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Vamos Cuscar #31

Já perdi a conta, das vezes em que o sr. João me salvou:

“Ó senhor João… consegue salvar estas mochilas? Precisávamos para 2ª…” Foi assim, que numa sexta-feira à tarde, depois das mochilas dos dois terem avariado e eles me terem dito –Mãe, precisamos de mochilas novas! – que lhes respondi que não e fui ter com o sr. João, salvador em tempo record.

“Sábado de manhã passe cá, que estão prontas.” E assim foi.

Ou aquela minha mala preferida de tantos anos, ou sapatos de uma vida. O sr. João encontra uma forma, a partir do momento em que faz o diagnóstico rápido dos seus “pacientes”. É o único sapateiro em funções na vila da Sertã e proprietário da sapataria mais antiga de cá. Tem uma enorme paciência para quem por lá passa. Tem na história da família, isto de ser sapateiro, mesmo que os tempos tenham mudado e as exigências dos clientes também. De um lado da rua do Castelo a loja, do outro, a oficina de sapatos, numa das zonas mais históricas da Sertã. Pai de três filhas talentosas é agora avó de um rapaz.

Vamos cuscar o sr. João?

 





Idade: 61

Naturalidade: Sertã

Comidas preferidas: Gosto de comer de tudo

Um livro a não perder: A morte de Catarina Eufémia

 Um sítio de sonho visitado e outro de sonho a visitar: Açores e Brasil

 

1.       O que queria ser quando era pequeno?

Sempre quis ser comerciante, fazer atendimento ao público, estar atrás de um balcão. A arte de sapateiro surgiu por acaso. Não queria seguir a profissão do meu pai, ser sapateiro, mas o destino colocou-a no meu caminho.



2.       Uma parte da sua juventude passou por Lisboa mas acabou por regressar. O que tem esta região do interior, que o encanta?

O voltar à terra Natal. Comecei em Lisboa, mas fixei-me na Sertã.




3.       Como é que a música continua a ser importante no seu dia-a-dia?

A música descontrai. O facto de ter sido durante muitos anos vice-presidente da FUS, serviu para servir a coletividade e a nossa terra.


4.       Quem o conhece, vê-o sempre com muita energia e um bom dia no rosto. Onde vai buscar essa boa energia?

A força de vontade é muito importante. E o pensar positivo, também.










5.       É pai de três raparigas! E agora avô de um menino. Para si, como é que ser avô está a ser diferente, de quando foi pai?

Ser avô é ser pai duas vezes. É diferente! É muito diferente! É uma alegria inexplicável! Faltam-me as palavras… (emocionou-se)





6.       De onde vem esta paixão pelos sapatos?

Comecei em Lisboa, já lá vão 42 anos. Comecei com um tio meu que tinha três sapatarias em Lisboa, todas com oficinas de consertos. Foi lá que eu aprendi, apesar de o meu pai e o meu avô, pai do meu pai, já eram sapateiros. Só que era tudo manual com o meu pai e eu não quis aprender. Então, em Lisboa com o meu tio aprendi porque já tinha máquinas. Nunca fiz um par de sapatos à mão, à exceção de um chinelo artesanal que faço que vendo durante o Verão. Sempre trabalhei com máquinas. É mais fácil, facilita o trabalho e é mais rentável. Por ser mais rápido, ganhei a alcunha de ser o “sapateiro rápido”. Em Lisboa, estava encarregue de uma sapataria que o meu tio me entregou na Quinta das Mouras, no Lumiar. Fazia o atendimento ao público e nas horas vagas consertava sapatos. Na Sertã fui pioneiro no arranjo de sapatos à máquina, haviam sapateiros mas eram todos manuais. Tenho a máquina de coser, coser meias solas ou ténis, etc; a máquina giratória, máquina de pequenas costuras com várias cores conforme os sapatos; a máquina de acabamentos com a frese, a de engraxar, a de brunir; a máquina da prensa, para apertar as solas para colar; a forma de sapateiro; a máquina de cortar sola ou borracha; broca para furar os saltos das senhoras; etc.


7.       Qual foi o par de sapatos mais especial que já vendeu?

Todos eles são especiais! Todos eles são importante!





8.       Para si, o que é importante, quando compra um par de sapatos?

Importa acima de tudo a qualidade, o design e o preço.


9.       O que mudou, na arte de vender sapatos?

A diversidade de sapatos. Cada vez há mais modelos, mais diversidade, mais oferta.


10.   Que histórias contam os sapatos que tem para arranjar?

Os sapatos têm histórias para os donos dos sapatos, para mim não. Certamente que cada um terá a sua história. Posso imaginar por onde já passaram, como foram tratados, mas os donos são outros. As pessoas já não arranjam o calçado como antigamente. Um sapato ou uma bota era todo reconstruído, agora não passa por pôr umas capas ou umas solas e solas já nem toda a gente põe porque o calçado atual é todo à base de borracha. As pessoas preferem comprar novo a arranjar. Não arranjo só sapatos, arranjo malas, fechos, etc.




