não teria conseguido. Talvez sim, talvez cada um de nós, sozinho, também teria feito caminho, mas não Seria caminho. Foi uma chegada bonita, de partilha. Primeiro todos juntos, depois cada um com as suas crenças, a sua fé, a sua forma de sentir, para além do visível. 

A basílica, a igreja, o santuário são feitos de pedra e cimento. Nós todos somos feitos, (sim, ainda teimo em acreditar nisso...), por esperanças, pela amizade, pela entreajuda, pelo amor, pelo riso, pela superação da dor, pelo risco e aventura, pelo acreditar que sim, em nós e nos outros. E é nesse tipo de fé em que vou acreditando. 

Não há O caminho. Nós somos caminho. Até para o ano, de todos os dias. ♥️


























Há vozes

No outro dia, falava-se nas redes sociais, sobre gostar ou não das chamadas telefónicas e da preferência pelo envio de sms. Deste lado, a preferência recai em 98,9 % das vezes pelo registo escrito por ser menos invasivo, por deixar espaço, deste e do outro lado, por ser tão mais prático.

Depois há vozes.

Há vozes que nos transportam para um abraço grande, para saudades, para lugares onde já fomos e somos felizes, que acolhem e aconchegam e às quais sou grata pelas muitas partilhas que fazemos. Umas vezes em silêncio, outras assim, só para contar mais uma (des)aventura. Sabemos que estamos lá, quando tanto na partilha, como no silêncio, a intensidade  da emoção se faz valer, pela profundidade, verdade e pelo amor imenso. 

Às vezes, os meus meninos perguntam-me sobre a história, desta ou doutra pessoa, que notam que me faz brilhar e ser melhor ser humano. Essas pessoas-vozes digo-lhes que as conheço desde sempre, que há uma história física em que as nossas caras se cruzaram mas que o sentimento existe desde o infinito. E essas verdadeiras amizades de tal maneira já foram postas à prova, ao longo dos tempos, nas voltas e piruetas dos dias, que estas pessoas sempre por aqui moraram, numa relação tempo-espaço que não existe e que, por isso mesmo, nem Einstein saberia explicar.

Há vozes e há pessoas que nos transportam para esses lugares infinitos e isso é dar voz a quem e ao que importa cá dentro.

(P.S.:Tal como esta fotografia, tirada há semanas, no meio de uma cidade.)



Dos amigos do caraças

As amizades à séria fazem parte do movimento slow, em detrimento do fast-food, fast-relation. As amizades à séria precisam de tempo para apurar. Umas vezes esturricam e agarram-se ao fundo da panela, para logo a seguir se descobrir que importa muito o que fica à tona do tacho. São assim como alguns vinhos: quanto mais tempo passam, melhor ficam. Ou a fruta, para ser colhida madura. As amizades à séria não andam, por isso, por aí, aos tombos e caídos. Nem sempre são as que têm o ar mais fotogénico ou as que aparecem bonitas em todas as poses. São simplesmente o que são. Levam o seu tempo, tem os seus contratempos mas estão lá, porque são de verdade. Passe muito tempo ou não, mas aguentam a outra pessoa despida: sem sorrisos, sem finais felizes, sem dias cor-de-rosa. Aceitam a pessoa como inteira. 

A minha amiga D é assim. Temos, em conjunto uma montanha-russa de acontecimentos que se perderam ao longo do tempo. Ora ela, ora eu. E isto já vai para tantos anos que, cronologicamente sei identificar, mais ou menos o ano em que isto começou. Emocionalmente não existe ano, tal não é o emaranhado de emoções tão boas que temos uma pela outra. Ela é verdadeiramente do caraças. Por dois motivos tão simples e tão grandes. Acontece-lhe muita coisa, não necessariamente boa. Muitas das coisas que lhe acontecem são até más, feias, injustas, numa espécie de roleta russa que se lembra de parar, muitas vezes na casa dela. Há pessoas que se queixam muito de pequenos nadas, porque têm uma verruga no dedo mindinho do pé, porque a tonalidade da pele não ficou bem na fotografia. Quando ela se queixa, há mesmo coisas sérias a acontecer e há uns anos para cá, têm sido muitas coisas. Demasiadas até. 


