Porque não?



"Alguns Homens vêm as coisas como são e perguntam Porquê?

Eu sonho com as coisas que nunca foram e pergunto Porque não?"

George Bernard Shaw



Perdidos e Achados

Corri a cozinha.

Vi por baixo da cama.

Por baixo do sofá.

Fui ao quarto dos miúdos.

Vi de novo, na estante dos sapatos.

Hoje estava mais frio e quis trocar os chinelos de verão pelos de inverno. Voltei a procurar de novo porque tendo meias calçadas é difícil de calçar chinelos de dedo. 

Desisti. Calcei umas sabrinas e fui estender a roupa. Quando já estava a pousar a bacia da roupa... lá estavam eles, a espreitar. Quietos na sua quietude de chinelos. 

As vezes que isto acontece quando se perde alguma coisa. As vezes. 
Com os chinelos e com tudo o resto na santa vidinha: a serenidade, a paz, o amor, as relações. Basta parar de os perseguir que nos aparecem na frente. 

Isso e estas meias que assim já não são precisos outros chinelos.




Penso Rápido Instantâneo. 4#


Respeitar

Vem de Respirar. Vem de parar tudo ou pelo menos abrandar, e olhar melhor para o outro com olhos de ver.

Começa sempre por se olhar para si próprio e conhecer o que é importante, do que é urgente para que o sorriso se instale, de novo.


Rotular

Os comerciais têm a grande vantagem de, em pouco tempo, passarem uma mensagem que dispensa grandes explicações. Cada um que tire a sua.

Quando envolvem pessoas reais, com reações reais, melhor ainda.

Ainda sobre esta coisa de nos formatarmos e colocarmos rótulos às pessoas e de as categorizarmos. Todos nós, numa questão de segundos. O que se faz a seguir, a desconstrução a que se dá ao trabalho, fica na consciência de cada um. 

Para ver, para pensar, para valer a pena.



Felicidade e Orgasmo

Tenho uma amiga, que nos primeiros tempos em que apenas começávamos a trocar histórias nossas, em jeito de confidência uma com a outra, usava expressões como:

"Isto deixou-me muito feliz!" ou "Estou muito feliz porque...". 

Para mim ela é uma pessoa extraordinária, por isso, o que me diz e partilha é importante. É minha amiga. Ponto. Os relatos dela eram de coisas simples, conquistas boas do seu dia, do seu caminho, trilhado com os dissabores normais de quem se levanta todos os dias a achar que é merecedor de ganhar a lotaria por inteiro, ou metade, ou seja o que for. Ganhar. 

Talvez muitos de nós fomos criados e influenciados por esta ideia de felicidade orgásmica. Que quando se tem o emprego certo, o ordenado certo, a casa bonita, o príncipe montado no cavalo-de-raça-branca-e-crina-ondulante-ao-vento, que apenas quando se consegue correr a maratona completa, ao pé-coxinho, então aí, se ganhava o direito de se dizer à boca cheia que se é ou está feliz. 

Esquecendo desse modo, os preliminares, o gosto da antecipação, a expetativa e a fantasia real, do que pode acontecer, culmine ou não, em orgasmo. 

Quando dei por mim, e daí ser tão importante de nos rodearmos de pessoas que nos façam bem, com frases idênticas e a usar mais frequentemente a palavra Felicidade e Feliz, sem esperar que tivesse acontecido algo de extraordinário, essa mesma felicidade multiplicou-se e foi entrando nas crenças e formas de pensar. 

Vários estudos mostram e comprovam o poder que as palavras têm. Basta fazer a experiência com alguém que se conheça. É muito simples: observem a expressão facial se disserem duas palavras tão distintas como:


borbulha ou sexo
Tens uma borbulha.  ou Queres fazer sexo?

arrumar ou  viajar
Este fim-de-semana vais arrumar o escritório. ou Este fim-de-semana vamos viajar.

ir para as aulas/trabalho ou jogar futebol
Próximo sábado tens aulas/trabalho suplementar. ou Vamos jogar mais futebol?

