Ai que doi!

As Cirurgias e os Pensos
Ai que doi! Pronto já está. Um Penso Rápido e a ferida em pouco tempo deixou de o ser e fica uma fina cicatriz que o tempo fará desaparecer.
Mas o que fazer quando se põe um e outro penso? A ferida em vez de saturar continua a crescer, cada vez mais funda, cada vez mais feia e dorida. Há feridas grandes assim, que nem com todos os pensos coloridos e com bonecos do mundo fazem parar. E mesmo quando parecia que estava a começar a cicatrizar, vem mais um rasgão, sempre maior que o anterior até que muito sangue e dor escorra. Não se pretende dramatismos exagerados, nem dar voz aos falsos pessimismos sempre prontos a atacar feitos abutres.
A verdade é esta. Todos nós, numa ou noutra vez precisamos de uma cirurgia. De uma sutura a sério, de ficarmos esticados e “Por favor, anastesiem-me que já não aguento mais…”. Vive-se numa espécie de turpor, num estado semi-consciente e durante uns tempos deixamos que outros cuidem de nós: da roupa, da comida, dos filhos, do dia e da noite. Um espécie de internamento. A recuperação será tanto mais lenta consoante a invasão do bisturi. Mas enquanto houver células para voltarem a dividir-se haverá recuperação. Tem de haver. E depois, um dia, sem se aperceber, até já se consegue levantar da cama de “internamento” e retira-se o penso feito de compressas e está lá uma linha fina e delicada a sorrir e a dizer olá. “Vês, ficou a marca mas tu continuas e continuarás a levantares-te.”
É preciso tempo, para sarar, para esquecer algumas coisas, para se guardar e aprender outras. Tempo para que o corpo e o espírito se acalme e ganha forças de novo. Quando menos se der por isso já se está a pensar em coisas triviais. Dar tempo porque apressar nunca ajudou em nada. Dar tempo.

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