As pessoas-tipo-sarna-peçonha-e-afins

A psicologia e psiquiatria têm uma série de tipologias e designações, classificando em função de sintomas e sinais, as pessoas em determinadas categorias facilitando assim terapias e intervenções. O mesmo sucede com a medicina, provavelmente com a homeopatia e por aí adiante.
Contudo há todo um novo universo a explorar: as pessoas-tipo-sarna-peçonha-e-afins. Não se vê retratado em nenhum manual enciclopédico da existência humana, nem em motores de busca tipo Google. Não se vê…até agora!!!
As pessoas-tipo-sarna-peçonha-e-afins, com o nome técnico de P.T.S.P.A., são pessoas que incomodam, só de se respirar o ar em comum. Um simples pestanejar é sinal de um tsunami a caminho. Há quem lhes chame cunhadas, sogras, vizinhos, colegas de trabalho ou emplastros. Claro, há exceções. Como sempre. Mas as regras são assim tipo, melga a pousar lentamente no braço…já se sabe como vai terminar! Alguém a esbracejar furiosamente até dar cabo do bicho que mais uma vez se escapa. E fica aquela sensação de não se ter feito nada para benefício próprio a não ser figurinha triste.
Ocorreu-me que é possível  viver num tempo e espaço que apenas a nós pertence. Não significa que tal indique isolamento numa ilha algures. Apenas o respeito próprio de permitir a entrada dos pensamentos e das pessoas que fazem sentido. Tudo o resto fica a porta. Pensando que cada 24 horas, se passa algum tempo a maldizer a vida das P.T.S.P.A. é tempo tão desperdiçado que até dói! É dar valor a alguém que em nada contribui para o bem-estar. Esquecer as prioridades do que realmente nos faz progredir como seres humanos.
Um tempo e um espaço em que o próprio decide quem incomoda ou não. Sempre que a tal irritação comece, compreender que a P.T.S.P.A fica à margem, na fronteira e não tem permissão de entrar na forma de estar e sentir do próprio. Controlar o pensamento, para controlar a forma de sentir.
Isto tudo até que não se invente um mata-moscas gigante… ;)


Ai que doi!

As Cirurgias e os Pensos
Ai que doi! Pronto já está. Um Penso Rápido e a ferida em pouco tempo deixou de o ser e fica uma fina cicatriz que o tempo fará desaparecer.
Mas o que fazer quando se põe um e outro penso? A ferida em vez de saturar continua a crescer, cada vez mais funda, cada vez mais feia e dorida. Há feridas grandes assim, que nem com todos os pensos coloridos e com bonecos do mundo fazem parar. E mesmo quando parecia que estava a começar a cicatrizar, vem mais um rasgão, sempre maior que o anterior até que muito sangue e dor escorra. Não se pretende dramatismos exagerados, nem dar voz aos falsos pessimismos sempre prontos a atacar feitos abutres.
A verdade é esta. Todos nós, numa ou noutra vez precisamos de uma cirurgia. De uma sutura a sério, de ficarmos esticados e “Por favor, anastesiem-me que já não aguento mais…”. Vive-se numa espécie de turpor, num estado semi-consciente e durante uns tempos deixamos que outros cuidem de nós: da roupa, da comida, dos filhos, do dia e da noite. Um espécie de internamento. A recuperação será tanto mais lenta consoante a invasão do bisturi. Mas enquanto houver células para voltarem a dividir-se haverá recuperação. Tem de haver. E depois, um dia, sem se aperceber, até já se consegue levantar da cama de “internamento” e retira-se o penso feito de compressas e está lá uma linha fina e delicada a sorrir e a dizer olá. “Vês, ficou a marca mas tu continuas e continuarás a levantares-te.”
É preciso tempo, para sarar, para esquecer algumas coisas, para se guardar e aprender outras. Tempo para que o corpo e o espírito se acalme e ganha forças de novo. Quando menos se der por isso já se está a pensar em coisas triviais. Dar tempo porque apressar nunca ajudou em nada. Dar tempo.

E o computador foi-se!