A lista não tem fim e depende apenas de variar entre os nossos pontos de prazer e satisfação e os que não são tanto assim. Variam em função de cada pessoa é certo, das suas experiências, vivências, da sua história pessoal. 

O que se sabe também é que rodearmo-nos do que nos faz bem, muda as nossas ligações neuronais e a percepção que fazemos da realidade. 

Não é por se dizer trinta, cinquenta vezes ao dia, a plenos pulmões que estou feliz, que nos vai arrancar da cama mas predispõe a fazê-lo. Por outro lado, assumir as pequenas felicidades de cada dia, muda também os nossos centros percetivos do que nos acontece. Assumir que somos felizes por abrirmos um frigorífico e lá encontrarmos o essencial para nos nutrir, que temos pelo menos uma, duas pessoas a quem pedir um abraço, que conseguimos sair da nossa zona de conforto, com todas as imperfeições, mas que a tentativa valeu pelo esforço e empenho colocado nessa experiência.

Vende-se a Felicidade como se de um orgasmo se tratasse. E quando assim é, também é bom. Mas ficar à espera, do fogo de artifício, e perder a festa a passar e a banda a tocar é puro desperdício de tempo. E um desperdício de felicidade, de todos os tamanhos e feitios.  E de entusiasmo pela vida. A de todos os dias. 






Ó jovem!

Gosto de trabalhar com quase todas as faixas etárias. 

Gosto particularmente dos jovens, dos adolescentes. De pensar com eles, de os por a pensar. Dou-lhes muito e aprendo sempre tanto com eles. Divertimo-nos quase sempre. Às vezes também lhes "ralho", coloco-lhes os limites. Gosto especialmente da energia deles, desse acreditar que está tudo em aberto, tudo é possível, que na verdade nos vamos esquecendo disso, como se de uma amnésia coletiva se tratasse, quando se chega às coisas chatinhas da idade adulta. 

Inspiro-me nessa energia. Deixo-me contagiar.

No outro dia estava com um deles. Um miúdo cheio de pinta, desafios pessoais, de superação. Naquele dia chegou até mim, ainda mais composto que o normal. Giro.

"Eu:  É lá... estás giro! Gosto de te ver assim!
Ele: Eu ando sempre pronto a brilhar. Nunca se sabe quando nos vai sair a lotaria!"

E é isto. Sabedoria ao mais alto nível.
Maravilhoso trabalhar assim, não é?






À 2ª

Todas as segundas.
Todos os dias.
Renasce o herói que há em nós, que coloca de parte os vilões e os combate e agarra com coração e alma, o melhor que temos para ser e dar.

Ser super-super-heroína/herói.
A cada momento.





Penso Rápido Instantâneo. 3#


Abraços


Vem de braços emprestados que nos agarram e apertam junto de quem nos aconchega, reconforta, alivia e protege.


Dados em doses generosas tem efeitos imediatos de bem-estar e repõem quaisquer níveis que estejam em falta. 

Ganha quem dá. Ganha quem recebe. 











Vamos cuscar? 12#

O primeiro contacto com a Raquel foi … pelo facebook. Estranho, nos dias de hoje, não é?! Na verdade já nos conhecíamos por aí e viemos a descobrir que até moramos muito perto uma da outra. Na altura estava a lançar no blog, a semana dos passatempos com projectos interessantes locais e foi feito o contacto mesmo assim, via rede social. Daí a nos encontrarmos foi rápido e uma tão boa surpresa que ficou a minha vontade de dar a conhecer melhor o projecto da BeeRural, que toma corpo e alma através da Raquel.

A chegada à sede, no espaço SerQ, foi cheio de boas energias e percebi porque é que uma pessoa assim, teria que estar associada ao mel. A Raquel emana entusiasmo em cada frase que explica, com uma ternura e saber imenso, sobre este mundo das abelhas e afins.

Da parte de trás do escritório, duas salas, uma com mel certificado armazenado e uma outra com colmeias e afins. Fiquei tão fascinada com as explicações da Raquel que me tive que segurar para não comprar uma colmeia ali mesmo e começar a produzir também mel. É mais simples do que se pensa, na dose certa de dedicação e alguns conhecimentos práticos.

