Das verdades

Do que queremos e do que realmente precisamos.
Do que achamos que é o melhor, e do que, na verdade, é a verdade dentro de nós.
No confronto entre o ser-se e o parecer que é a nossa viagem e dos caminhos que levam até essa verdade de nós mesmos.

Retirado da minha bíblia de sempre.


"No caminho de volta ao ashram, deixo-me tomar pela fantasia de quão silenciosa vou ser a partir de agora. Serei tão silenciosa que isso me tornará famosa. Imagino até que vou passar a ser conhecida como aquela rapariga calada. (...) A minha única interação com os outros será sorrir-lhes beatificamente de dentro do meu mundo reservado de quietude e piedade. As pessoas irão falar sobre mim. Perguntarão: "Quem é aquela rapariga calada ao fundo do templo, que está sempre a esfregar o chão de joelhos? Ela nunca fala. É tão esquiva. É tão mística. Ela é a rapariga mais calada que alguma vez vi."

Na manhã seguinte, estava de joelhos no templo a esfregar novamente o mármore do chão, emanando (assim o imaginava) um aura sagrada de silêncio quando um adolescente indiano veio `a minha procura com uma mensagem - que eu tinha de ir imediatamente ao gabinete do Seva.

(...) a senhora simpática que estava sentada à secretária perguntou-me:
- É a Elizabeth Gilbert?
Sorri-lhe com ar caloroso e assenti. Em silêncio.
Depois, ela disse-me que a minha tarefa fora mudada. Devido a um pedido especial da administração, já não fazia parte da equipa que esfregava o chão. Tinham um novo cargo em mente para mim no ashram. E o título da minha nova função era - apreciem bem - assistente principal. 

Esta era obviamente outra das partidas de Swamiji.
- Querias ser a rapariga calada ao fundo do templo? Bem, adivinha só... 
Mas isto é o que sempre acontece no ashram. Tomamos uma decisão grandiosa sobre o que precisamos de fazer ou sobre quem precisamos de ser e depois as circunstâncias encarregam-se de nos mostrar de imediato quão pouco nos conhecíamos. 

(...) 
- Temos uma alcunha especial para este cargo, sabe? Dizemos que é a menina sorrisinhos porque quem quer que o ocupe precisa de ser sociável e estar sempre a sorrir.
Que podia eu dizer?
Limitei-me a estender-lhe a mão, despedi-me silenciosamente de todas as minhas antigas ilusões e anunciei:
- Minha senhora, sou a pessoa indicada."


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