Ficar estrábico-no-bom-sentido

Senhores Passageiros é favor apertarem os cintos. A viagem com destino ao Rio de Janeiro inicia-se dentro de momentos.”
Sem mais, os pés perdem o chão. Olha-se pela janela e lá fora as casas transformam-se em pontos minúsculos e os campos compõem uma manta de retalhos. Aquilo que parecia gigantesco há uns segundos atrás, passa a pertencer a um qualquer mapa de escala reduzida. Faz tudo parte de uma escala global em que se muda de perspetiva.
Às vezes de tão centrados nos problemas, esquece-se da mudança de perspetiva. O drama da perda de um grande amor aos 6 anos é tão grande como aos 25…a diferença, talvez esteja na memória dos acontecimentos! É que aos 6 há sempre o outro vizinho da frente que afinal é mais giro! Simplifica-se. O que não significa que não se tenha chorado, sofrido, entristecido até mais não… apenas aos 25 anos isso já parece tudo muito longe.
Aquilo que agora parece consumir as entranhas, daqui a uns tempos já não terá o mesmo peso. Quando se lá está centrado e consumido não se vê mais nada. Há assim uma espécie de cegueira momentânea. Por isso o “levantar voo” ajuda tanto…lá de cima o problema fica minúsculo e vê-se o quadro geral.
Seja lá de que forma for, ficar estrábico-no-bom-sentido, é uma vantagem. Mudar a perspetiva, perceber que há vida para além de Marte ou outro planeta qualquer. Por isso façam o favor de trocar os olhos, revirá-los, entortá-los.
Mudança de perspetiva. Ver as coisas sob um outro ângulo.