11.   Porque é tão importante, que as pessoas continuem a comprar no comércio tradicional?

Pelo apoio que dão às pessoas locais. Creio que o atendimento seja muito mais individualizado e qualquer problema que tenham, sabem sempre que podem contar connosco. Localmente, ajudamo-nos mutuamente a todos. E isso é muito importante!


12.   Este blog chama-se Penso Rápido – pequenos remédios para as comichões do dia-a-dia. Que Penso Rápido usa no seu dia-a-dia?

Viver o momento. O importante é começar para poder terminar.



 

 Para mais informações, fica a página do facebook aqui e os contactos: 274 602 476, 964 522 032 ou 967 348 299. 

Seja esta ou outra loja, vamos apoiar o nosso comércio local? :)

Vamos cuscar #30

Parece coincidência mas não deve ser. Mesmo não me tendo apercebido que já chegámos ao número trinta (tantas pessoas com histórias bonitas...), não será por acaso que comemoro as trinta entrevistas aqui no Blogue, com esta pessoa. 

Os entrevistados do Vamos Cuscar são pessoas que, de alguma forma, se cruzaram no meu caminho, que deixaram algo transformador, que têm um lugar nesta Vida de entregar e de deixar o Mundo, um pouco melhor. 

A Rafaela encarne todo esses condimentos. Aos 30 anos é proprietária de uma loja. Engane-se quem pensa que ali se vende roupa. Ali a roupa é um pretexto para fazer as pessoas felizes e sentirem-se bem com elas próprias. Seja que tamanho, cor, riscas, altura e beixura tenham. A Rafaela vê pessoas, não olha a tamanhos. Tem uma alegria contagiante mesmo que à volta esteja tudo cinzento. Há quem veja o copo meio cheio. A Rafaela vê barragens de água cheias, quando ninguém consegue ver, sequer uma gota. 

Não é um exagero o que aqui digo. Para confirmar o coração grande que tem, só mesmo passando por lá ou pelas páginas oficiais e ter aconselhamento individualizado sobre o que mais favorece a cada um. 

Vamos cuscar a Rafaela Lopes?







Idade: 30

Naturalidade: Sertã

Comidas preferidas: Arroz de tamboril (picante)

Um livro a não perder:  Dentro da loja mágica

Um sítio de sonho visitado e outro de sonho a visitar: um sitio de sonho visitado- qualquer lugar escondido, no meio da natureza, com cantar de pássaros, água a correr e brisa a trazer-me o perfume do campo. (sou muito fácil de agradar)

Um sitio de sonho a visitar- Egipto e toda a sua magia. India, e os encantadores contrastes culturais. 


1. Quais as recordações mais doces que tens, quando pensas em ti, como menina pequena?
Podia ficar aqui, uma eternidade a relembrar momentos lindos da minha infância. Sou uma afortunada por todo o amor que recebi. Lembro-me do meu pai me aquecer a cama com o secador de cabelo, no inverno, antes de me deitar. Atualmente,  com 30 anos, continuo a fazê-lo. Embora num período mais curto, 10 segundos depois vem-me à mente a conta da luz!
Outro episódio que tenho de referir: as brincadeiras com a minha irmã Joana. Com a nossa criatividade, as caixas de papelão dos frigoríficos que o meu pai vendia, transformavam-se em naves espaciais. E percorríamos o universo inteiro, com a nossa imaginação. E víamos planetas, extraterrestres, saltávamos nas nuvens. Eramos miúdas destemidas !!!! Eram tempos tão incríveis. 

2. Até que ponto, a tua experiência nas relações com os outros, teve influência, da tua vasta experiência na loja do teu pai?
Adoro esta pergunta!!!!
O meu pai é o mestre da sensibilidade, comunicação e vendas. Ele tem uma capacidade gigante de fazer a leitura da pessoa, antes de se dirigir a ela. Ele sabe brincar, com elegância, ser divertido mas nunca perder a credibilidade. Aliás, ele, através dessa forma de ser, cria uma aproximação dele com o cliente. E eu fui uma abençoada por ter crescido neste meio. Por ter um mestre como o Filipe.
Ouço regularmente o piropo “ Não fosses tu filha do Filipe”, e eu até cresço um palmo!

3. Quais as Mulheres que te inspiram?
A minha avó Céu é a minha inspiração. Com uma vida tão dura e cheia de dissabores, mas com um coração tão cheio de amor e ternura. Ela tem 93 anos e é mais jovem do que a maioria das minhas amigas.




4. E depois foste Mãe e tudo mudou. Ou será que não?
Uiiiii. E de que maneira. Antes do Guilherme eu vivia num planeta à parte. Num mundo cor de rosa, cheio de algodão doce e unicórnios. Com o Guilherme eu descobri a verdade das coisas. Ter sido mãe tão nova, trouxe-me muitas aprendizagens e muitas ferramentas.

5. O que mais te surpreende no teu filho?
Não é para me gabar, mas eu acho que ele tem uma inteligência emocional acima da média. 