A forma como os Informáticos resolvem os problemas é deliciosa. “Oh António, sei lá o que se passou agora…simplesmente ficou assim, mudo e quieto. Não percebo!” “ Júlia…já DESLIGASTE  e VOLTASTE A LIGAR?”
E é assim, com um simples clicar de botão que se volta a respirar e o trabalho consegue-se finalmente gravar. E quantas vezes é que isto aconteceu? Muitas!!!
DESLIGAR e VOLTAR A LIGAR.  Às vezes a sobrecarga é demais, os circuitos sobreaquecem e outras vezes “olha…deu erro…não se percebe bem o que aconteceu”. E se os circuitos humanos não são tão simples quanto isso, por vezes é mesmo tudo demais: as relações, os desafios, o trabalho, o dinheiro, a falta dele. Deu erro. E não se percebe bem o que aconteceu até porque cada um lá anda a fazer a sua parte o melhor que consegue e mesmo assim dá erro muitas vezes.
DESLIGAR e VOLTAR A LIGAR. Se fosse possível fazê-lo… Mas a verdade é que dá. Cada um lá terá a sua forma de desligar e voltar a reprogramar-se:
·         Ficar no silêncio sem a-b-s-o-l-u-t-a-m-e-n-t-e nada: desligar o telemóvel, tv, tudo o que seja aparelho eletrónico e mexa. Quando as energias estiverem repostas, volta-se a ligar para o mundo. E às vezes são apenas 30 minutos a algumas horas.
·         Cometer a chamada maluquice saudável: dançar, cantar aos altos berros para os vizinhos do quarteirão da frente terem assunto de conversa “Ai aquela tresloucada, eu sempre te disse Marco António, ela tem ar de … olha, olha Marco António lá está ela a saltar em cima do sofá!!! Ai, valha-me Deus!”
·         Respeitar vontades: tão fácil de fazer aos outros. Tão difícil de fazer ao próprio. Se não apetece porque já não se aguenta nem mais um pouco, então não se faça. Proteção do próprio, proteção face aos outros.
·         Afastar das sanguessugas. Todos os que por bem ou por mal, retiram-nos energia onde já não há. Se não há, não se gastam das reservas nem se fica com saldo negativo. Não é isso que tanto economista fala em época de crise? A Economia surge para nos servir e não o contrário por isso é pô-la em prática.

Se tudo isto não funcionar é pedir ajuda à seria e a quem pode, durante uns tempos, para nos levar ao colo. E o botão cá dentro…esse, mais cedo ao mais tarde vai ter que sossegar e voltar a ligar. Se os senhores da Informática dizem que resulta temos que dar algum crédito J.


A Mudança


Caixas, caixotes. Muitos empilhados. Parece que roupa e objectos pessoais crescem na proporção inversa da vontade de os arrumar.
Ciclicamente acontecem mudanças maiores. Mudanças que implicam caixotes grandes que dizem por fora Mistura de Pão Centeio, mas que lá dentro escondem pedaços de vida. E no meio das mudanças perdem-se sempre coisas. Ficam perdidas nas viagens de um sítio para o outro, esquecidas entre carros e carrinhas de mudanças. Depois há também o que se parte e que provoca, em quem lhe pega, um sorriso amarelo (muito amarelo!) de paciência…o que fazer?! No meio disto tudo, e depois de se desempacotar e desencaixotar os tais pedaços de vida e história, há que colocar tudo no lugar. Desta feita um lugar novo, a respirar a tinta e a esperança de um novo recomeço. Ciclicamente é assim.
As mudanças de casas são assim como as tantas outras mudanças que acontecem a todos: empacota-se, perde-se, parte-se e depois, tenta-se reorganizar o que ficou. Mudanças. Mexem cá por dentro, por vezes bem fundo. Esgotam e cansam. Fica a doer o corpo e a alma porque obrigam a mexer quando não se queria mas a mudança existe para isso mesmo, mudar de sítio para um sítio desconhecido que não se sabe muito bem como vai terminar. Vale neste processo a constância das pessoas boas que nos acompanham e fundamentais para que se parta e perca o menos possível. O que lá ficou, ficou. De uma forma ou outra, o espaço será preenchido porque essa é a tendência do Universo: preencher os espaços vazios.
E depois deste longo silêncio aqui no blog porque a mudança era inevitável, fica a vontade dos textos que aí vêm! Dos pensos rápidos já pensados há muito entre uma caixa e outra e que só o tempo não deixou que passasse para o papel. E das trocas de opiniões. As vossas. Que bom! Até já.