Isso e um dos meus filhos ter pavor a abelhas. Um dia destes vou levá-los a conhecer a Raquel. É que fiquei a saber que sem abelhas, toda a produção agrícola da Europa, terminaria em dois, três anos. É um mundo por descobrir, na primeira pessoa com a Raquel, que curiosamente, rima com ... mel. Vamos cuscar?


Idade: 31

Naturalidade: Sertã

Comidas preferidas: Francesinha, arroz de maranho, bacalhau com natas

Um livro a não perder: Livro Storytelling | A magia das palavras de Gabriel García de Oro

1.      Se pudesses convidar alguém famoso (vivo ou morto) para jantar, quem escolherias e porquê?
O Mário Ferreira, do Douro Azul, pela história que nos traz e todo o seu percurso até hoje, demonstrando uma forte personalidade e uma visão estratégica e inteligente na gestão dos negócios… é sem dúvida um grande Shark Tank.

2.      Raquel… comes mel todos os dias? Quase todos os dias, consumo por exemplo no chá, sobremesas ou mesmo em pratos principais, fica muito bem o mel nos temperos. 


3.      És um doce de pessoa mas… como começou esta paixão pelas abelhas?
O interesse pela apicultura começou com a leitura de vários artigos que alertavam para o contínuo aumento da taxa de mortalidade das abelhas e o seu impacto negativo na agricultura. Estima-se que 76% da produção alimentar na UE depende da polinização das abelhas.
Estas palavras despertaram o meu interesse e entusiasmo para explorar o mundo das abelhas e, consequentemente, a formar-me em Apicultura e a regressar a Lisboa para desenvolver a tese de mestrado com o tema: “Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) na Apicultura”. Para os mais curiosos, os SIG são uma ferramenta útil ao serviço da Apicultura, que, através de uma infraestrutura de dados espaciais, possibilita conhecer o Território e promover medidas preventivas que contribuam para o bem-estar das colónias.
Tudo isto, aliado à minha paixão pelo contacto com a natureza, o meio rural e a relação de proximidade com amigos ligados às áreas agrícolas, foi marcante para desenvolver trabalhos nesta temática.


4.      Quando se percebe que é mesmo por aqui o caminho, que faz sentido trabalhar no terreno, quais foram os maiores desafios que encontraste?
Quando comecei a interagir com o sector apícola um dos maiores desafios foi conseguir reunir todas as condições para agendar visitas de campo com os apicultores e georreferenciar o número máximo de apiários, entre outros dados, para que fosse possível desenvolver este trabalho. 

A nível empresarial as dificuldades no setor apícola são várias e, por vezes, os desafios são grandes para conseguir rentabilizar da melhor maneira o que apicultura tem de melhor. Existem várias medidas que não são cumpridas, o que acarreta graves consequências e impossibilita a construção uma estrutura apropriada de apoio aos apicultores.

É urgente a necessidade de "bons líderes" no sector apícola, aqueles que conseguem valorizar a apicultura, formando uma equipa e, que concordam em repartir os apoios segundo as necessidades reais dos produtores. E eles existem e são uma referência para mim porque, apesar de todas as dificuldades, fazem aquilo que mais gostam dando o exemplo e motivação a outros para fazerem sempre o seu melhor.

5.      Como é o teu dia-a-dia?
O meu dia-a-dia começa por visualizar as tarefas com maior prioridade e proceder à realização das mesmas, o qual conto com o apoio da Cláudia Oliveira, que está integrada na empresa BeeRural, desenvolvendo trabalhos na segurança e higiene no trabalho apícola, controlo de qualidade e acompanhamento técnico aos apicultores. Entre o serviço prestado no gabinete, sempre que existe disponibilidade visito os meus apiários e prestamos apoio a outros produtores.

Cláudia Oliveira


Todos os dias são um desafio para tentar corresponder às necessidades que existem no sector apícola sendo, por vezes, difícil ter capacidade de resposta para alguns dos problemas dos apicultores, como a disponibilidade de venda de medicamento veterinário para as doenças das abelhas.