6. Como é ser irmã mais nova  mas também irmã mais velha?
É o melhor posto!!!! É chorar num colo com mais bagagem, e dar colo a quem tem menos bagagem. Acho que as irmãs do meio são as que mais privilégios têm. Adoro ser a dois de quatro <3 




7. A tua paixão por roupa vai muito para lá da atenção que dás aos tecidos e cores. Afinal, o que é para ti, encontrar a peça certa para alguém?
Amo esta pergunta também!!!!
Eu não nasci para fazer dinheiro. O meu vício é alimentar a minha alma. E ela é alimentada de cada vez que uma mulher sai do provador e se sente linda. E eu VIBROOOO quando uma mulher está linda e luminosa. Eu SEI que uma mulher que acredita em si conquista o que ela quer, e ser parte dessa acreditação é uma bênção.
Ninguém imagina como as mulheres se Vêem. Nós somos cruéis connosco! Falamos mal do nosso corpo, não vestimos certas coisas porque achamos que vamos dar nas vistas e não merecemos.
O que me faz sentir especial é quando eu provo a um corpo acima de 38, que um vestido fica incrível e o enaltece. Ou a uma mulher com umas curvas salientes, a confiar numas calças justas. 
Eu só quero que as pessoas vejam a sua beleza muito além dos padrões!!!


8. Na tua opinião, qual a relação que muitas Mulheres têm na aceitação do seu corpo?
Francamente??? 99% das mulheres não se amam. Querem corresponder a um padrão de perfeição imposto pelos media. Nós fomos formatadas a procurar incansavelmente os nossos defeitos, e a martirizar-nos por possui-los.   
Na verdade, são os nossos defeitos que nos tornam únicas. São as nossas estrias, a nossa celulite, o nosso músculo do adeus, as nossas rugas que têm tatuado cada pormenorzinho da nossa história. Nós devíamos aceitar quem somos, e ter orgulho de como somos. O nosso corpo é um veículo que nos permite desfrutar de sensações incríveis. Devíamos olhar mais para dentro e menos para fora. 
Mas o mundo vai ao contrário.
A minha missão é valorizar cada mulher que se cruza no meu caminho. E eu sou tão grata, porque já fiz a diferença na vida de algumas. Já impulsionei lindas mulheres, a usarem vestidos e confiarem em si. Já meti mamãs a usarem crop tops e mostrarem a sua linda barriga, já consegui PROVAR que mulheres com mais de 70kg podem e devem usar vestidos justos e ficam INCRÍVEIS <3.




9. Como surgiu a vontade de ter uma loja própria?
Essa vontade mora dentro de mim, desde que me lembro de existir. 

10. O que podem as pessoas esperar, quando entram na loja-  As Marias?
Toda e qualquer pessoa que entre n`As Marias, é sempre bem-vinda, seja para comprar, para ver, para dar dois dedos de conversa, para tirar fotos e passar um momento divertido e único.
As Marias, é um espaço onde cada pessoa pode ser ela própria, inclusive quem aqui trabalha. Nas Marias tudo pode acontecer. 
Podemos estar a trabalhar descalças, podemos ter trazido biscoitos numa marmita e distribuir a quem por aqui passa. Pode alguém entrar, e partilhar connosco lindas historias de vida, sentadinhos nos nossos carismáticos sofás cor-de-rosa. Podem as pessoas ser desafiadas a entrar num provador e experimentarem artigos fora da sua zona de conforto, só para se sentirem noutra perspectiva. E é assim que conquistamos de uma forma muito natural, uma família. A nossa família Marias!!!
Nas Marias, não há espaço para se ser uma personagem perfeita para a sociedade aplaudir. Nós somos apenas pessoas, e aqui, todo o individuo pode desfrutar do seu verdadeiro eu. Sem julgamentos, só com amor. 




11. Estamos a viver tempos muito desafiantes. O comércio local é muito importante para a continuação do crescimento de uma comunidade como é o caso desta vila. Para quem ainda tenha dúvidas sobre comprar localmente, o que tens a dizer?
Comprar localmente é investires em ti.
Comprar localmente hoje, é pensares que amanhã os teus filhos poderão continuar na Sertã a trabalhar e a viver.
Comprares no comércio local, é valorizares o sonho de uma pessoa que conheces, é acompanhares na primeira fila a sua história, a sua luta .
Comprares no comércio local, é levares com uma energia sagrada, a energia da gratidão se apoiares.
Comprares no comércio local é uma experiência humanística. Nada paga a interligação que se cria, os laços, as amizades que ficam para a vida.
Comprares no comercio local é muito mais do que adquirires um produto. É toda uma experiência mágica que tens. 
Eu valorizo muito a Sertã, por isso sempre fiz questão de comprar quase tudo aqui. Temos lojas maravilhosas a todos os níveis. 
Por vezes as pessoas justificam-se nos preços. Nos centros comerciais as coisas são mais baratas.
Embora eu não concorde, há uma coisa linda que eu tenho a certeza. Quando se tem uma porta aberta, há uma necessidade de ajudar quem nos ajuda. Eu, enquanto Maria, vou ao supermercado, à cabeleireira, à sapataria, etc. de todas as pessoas que são minhas clientes também. Eu invisto em quem investe em mim. <3 
Se eu for ao Fórum hoje, e amanhã estiver na rua a pedir esmola, a pessoa a quem ajudei nem sabe da minha existência. Lá está … É uma realidade fria e sem alma. Eu não me identifico.
Eu acho que as pessoas vão despertar para as maravilhas que têm à sua porta.