O outro motivo do caraças tem a ver com o coração dela. Não sei se algum médico especializado na coisa já o mediu ou fez-lhe exames atentos mas o coração dela não é propriamente normal. Tem uma capacidade muito grande de dar e de amar. Digo isto sem qualquer tipo de lamechice. Ela ama verdadeiramente quem a rodeia. Ama tanto que se esquece dela muitas das vezes. E fá-lo com uma simplicidade tal, que lhe é natural. Ela é assim. Ponto. 


Por estes dois motivos ela é do caraças. A roleta-russa resolveu dar mais uma paragem no número dela e já chegava porque as pessoas também têm os seus limites, certo? A impotência de se ver um amigo assim dói muito. Faz-se o que se pode: dão-se ouvidos e abraços e procura-se pensar em conjunto. Foi aí que, falando com outras duas amigas do caraças, com quem nem sempre se está ou fala, mas que, a um pedido nosso, se chegam à frente. E não se chegam à frente por nós. Chegam-se à frente por uma pessoa que nem sequer conhecem mas apenas porque lhes estamos a pedir ajuda. "" isso. Fazem-no com uma entrega e um carinho tal como se fosse para mim, que sou a amiga directa. Fazem-no a uma pessoa anónima, desconhecida que nem sei se algum dia vão conhecer pessoalmente. Uma delas só dizia: "Mas não estamos cá uns para os outros?"


Estamos pois. Por isso, na mesma proporção em que se vê gentinha a passear por aí, vêm-se também amigos do caraças e por esses, vale a pena acreditar, que de uma forma ou outra, no fim isto vai bater tudo certo. 

D, isto vai bater tudo certo. ❤



Imagem daqui.

O que é importante

Ando com muitos textos cá dentro. Palavras soltas que se vão juntando em frases, para que lhes dê ordem e razão de existir. Só que o tempo não tem esticado para tudo e tem acontecido muito tudo por aqui.Por isso, quando se encontra um pouco de tempo para parar, tem-se parado. 

Se há coisa que o tempo vai ensinando é que o tempo não estica e não tem mal Que é tão importante ir definindo as prioridades, tratar das urgências e depois parar. Porque há dias de montanha-russa tão intensos, tão de dar, que depois é preciso mesmo tempo para respirar um fôlego de cada vez. Repor algumas energias, colocar a cabeça e o coração no lugar. Por estes lados não há a possibilidade boa de me meter em SPA´s ou simplesmente tirar o fim-de-semana e não fazer nada. Continua a por-se roupas para lavar, passar, comidas para fazer e adiantar, dar um jeito a casa (às vezes acho que tem vida própria...e até tem...a de nós os 4!) e no meio disso tudo ser-se um pouco de si, nos vários papéis que se assume e gosta de ter.

No meio destes atropelos dos dias, houve troca de mail´s com 3 amigas. Uma delas deu-nos a conhecer um texto tão bonito que, por ser tão sincero, o sentimos como verdade. Houve ali troca de impressões nossas, quase como se tivéssemos sentadas a beber um chá, num qualquer final de tarde, embora estejamos espalhadas por este país e até para lá fronteiras. Tão bonito. Sobre as imperfeições assumidas e sobre o ser-se feliz, só assim, como cada vez me faz mais sentido.

Para ler aqui. 



Uma pergunta.


O que te faz feliz? - perguntou à amiga. 
A amiga ficou para ali a olhar o horizonte, esboçando um sorriso.
Ficaram as duas em silêncio.
E a ti? - foi a vez dela perguntar.
Novamente um silêncio de olhar no infinito e sorriso no rosto. 
Por ali ficaram, a mergulhar, no que lhes traz essa coisa de Felicidade-para-todos-os-Dias.


E aí?





É gratuito, é gratuito!

Coisas que podemos dar aos outros gratuitamente:

Tempo
Abraços
Ouvidos
Mail 
Beijo (s)
Olhar
Uma piada

E dá uma por dia, para uma semana inteira. Boa? Boa. (Pronto, dá para descansar, no último dia e dar-se a si próprio uma folga.)








À dezena

As nossas conquistas são nossas. Implicam o nosso esforço e vontade. Uma boa dose de maluquice dentro do prazo, um pouco de sonho e pés bem assentes na realidade mas com o olhar lá no alto. 

