É paixão - parte II

Dá um trabalho danado, não adormecer. 
Não adormecer no ritmo dos dias, nas suas rotinas, e turbulências.
Não adormecer porque a música é sempre a mesma, a que ouvimos por fora e a que cantamos por dentro, e que rima com medo, não sermos capazes ou com o adiar para uma altura melhor. A altura melhor, será sempre agora em vez do depois.
Não adormecer porque nos acostumamos ao de sempre.

O contrário é encontrar um despertador bem barulhento por dentro e dizer mais Sins do que Nãos. É insistir e voltar a remexer naquilo que nos põe um brilho no olhar e faz sorrir de nervoso miudinho só porque sabemos que faz parte de nós, a nossa verdade. E as nossas verdades só podem trazer sabores doces de amor, mesmo com os dissabores do momento. 

Duas ações que me deixam sempre com borboletas boas na barriga. Estão convidados com toda a entrega e amor. 
Abraço de sol. 
Até breve.

P.S.: Informações/inscrições - abelpb@hotmail.com







É paixão

A ideia era ter sido cozinheira. Mas lembro-me bem de ter chegado a casa e ter dito bem alto: "Quando for grande, quero ser cozinheira!" E me terem respondido: "Minha menina, se é para isso que vais estudar, tira já daí essa ideia!"

E foi com este pragmatismo que se foi uma carreira brilhante numa qualquer cozinha. Quer dizer, tenho a minha, com as minhas cobaias lá de casa e família simpática e amigos generosos que, de volta e meia, saboreiam o que se faz pelos tachos. Ainda ninguém faleceu repentinamente, nem ficou verde. 

Ainda veio a vontade de ser professora de línguas, até que um colega, o João, um dia se virou para mim e disse: "Tu tinhas jeito para ser psicóloga." Assim, sem mais, nem menos. Não sei se ele tivesse dito outra coisa qualquer como electricista ou jardineira, teria feito o mesmo efeito, julgo que, a bem da humanidade, não. A sugestão dele, ficou cá dentro e foi crescendo.

Hoje sei, que podemos estar tão bem, em vários trabalhos e felizmente, que o mundo se está a abrir um pouco por aí e já se vêm pessoas que escrevem e pintam, ou são jornalistas e cantam. 

Ter abraçado a psicologia como área de trabalho, tem aberto tantas portas há quase vinte anos, que me deu a oportunidade de estar no chão sentada com crianças de 3 anos a contar histórias, a passar dias de formação com escolas  ou a PSP, pelo país todo; a estar apenas com uma pessoa e um pacote de lenços ao pé, ou numa sala cheia de pais e mães emocionados; rir (muito) com os meus adolescentes e também lhes chamar a atenção quando é preciso, seja a prepararmos o almoço (novamente a comida) em conjunto ou a fazer arborismo (ainda tremo de pensar...). 

É um privilégio trabalhar com o Ser Humano, seja com que idade for e independentemente da sua condição ou estado. É estabelecer relação com o outro, ajudar a encontrar o que de melhor tem por dentro e depois deixar ir, para a seguir recomeçar com outro alguém. 

Ainda há tanto por fazer para que os psicólogos tenham voz, um papel ativo, que as pessoas tenham acesso aos seus serviços sem listas grandes de espera. Para que não se faça confusão sobre o que fazem e o que está ao seu alcance. E não, não andamos de vassoura por aí... Se bem que daria jeito, com o preço a que estão os combustíveis... 

Já disse que gosto muito, muito do meu trabalho, que é uma paixão boa, muito desafiante, e que fiz bem em ouvir o João e seguir Psicologia? 

No meu mês, hoje é o dia dos Psicólogos. 
Parabéns, a nós todos, que acreditamos e fazemos por isso. Parabéns a nós, e às pessoas com quem temos o privilégio de cruzar caminho, e que depositam o que de mais precioso têm dentro de si. 
Como se diz na minha terra, bem hajam ♥️