11. De onde vem a força desse sorriso?
Eu sei que morrer é certo. A maioria das pessoas acha que se é para sempre. E não. Quando sabes mesmo que vais morrer, és livre. Tens consciência que não és assim tão importante, que não tens assim tanto a perder. E isso dá-te coragem de seres quem tu és. 
O mais importante da vida, é sermos livres para trazer à flor da pele quem nós somos.
Essa liberdade faz-me sorrir. (E chorar também, por ver que ainda há tanta gente cheia de etiquetas tão sem sentido.)




12. Este blog chama-se Penso Rápido – pequenos remédios para as comichões do dia-a-dia. Que Penso Rápido usas no teu dia-a-dia?

Coisas básicas são a minha cura diária:
Respirar com sentido. Respirar é tão bom. Dá calma.
Fundir-me com a natureza: observar as estrelas, ouvir o som da chuva, ou até apanhar um banho de chuva. Sentir o sol na minha pele.
Mas sobretudo, ser e permitir ser.
Quando ouves a voz do teu Coração e a segues, a vida fica mais suave. 

Para saberem mais basta ir a esta página ou a aqui.





Nota: A meia hora em que estive na loja, com a Rafaela e a Joana, é tal como é defendido nos princípios e valores deste espaço: um SPA de bem estar. Sem nos darmos conta, acertam na nossa medida, melhor do que nós próprios e vêm para lá do que achamos que íamos à procura. Vêm em nós, o nosso melhor. A minha meta era encontrar um vestido versátil e a dificuldade foi escolher só um, pela qualidade dos tecidos e a relação muito boa com o que se paga. Para quem for de cá ou vier de passagem, vale a pena passar por aqui. Não é um ponto turístico mas é, tal como a Rafaela diz, uma experiência humana que vale a pena viver e apoiar.

Vamos Cuscar #29

É uma Mulher imponente, grande, que dificilmente passa despercebida no meio da multidão. Sim, tem muitos mais centímetros que a maioria, uns olhos onde cabe o mundo e um sorriso rasgado que se torna tão quente e afetuoso, pelo grande coração que tem. Nele cabe uma forma de olhar os dias e sobretudo os outros, que vai para lá do óbvio. Mas não é só daí que vem a sua grandeza.

A Elisabete vê para lá do que é visível. Parece-me até, que faz questão disso. Tirar a camada do que lhe aparece à frente para ir ao que importa no que a rodeia e nos outros. Não fosse o seu olhar treinado pelo microscópio onde sabe o poder que pequenos fragmentos de tecidos e células fazem na vida de quem está a ser analisado. 

Vemo-nos pouco ao vivo mas é como se estivéssemos lá na mesma. Podem passar meses sem trocarmos uma única frase e depois, está tudo lá para retomar onde ficámos. E vamos ao que interessa naquele momento. Apenas Ser e Estar. Já não nos víamos há, talvez mais de dois anos. Calhou, por obra do destino, darmos um longo abraço, mesmo antes deste confinamento e partilharmos umas papas de aveia e maçã, às 5h da manhã que souberam a amor. Sou-lhe muito grata por este e outros momentos em que esteve lá. Esteve lá. De alma e coração.

Vamos Cuscar... a Elisabete Balau?








Idade: 51

Naturalidade: Castelo Branco

Comidas preferidas: Caril de gambas/cozido à portuguesa

Um livro a não perder: "O anjo Branco"/" Filhos de um Deus menor"/"Por quem os sinos dobram"/"Triologia Langani "...desculpa, é muito difícil escolher um

Um sítio de sonho visitado e outro de sonho a visitar:
Polinésia Francesa/Namíbia



1.       Tendo origens africanas e muitas vivências do interior do país, de que forma, ainda hoje, essas influências convivem no teu dia-a-dia? 
A influência africana traduz-se na necessidade de socializar, na maneira descomplicada de viver, no rir sem motivo aparente, na presença da música e da dança em mim, na adaptabilidade que procuro sempre, no espírito levemente inquieto e insatisfeito (como se estivesse grata por ser e ter, mas sentisse poder procurar mais, conhecer mais, intervir mais, agir mais, ir...); na importância do toque e da proximidade afetiva, na relação com a natureza sublime (a paixão pela vida selvagem, pelas planícies sem fim, pelos relevos geográficos, pelo vento que sopra no cabelo, pelo cheiro a terra molhada, pelo som longínquo dos animais, pelo grito das aves, pelo sol abrasador que se verga à lua gloriosa do fim de tarde, pelo amanhecer que se espreguiça devagarinho...), na presença das especiarias na minha história gastronómica. 

