E ainda Fevereiro

A palavra de Fevereiro é Focar.

Mesmo com o mês em sprint final, continua a ser um desafiar, lidar com o que realmente é importante, com aquilo que é preciso fazer acontecer, com aquilo que se quer. Focar, ou simplesmente DesFocar para voltar a olhar de novo. 

Há quem diga na meditação que quanto mais se controla a mente, mais ela se revolta. Como se fosse um animal selvagem que se queira domesticar. Em psicologia lembro-me que há muito, muito tempo atrás alguém dizia algo como "Não pensem num urso branco!" e é certo que todos estamos a pensar nele agora. E de laço preto ao pescoço e a baloiçar em cima de um monociclo. Não me perguntem porque de tanto pormenor. O pedido era não pensar num urso branco. Mas temos tendência a acrescentar pormenores, demasiados a coisas tão simples. 

Para hoje, apenas isto. Dia bonito.


Ia havendo um acidente

A estrada estava cheia de curvas e mais curvas. Gelo. Uma ou outra rena pelo caminho. Vacas. Ramos caídos aos salpicos grossos.

Ia tensa ao volante com todos os obstáculos. E já falei do mamute que se atravessou mesmo em cima da hora, logo ali no primeiro cruzamento? 

Mas não se podia parar. Havia um caminho para percorrer. Mais uma guinada no volante, reduz-se a velocidade, para logo a seguir acelerar mais um pouco. Mais renas?!?! Mas o Natal já não passou? Não. Naquele ermo, já tão perto do pólo Norte, ainda havia renas naquela altura do ano. Não interessa. Segue-se com mais cautela. O termómetro marcava temperaturas um pouco abaixo de zero. O carro começou a queixar-se daquela estrada, da viagem, de cansaço. A cabeça também. Os olhos a quererem fechar. os músculos das pernas a não darem descanso a uma dor que já se sentia há vários dias. 

Estava a ser difícil de prosseguir. De repente... Parou. Simplesmente Parou. Ordem para Parar. Desligou as luzes. O carro. A mente. Parou. Saiu do carro com a rapidez de uma tartaruga de 100 anos. E com a sabedoria que as tartarugas de 100 anos são suposto ter. 

Respirou. Uma e outra vez. Parou de novo. Ficou a contemplar. S-ó i-s-s-o. 

Ia havendo uma acidente. Mas felizmente Parou. Como em tantas vezes nos nossos dias. Basta parar. S-ó i-s-s-o.

P.S.: Renas e Mamutes não foi possível de registar na foto. Demasiado tímidos. Nada a fazer. 





Fevereiro rima com ... Focar!

O ano novo já lá vai. E começa a cada dia de novo. Uma e outra vez.

Para cada mês uma palavra. Ou mais. Ao sabor do vento e da vontade que é sempre muita: a de não esquecer, no meio das muitas coisas que nos acontecem e que fazemos acontecer.

Fevereiro vai rimar com Focar.

De volta e meia volto a esta palavra. Focar no que importa. Desfocar tudo o resto que não ajuda a ser mais feliz. E seguir em frente.




As coisas que assustam

As coisas assustam.

Aventurar-se a ser si próprio assusta mal se põe a cabeça cá fora. "Tem a personalidade muito forte, está cheio de manhas... não lhe faças as vontades todas!" E vamo-nos assustando da nossa força, das forças dos que nos rodeiam e a moldagem acontece.

Depois cresce-se e continua a ser assustador ser-se ou não aceite. Seja pelas roupas, pelas falas e conversas certas. Será que estou ou não no grupo? Será que ele ou ela gostam de mim? E se eu digo um disparate e lá se foi o tempo de investimento, de cartas trocadas, mensagens, olhares?

Assusta, ser-se como é porque no caminho às vezes perdemo-nos nas voltas, nas distracções das relações, no trabalho.

Continua-se a caminhar e surgem obstáculos (ou serão desafios?) e a cada momento, em cada encruzilhada há questões por resolver. Porque nos tropeções dos dias, das aventuras e principalmente nas desventuras e desamores há tanto por descobrir. "Porquê a mim? Porquê eu?" Perguntam tantos. Perguntamo-nos todos.

Nas voltas e contracurvas há que ser honesto e apenas parar à beira da estrada e perguntar... as coisas que nos assustam. Os medos, tantos que se lhes perde o conto e a razão.

"There are more scary things inside, than outside." - Paradise

Os medos que nos toldam e não nos deixam gritar a plenos pulmões quem somos, quem queremos ser, quem Merecemos ser. Ser-se honesto consigo e por isso um pouco mais com os outros.

As coisas que nos assustam, são também, aquelas que nos deixam mais perto de quem realmente somos.

Para ver. Para pensar. Nesta dimensão da diversidade, que terá tantas valências quantas as quisermos dar. Para ver Aqui.