Mesmo sendo essas conquistas só nossas, têm muitos formatos na forma como lá chegamos e são tanto ou mais cheias de prazer, consoante as boas (muito boas!) companhias que encontramos no caminho e que, por isso mesmo, nos acompanham na estrada.

Cada corrida feita é à conta de colocar o pé, um à frente do outro. É seguir em frente sem pensar nos Se´s ou Mas. É à conta das dores, primeiro foi nas canelas, depois no resto das pernas, nos joelhos, nos dedos dos pés. Infelizmente ainda não existem corridas que se fazem e em que alguém nos leve ao colo. Espera... os finlandeses já a criaram. Espertos, não é? Mas quer dizer... acho que prefiro a forma assim mais normalzinha de corrida. À primeira vista não sei se isto será muito agradável.





Por isso, as dores, as conquistas são de cada um. Mas são também das pessoas que nos acompanham, que acreditam. É do companheiro que fica em casa a cuidar dos piquenos e que envia mensagens a incentivar, da coache-mai-linda (alcunha que um belo dia saiu, nas trocas de sms e que ficou) que mesmo estando ela própria a recuperar, continua a incentivar cada km conquistado deste lado, da companheira-amiga desta corrida e que a muitos km, sei que vai treinar para acompanhar este desafio. Por isso, as conquistas, mesmo sendo individuais à sua maneira, à sua maneira, trazem gente lá dentro. Gente boa que acredita, com e por nós, que um dia vai ser o Sim, a um qualquer desafio que nos quisemos impor. 

Ontem, com a inspiração deste grande personagem da nossa história, tive uma das pessoas-sol como companhia e incentivo. A cunhada mais bonita que podia ter. Um desafio para uma e outra, num total de 10 km. Ontem, esta conquista foi minha, mas foi muito das duas também porque os caminhos fazem-se sozinhos e as vitórias e esforços que lhe estão associados são de cada um, mas são muito melhores se estiverem cheios daquelas pessoas-sol que nos fazem acreditar que há mais Sin´s do que Não´s.





Diálogos


"Luísa: - Vamos agarrar o dia de hoje como se não houvesse amanhã?
Olívia: - Tem mesmo de ser?
Luísa: - Sim.
Olivía: Porquê?
Luísa: - Porque o amanhã não existe. Só temos o hoje. 

Um longo silêncio. 
Olívia: Prometes que vais estar sempre ao pé de mim, mesmo longe?
Luísa: - Sempre. Ainda antes de te conhecer. As manas de coração são assim."


Os amigos imprevistos

Há fases de vida que de tão negras que são, nem cor têm. Tão raquiticas e maquiavélicas  que nem o arco-íris quer nada com elas! Ficam assim uma michelânia de tons cinza. Cinza claro, escuro, cinza assim-assim. E mesmo que se quisesse passar corrector ou uma borracha por cima, estão de tal maneira incrustadas que parece que nada as demove. Carracitas é o que são!

Parece... Mas depois entre um telefonema e outro, alguém inesperado e altamente imprevisto e improvável, respondendo aos agradecimentos feitos por nos tentar colorir o dia diz: "É para isso que a gente cá está." Fica-se a pensar que afinal há quem caminhe ao lado ou por nós. Os amigos, aqueles mesmo a sério e que se chegam à frente de peito cheio (sem implantes esquisitos) nestas fases cinzentonas, esses já naturalmente acompanham e são, sem dúvida fundamentais. Falo dos outros, os amigos imprevistos que nos surpreendem com uma tirada desta e que por nós caminham quando já não se aguenta avançar mais.

Tenho um exercício com a minha muito querida amiga T.T. (sim, Todo o Terreno, porque está lá nos altos e nos baixos!). Num espaço de um dia estarmos atentas a tudo o que possa ser um mimo ou uma pequena lufada de ar fresco, que leve a um sorriso ou bem-estar, e enviar uma à outra via sms. As variantes de partilha ficam ao critério de cada um mas faz olhar para os acontecimentos do dia com outros olhos. É experimentar que vale a pena.

Mesmo nos dias mais cinzentos e por mais turva que esteja a visão é possível ver as muitas cores que estão por baixo da tristeza e desilusão. É mesmo. Por isso mesmo é recorrer aos amigos à séria e aos imprevistos. E o resto...há-de correr bem.