A influência beirã relaciona-se com o sentimento de pertença, com o valor que tem para mim olhar nos olhos do outro, com o conceito de família alargada ao pequeno núcleo social em que cresci e que tenho como meu , que procuro amiúde e presentei sempre como sendo "a nossa terra" aos meus filhos. Passa pelo respeito pelos nossos antepassados, pelas suas histórias, pelo nosso passado, e pelas relações que estabeleci ao longo do meu crescimento e que tive o orgulho de manter. Ter raízes numa terra é mostrar aos nossos filhos que existimos em diferentes mundos, que somos uma continuidade, várias portas abertas que permitem que circulemos livremente, quando o fazemos com respeito por nós e pelos outros.




2.       Sendo mãe de 2 jovens, rapazes, gémeos, quais foram os maiores desafios que enfrentaste quando eram mais pequenos? 
O tempo... a falta dele! Cronometrar ações. Mas uma das fases mais mágicas da minha existência. Vontade de dar amor a todos, como se fosse a minha forma de agradecer a enorme bênção que é ser mãe.

3.       A mudança do mundo é inevitável à medida que as gerações se sucedem. Por isso, a forma como viveste a tua adolescência e a deles é diferente. Em que aspetos, ainda bem que assim é, e em que aspetos lhes vai trazer, a eles, mais desafios à medida que crescerem? 
Nascerem num mundo de tecnologias deu-lhes estratégias nessa área, como se lhes  fosse intuitivo e inato. Mas tenho que estar sempre a trabalhar com eles as competências sociais e emocionais. Parecem ter nos genes a vontade de viver à distância. Como se vivendo assim não fossem sofrer, não tivessem que lidar com as vitórias mas também com frustrações, ou não precisassem gerir aceitação mas também incompreensão e rejeição...


4.       Só para dizer o nome da tua área profissional, quase que é preciso tirar uma formação! Como é que surgiu a ideia de ir para este curso? Desde cedo senti "ligação" à área da saúde. Ao "investigar", deparei-me com a Anatomia Patológica e senti curiosidade...



5.       Explicando a leigos, o que fazes mesmo? 
Área que procede à análise morfológica de órgãos, tecidos e células, tendo como objectivo o diagnóstico de lesões, com implicações no tratamento e prognóstico de doenças e sua prevenção. Ou seja, examina, processa e diagnostica biópsias, peças operatório complexas, rastreio citológico, assim como exames genéticos. Também temos uma vertente mais voltada para a veterinária... e para a área alimentar. Mas sempre numa perspectiva de diagnóstico.






6.       Como se mantém o fascínio por esta área profissional ao longo da tua já tão vasta experiência? 
O que mais motiva é a variável investigação e avaliação. É a mutabilidade do corpo humano, e a certeza de que nenhum caso é igual a outro. Tem que se ter uma atitude constante de leitura do "panorama macroscópico" e de alerta para o" pormenor microscópico ". É a ponte entre o quadro clínico e o exame do fragmento representativo da causa de doença.


7.       Os resultados, das análises que passam pelas tuas mãos, nem sempre são os melhores. Serás, por ventura, a primeira pessoa a saber, que a vida de alguém vai mudar. Como aprendeste a gerir isso, ao longo dos anos? 
Na verdade, o distanciamento que existe entre mim e o doente é preponderante nesta questão! Não cabe à Anatomia Patológica informar o resultado das análises efetuadas. Isso cabe aos médicos dos serviços requisitantes. Acabamos por ver uma análise sem rosto... um diagnóstico sem correspondência com uma pessoa e as suas singularidades e  fragilidades.

8.       Quem te conhece, sabe que, mesmo quando a vida te diz que Não, lhe respondes com um sorriso, um olhar de frente e um sentido de humor de quem levanta os braços e que vai lá perguntar: Como é que é? Onde vais buscar essa força e resiliência? 
Sou assim? Na verdade, tento ser... Uns dias resulta, noutros não. Mas sigo muito a máxima "se a vida te trouxe aqui, é porque terás força para viveres isto... e saíres desta situação mais forte". Quero acreditar que o que nos acontece de menos bom, terá um motivo, levar-nos-á eventualmente para um caminho melhor. Ou far-nos-à melhores pessoas, talvez. Pode até ser uma forma retorcida de encarar o que de pior me acontece, mas é a minha estratégia de gerir a questão. E tento nunca guardar rancor e estar infeliz por muito tempo. A tristeza não é um estado de espírito meu, é apenas um momento para respirar fundo, chorar um pouco e depois é levantar a cabeça e seguir caminho. Porque o que não tem solução, solucionado está. O meu pai ensinou-me a rir de mim própria, das minhas fragilidades, incapacidades e imperfeições, desde muito cedo e de forma por vezes um pouco" "Incompreendida e dolorosa"...mas hoje sinto que o que os outros pensam já não me magoa tanto... É a nossa evolução em sociedade... Gosto de me ver como uma pessoa viva e alegre. Posso até nem ser para os outros, mas dentro de mim, gosto de sentir esta sensação que preenche...de paz. 



