Mostrar mensagens com a etiqueta Verdade. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Verdade. Mostrar todas as mensagens

Click



Fazer click.
Cair a ficha.
Momento a-ha!


Cada um chama-lhe como quiser. 

Às vezes temos a sorte, depois de ruminar sobre nós e o que nos rodeia, de descobrir verdades. Pequenas leis que de tão evidentes, sempre estiveram ali mas por obra de uma qualquer miopia chamada distrações da santa-vidinha, não tinham ainda sido escavadas o suficiente. O mágico é que cada um tem as suas. Na base são todas muito idênticas mas cada um tem as suas próprias formas de lá chegar e de as traduzir consoante a sua essência, as experiências e as histórias da sua vida. Fabuloso, não é?


A partir daí está um novo caminho em aberto e aquilo que antes estava meio empalidecido e desfocado, agora está com novas cores. A verdade está lá. Aquela verdade está a descoberto e já não dá para viver ou estar de outra forma. Viver em verdade dá trabalho porque expõe, mexe, obriga a dar voltas diferentes. Mas caramba, o que daí pode vir... Está tudo bem assim. Venha caminho para trilhar e descobrir, em verdade. 








Uma maratona de anos

Sem saber bem como, cheguei aos 42.
Aliás sei. Um caminho de reviravoltas, de persistência, de retrocessos e na mesma vontade de seguir para a frente, com (algumas) paragens pela caminho, só para ganhar fôlego e para me demorar nos abraços e nos colos por quem tenho, a mais profunda gratidão, de me ter cruzado no caminho. 

Este ano foi o ano com menos festejos, menos fogo-de-artifício. Foi parar para sentir e focar nas verdades destes 42. Houve uma mochila feita em menos de um piscar de olhos para calar estômagos famintos. Houve o silêncio do verde ao nosso redor. Vários mergulhos em águas de verão, mesmo já sendo outono. Abraços de ternura. A cumplicidade do final de tarde e uma viagem de regresso para saborearmos o vento, ainda quente, destes dias. Houve um cantar de parabéns improvisado, primeiro no carro Mãe, ainda não te cantámos os Parabéns! Mas tu não podes cantar, ouviste? e depois, já no fim do dia, com um bolo meio tosco mas tão cheio de intenções de verdade, de quem quis estar presente e por isso fez muitos km, de uma estrada já maior que a de uma maratona. ❤ Foi um dia da verdade, para comigo e para com os meus. 

Do pouco que estou a aprender com a corrida é que é preciso escutar o corpo, resistir-lhe aos queixumes e dar, literalmente, uma passada de cada vez. Do pouco que tenho certezas desta maratona de vida é que é preciso ir ouvindo o coração e tanto quanto possível, respeitar-lhe as vontades, numa batida de cada vez. Foi um dia tão sem nadas a destacar mas na (minha) verdade, esteve lá tudo o que era para estar. 






Das verdades

Do que queremos e do que realmente precisamos.
Do que achamos que é o melhor, e do que, na verdade, é a verdade dentro de nós.
No confronto entre o ser-se e o parecer que é a nossa viagem e dos caminhos que levam até essa verdade de nós mesmos.

Retirado da minha bíblia de sempre.


"No caminho de volta ao ashram, deixo-me tomar pela fantasia de quão silenciosa vou ser a partir de agora. Serei tão silenciosa que isso me tornará famosa. Imagino até que vou passar a ser conhecida como aquela rapariga calada. (...) A minha única interação com os outros será sorrir-lhes beatificamente de dentro do meu mundo reservado de quietude e piedade. As pessoas irão falar sobre mim. Perguntarão: "Quem é aquela rapariga calada ao fundo do templo, que está sempre a esfregar o chão de joelhos? Ela nunca fala. É tão esquiva. É tão mística. Ela é a rapariga mais calada que alguma vez vi."

Na manhã seguinte, estava de joelhos no templo a esfregar novamente o mármore do chão, emanando (assim o imaginava) um aura sagrada de silêncio quando um adolescente indiano veio `a minha procura com uma mensagem - que eu tinha de ir imediatamente ao gabinete do Seva.

(...) a senhora simpática que estava sentada à secretária perguntou-me:
- É a Elizabeth Gilbert?
Sorri-lhe com ar caloroso e assenti. Em silêncio.
Depois, ela disse-me que a minha tarefa fora mudada. Devido a um pedido especial da administração, já não fazia parte da equipa que esfregava o chão. Tinham um novo cargo em mente para mim no ashram. E o título da minha nova função era - apreciem bem - assistente principal. 

Esta era obviamente outra das partidas de Swamiji.
- Querias ser a rapariga calada ao fundo do templo? Bem, adivinha só... 
Mas isto é o que sempre acontece no ashram. Tomamos uma decisão grandiosa sobre o que precisamos de fazer ou sobre quem precisamos de ser e depois as circunstâncias encarregam-se de nos mostrar de imediato quão pouco nos conhecíamos. 

(...) 
- Temos uma alcunha especial para este cargo, sabe? Dizemos que é a menina sorrisinhos porque quem quer que o ocupe precisa de ser sociável e estar sempre a sorrir.
Que podia eu dizer?
Limitei-me a estender-lhe a mão, despedi-me silenciosamente de todas as minhas antigas ilusões e anunciei:
- Minha senhora, sou a pessoa indicada."


As coisas que assustam

As coisas assustam.

Aventurar-se a ser si próprio assusta mal se põe a cabeça cá fora. "Tem a personalidade muito forte, está cheio de manhas... não lhe faças as vontades todas!" E vamo-nos assustando da nossa força, das forças dos que nos rodeiam e a moldagem acontece.

Depois cresce-se e continua a ser assustador ser-se ou não aceite. Seja pelas roupas, pelas falas e conversas certas. Será que estou ou não no grupo? Será que ele ou ela gostam de mim? E se eu digo um disparate e lá se foi o tempo de investimento, de cartas trocadas, mensagens, olhares?

Assusta, ser-se como é porque no caminho às vezes perdemo-nos nas voltas, nas distracções das relações, no trabalho.

Continua-se a caminhar e surgem obstáculos (ou serão desafios?) e a cada momento, em cada encruzilhada há questões por resolver. Porque nos tropeções dos dias, das aventuras e principalmente nas desventuras e desamores há tanto por descobrir. "Porquê a mim? Porquê eu?" Perguntam tantos. Perguntamo-nos todos.

Nas voltas e contracurvas há que ser honesto e apenas parar à beira da estrada e perguntar... as coisas que nos assustam. Os medos, tantos que se lhes perde o conto e a razão.

"There are more scary things inside, than outside." - Paradise

Os medos que nos toldam e não nos deixam gritar a plenos pulmões quem somos, quem queremos ser, quem Merecemos ser. Ser-se honesto consigo e por isso um pouco mais com os outros.

As coisas que nos assustam, são também, aquelas que nos deixam mais perto de quem realmente somos.

Para ver. Para pensar. Nesta dimensão da diversidade, que terá tantas valências quantas as quisermos dar. Para ver Aqui.