9.       Como profissional na área da saúde, que está na linha da frente deste momento tão desafiante para todos, que mensagem nos queres deixar? Na verdade tudo foi dito já! Ficarem em casa, para evitar o contágio... para reduzir o número de infetados e permitir acesso de cuidados mais diferenciados a quem precise. Evitar que fiquemos muitos doentes ao mesmo tempo, porque reduz os recursos disponíveis e diminui a capacidade de resposta de apoio. Cuidar das pessoas mais vulneráveis, os mais idosos, com doenças crónicas, com debilidade imunitária... Cuidarmos uns dos outros, sejamos ou não família. Ajudar dentro do que nos é possível. Manter o sorriso, pensar em tudo de bom que temos. Esta situação em que nos encontramos relativiza muito a nossa vida como existia... O que interessa de facto? A saúde! A família! As necessidades básicas acauteladas! Saber que temos pessoas que se lembram de nós! Perceber que o que fazemos com a natureza tem mesmo consequências... e que não são só a longo prazo, quem sabe só sofrerem os nossos netos... NÃO! O que fazemos hoje pode ser "pago" hoje! E aqui está! Invadir os habitats equilibrados e destruir tudo à volta, tem resultados, e devastadores. Habituámo-nos a ver essas consequências longe, mas agora percebemos que tudo está ligado... é a globalização! Terá que ser a responsabilização mundial...e individual também! O que o outro faz tem reflexo em mim!

10.   Este blog chama-se Penso Rápido – pequenos remédios para as comichões do dia-a-dia. Que Penso Rápido usas no teu dia-a-dia? 
Na verdade são três encadeados "respirar/sorrir/abraçar". O que também me ajuda muito, nos momentos mais difíceis é relativizar e fazer a aceitação. Relativizar o que me sucedeu é ver dentro de mim o que sou e o quero melhorar, ver o que consegui alcançar e o que estou ainda capaz de fazer. É olhar para fora de mim e ver que há situações mais limites e difíceis que a minha e há pessoa que ainda assim vão à luta! Relativizar ajuda... faz-nos sair de nós e desvalorizar um pouco o que nos dói... faz-nos perceber o que ainda temos conosco! 
A aceitação passa por isso mesmo, aceitar que acontece, também acontece conosco e que teremos o amanhã e o depois, e que temos que estar capazes! 

Também faço um exercício quando estou numa situação mais difícil. Olho para o cenário e tento "ver" o que é expectável fazer em situações iguais, o que se espera. E tento ver se posso fazer o que não se espera. Tento superar a vontade de fazer a primeira coisa e superar-me. Ver que também tenho a minha quota parte de responsabilidade... Às vezes surgem opções e alternativas tão mais evoluídas e humanas que nos trarão mais paz interior. 

Mas o que mais me ajuda a seguir, é ver-me acompanhada... é ter amigos, mais que isso, irmãs e irmãos, que estão lá... mesmo sem que eu precise de falar, que estão lá! E que estão aqui, sempre no meu coração!






Vamos Cuscar #28

Não sei se é dos ares daquela zona, ou do que por lá comem ou respiram mas de onde a Cristina vem, há um conjunto de pessoas que são feitos de uma massa especial de Ser-se Humano. A Cristina não é exceção. Fomo-nos encontrando e desencontrando ao longo dos tempos. No último ano, por uma série de circunstâncias, os nossos caminhos cruzaram-se um pouco mais. Muitas vezes no silêncio. Às vezes estar presente é encontrar forma de se dizer que se está lá, mesmo que não haja resposta porque as forças ou a tristeza simplesmente não permitem mais. 

É uma Mulher com um M muito grande. Uma mulher onde cabe ser-se irmã, filha, mãe, prima (sorte a minha...), amiga e profissional de enfermagem. Com amor. Com entrega. Com uma sensibilidade e disponibilidade inspiradora. Novamente com Amor, muito. Nota-se na forma como fala com meiguice, com um humanismo, com um sentido prático e com os pés na terra de quem fez um longo caminho com pulso próprio. 
Vamos Cuscar...a Cristina?






Idade: 47
Naturalidade: Strasbourg, em França
Comidas preferidas: Um cozido à portuguesa, com um bom vinho tinto e companhia de gente BOA, com certeza
Um livro a não perder:  “O Santo, o Surfista e a executiva” de Robin  Sharma
Um sítio de sonho visitado e outro de sonho a visitar: o sítio de sonho visitado foi Strasbourg, a minha Terra Natal. Gostaria de visitar a Noruega.

1. O que é para ti família?
Família é o Pilar da vida, é a verdadeira fonte de água pura, onde se busca toda a energia, todo o amor e sucesso.




2. Sendo a mais velha de seis irmãos, quando te inscreveste em enfermagem, metade do curso já estava feito com muita prática em casa?
Não, Não… Todos os dias há uma nova aprendizagem, mas a verdade é que o facto de cuidar dos irmãos mais novos, fortalece-nos. Ficamos mais destemidos, amadurecemos muito mais rápido, sentimos a responsabilidade de os proteger, de que nunca se pode dar parte de fraca. Porque eles encontram ali qualquer coisa que os alimenta. 
E ainda nos dias de hoje, estou sempre disponível a dar-lhes uma resposta positiva, nem que fique por instantes apreensiva.
Além disso também sou a prima mais velha de 17 primos (da família paterna). É bastante gratificante e colocando numa balança todos os pontos fortes e fracos, sem dúvida que 99% são resultados positivos. 
Um desabafo: Há momentos que me apetece ir para o deserto, ficar ali sem ouvir ninguém … e que se lixem todos… 




3. Quando tiveste a certeza que era mesmo isto que querias fazer na tua vida?
Desde que me conheço, nunca outra profissão me passou pela mente.





4. Ao longo de mais de duas décadas de experiência em Hospitais e Centros de Saúde, o que é que ainda te custa fazer?
A transmissão de más noticias, a morte traumática (seja ela de que faixa etária for), mas em especial, custa-me pais que deixam filhos pequenos e a morte de jovens e crianças.
O velho ditado diz (ou pelo menos é nisso que acredito), que ninguém veio até mim por acaso. Todos temos uma missão! E, por mais estúpido que pareça, várias vezes tentei fugir e questionar-me do porquê dessas pessoas partirem na minha presença. Agora entendo: é essa a  minha missão! Ajudar alguém em fim de vida a partir em paz, com dignidade, amor… proporcionando um ambiente de tranquilidade e leveza. Sem gritos. E transmitir tudo isso aos familiares, porque na verdade quem vai morrer nem sempre tem medo do acontecimento, mas sim da falta dessa serenidade, do amor familiar, do desconforto, da dor de estar sozinho.
Normalmente, até colocava música relaxante, e lembro-me que um certo dia um Médico brincou comigo: “Com uma música assim, quem não quer morrer consigo?”.
Acredito que “fim de vida” pode ser algo grandioso, se estiverem presentes todos esses valores.


5. Nos momentos mais desafiantes do teu trabalho, onde vais buscar a lucidez para agir?
Na fé, no amor, no otimismo e força no ser humano que tenho à minha frente. Não desisto! Há sempre uma solução! Talvez sinta que exista em mim uma capacidade de concentração apenas no agora e atuar consoante o que vejo naquele momento.


6. Quem continuam a ser as tuas grandes referências na área da enfermagem e na Vida? Porquê?
A Enfermeira Laura, a minha orientadora de curso, num estágio de psiquiatria. Pela sua voz e riso, que contagia o mundo. A Enfermeira Olga Pereira, a minha orientadora no meu primeiro emprego no serviço de cirurgia do Hospital São Francisco Xavier. Pelo seu amor, tranquilidade e perfeição em tudo o que faz. O enfermeiro Paulo Correia, o meu orientador no estágio de cuidados intensivos durante a especialidade de enfermagem médico-cirúrgico. Por toda a força interior, sabedoria, postura e carinho com que comunicava e cuidava de pessoas ventiladas.
Os meus Professores, Mestres, Superiores Hierárquicos. Cada um deles com uma personalidade própria, mas que muito aprendi e aprendo diariamente. Toda uma equipe interdisciplinar que cuida com o coração.
Os utentes, como foco principal, pelo seu olhar de gratidão, as suas palavras de carinho e compreensão que renova toda a energia.
Na vida sem dúvida, a minha Mãe. Pela sua poderosa fé e amor. Foi e será sempre a maior Mestra do universo. Há, simplesmente, princípios e valores que são de berço, nenhuma universidade estará capacitada para tal. Os meus filhos são verdadeiramente o sonho de qualquer pai e mãe, são a força da nossa luta diária, da nossa alegria e felicidade, sem nunca existir exaustão ao fim de 24h/32h seguidas de trabalho. E claro, a minha cara metade, os meus irmãos, sobrinhos e restante família e amigos.
Para mim, este calor humano é a pedra mais preciosa da vida.


7. No final de um turno de muitas horas, o que te sabe bem?
Entrar no carro, fazer aquela curta viagem onde vem ao de cima algumas emoções. Refletir, chorar e pensar em algo cómico que me faça rir quando estou prestes a chegar ao meu destino… Chegar a casa, fechar portas e janelas, desligar o telemóvel e desligar a campainha. Finalmente, sentarmo-nos os quatro naquele sofá milagroso e terapêutico, às vezes a conversarmos ou em silêncio ou a discutir… pois tanto os dias de chuva como os de sol têm a sua beleza. 




8. Na tua opinião, para além da medicina e da ciência, o que é importante para manter a nossa saúde?
O stress e os pessimismos fazem muito mal à nossa saúde. Contribuem para um envelhecimento precoce, para futuros problemas de saúde e vidas infelizes, contagiando também os que nos rodeiam. A sensação de que parece que tudo corre sempre mal, de que nada as satisfaz.
Por isso, na minha opinião, para mantermos uma vida saudável, precisamos de serenidade, equilíbrio interior e amor por nós próprios acima de tudo. Podemos ser tão felizes com tão pouco! Precisamos de alegria, felicidade e de boa disposição. Não desperdiçar nem um segundo com pensamentos fúteis, até porque só temos uma vida e há que desfrutar dela ao máximo. O tempo não volta atrás. Precisamos de acordar e agradecer todas as dádivas. Tudo tem um propósito de ser… o ser humano não consegue controlar nada então há que retirar em todos os momentos o lado positivo das coisas. E precisamos de uma alimentação saudável (“Nós somos o que comemos”) e praticar exercício físico. São de facto dos grandes contributos para manter uma ótima saúde!
E, por último, na minha opinião viajar, conhecer o mundo, várias culturas, o comportamento das pessoas e suas diferenças, é realmente das experiências mais fascinantes da vida. Repõe todo o combustível necessário para continuar em frente… e, faz muito bem à mente.




9. Ter uma profissão em que tanto se dá e cuida dos outros, como ainda foi possível, criar e educar dois filhos, agora já maiores de idade, que mostram tanto bom senso, sentido prático e sucesso nas suas vidas?

Nunca fui uma pessoa de pensamentos negativos e de desistir, mas confesso que educar um filho é sem dúvida das profissões mais exigentes, e também dos melhores investimentos da vida.
Houve momentos bem complicados. Enquanto vivia em Lisboa, encontrava-me realizada profissionalmente, mas sentia que não conseguia educar e acompanhar os meus filhos como eles mereciam. Então tive que tomar uma decisão bastante difícil na altura, e que durante muito tempo, me atormentou: sair de Lisboa e ir morar para uma aldeia pacata da Guarda. Pensava eu “aqui não tenho nada… perdi todos os meus sonhos… nunca mais me vou realizar profissionalmente”. Pura mentira! Pois todos os sucessos começaram aqui.
Enquanto eles eram pequenos, até aos 10 anos, dediquei grande parte do meu tempo à sua educação. Com muita presença física, sempre preocupada com as sopas, comidinha caseira, conhecer os professores, a escolinha, as atividades extracurriculares, enfim… com muito atenção e sem grandes bens materiais (nunca valorizei muito esse aspeto). Tentei sempre que crescessem como boas pessoas, trabalhadores e que fossem adultos preparados para o mundo. Sem lhes tirar todas as pedras do caminho e a dar-lhes asas para voarem, para saberem que nada na vida vem de mão beijada, mas sim da dedicação, persistência, esforço, honestidade, da autoconfiança, da humildade e do amor.
Entretanto novos desafios profissionalmente surgiram e tudo se completou, com todo o tempo ocupado, às vezes sinto que precisava de 48h diárias. 
Penso que as nossas atitudes enquanto pais, fizeram deles os seres humanos que hoje são, simplesmente incríveis, uns filhos de excelência com uma força da natureza e com tanto sucesso. Considero que somos uns pais de sorte porque eles são realmente qualquer coisa de divinal. Possuem todos os valores humanos na perfeição!





10. Já houve momentos em que quiseste virar as costas a esta profissão e seguir um rumo diferente?
Nunca! Se não fosse enfermeira, não seria verdadeiramente feliz. Mas ainda não perdi a esperança de regressar a Lisboa e exercer funções dentro da minha especialidade, como enfermeira de cuidados intensivos ou emergências médicas.





11. Como profissional na área da saúde, que está na linha da frente deste momento tão desafiante para todos, que mensagem nos queres deixar?
Que nada na vida acontece por acaso e que o ser humano é extremamente resiliente. Quantos de nós não conhecia sequer os seus vizinhos, corríamos o dia inteiro, nunca havia tempo para nada, não tínhamos dinheiro para nada? E agora o mundo inteiro está unido, as pessoas entreajudam-se, temos tempo para refletir: o quanto consumistas éramos, o quanto corríamos em vão, a importância de um simples abraço e da falta que alguém nos faz.
Como profissional da saúde, toda esta coragem, esforço e dedicação é em parte possível devido à gratidão e carinho de todos os que nos apoiam neste momento. 
Nomeadamente, no nosso caso, o apoio incansável da Câmara Municipal de Pinhel, do Sr. Presidente Rui Ventura e dos seus colaboradores, que têm realizado um trabalho incansável. Que todos os dias incluindo fins de semana, oferecem refeições completas, deliciosas e quentinhas aos profissionais de saúde. Obrigada, Obrigada a todos esses mimos.
Com a certeza de que nos vamos tornar pessoas diferentes depois desta pandemia.


12. Este blog chama-se Penso Rápido – pequenos remédios para as comichões do dia-a-dia. Que Penso Rápido usas no teu dia-a-dia?
A boa disposição, a alegria, a bênção por acordar, estar viva e com saúde. Viver no amor e na paz para comigo e para com os que me rodeiam. Guiar-me pelos acontecimentos do dia (amanhã logo se vê!). Aproveitar todas as dádivas da vida.
No meu local de trabalho, é deixar tocar uma música relaxante e fazer comédia, até dos momentos mais horrorosos.
Sempre em busca do que realmente me torna uma pessoa feliz.