6.      Como surgiu a BeeRural?
Surgiu da necessidade de desenvolver  estratégias para valorizar a Apicultura em Portugal. Na minha opinião e, perante a realidade que está acontecer no sector, o importante não é vender mais mas sim vender melhor, num ciclo corporativo continuo em defesa do produtor. Durante o trabalho desenvolvido até ao momento, verifiquei que o nosso sucesso pode estar na observação dos pequenos detalhes e é nisso que a marca BeeRural aposta, de modo a  valorizar a apicultura em Portugal, assim como alertar a sociedade para a importância das abelhas no equilíbrio ecológico do planeta.




7.      A BeeRural é muito mais do que apenas acções de formação pontuais. Surpreende-nos com todos os serviços que disponibiliza.
 A empresa BeeRural além das formações, tem vindo a fomentar relações de proximidade com apicultores locais, prestando um serviço técnico contínuo; estamos a finalizar um produto de qualidade, de origem exclusivamente portuguesa (Mel), que será reconhecida pela sua embalagem diferenciadora. Paralelamente, desenvolvemos atividades educativas com crianças do ensino pré-escolar e 1ºciclo, de modo a alertar para a importância das abelhas no equilíbrio ecológico do planeta.




Neste momento, colaboramos com entidades públicas e privadas em prol da apicultura, de modo a disponibilizar formação gratuita e outros apoios através do Programa Apícola Nacional (PAN).

Por último, no âmbito de apiturismo, fazemos visitas guiadas para pessoas que têm a curiosidade em conhecer o mundo das abelhas, sendo um desafio e uma experiência única.


8.      Este é um caminho de enorme persistência e em acreditar diariamente que vai correr bem. Naqueles momentos em que as dúvidas se instalam, como fazes?
Quando as dúvidas se instalam tento pensar naquilo que é realmente importante e agir em conformidade. Normalmente acredito que tudo vai correr bem e que as adversidades são, por vezes, uma oportunidade para demonstrar que somos capazes de superar as dificuldades.

9.      Trabalhas maioritariamente com pessoas mais velhas, com uma série de hábitos instalados de décadas de prática. Como tem sido a experiência das formações que dinamizas?
As formações que a Beerural promove têm surpreendido muito porque recebemos pessoas de várias zonas do país e temos apicultores de uma faixa etária mais elevada, que se mostram interessados em adquirir conhecimentos e novas práticas apícolas. Nos últimos anos, verificou-se um acréscimo de novos apicultores apoiados através de estratégias comunitárias, uma medida que veio contribuir para o desenvolvimento do sector e na procura da nossa formação.
Não posso deixar de referir, que o sucesso da nossa formação está também nos nossos formadores, que são apicultores profissionais com motivação para ensinar e promover técnicas que contribuam para o bem-estar das abelhas.




10.  Sendo tu a abelha mestra… quem não pode faltar na tua colmeia de vida?
A família e os fantásticos amigos que fiz ao longo desta caminhada. É tão bom sentir que deixamos um pouco de nós e, que muito do que somos é o resultado dos lugares onde vivemos e das pessoas que amamos.

11.  Ouvimos dizer que o mel faz bem. Para quem não gostar de mel, como o convences a comer?
O mel além de muito saboroso é um alimento que pode ser usado para fortalecer o sistema imunitário, é  considerado um adoçante natural e ajuda a eliminar as toxinas favorecendo a digestãoAlém disso, o mel é o único alimento naturalmente doce que contém proteínas e sais minerais, como potássio e magnésio, que são importantes para a saúde. Portanto, para  quem não goste, deve fazer o esforço para incluí-lo na alimentação e usufruir de todos os benefícios que traz.

12.  Próximos passos… quais são?
Lançamento da Marca Beerural com diferentes tipos de méis;
Estabelecer parcerias para a prestação de serviços com outras entidades públicas e privadas;
Desenvolver condições para a produção de outros produtos da colmeia, como o pólen e o própolis;
Exportação dos produtos da marca Beerural;
Apostar em ferramentas de apoio a futuros trabalhos académicos
(…)

13.  Este blog chama-se Penso Rápido – pequenos remédios para as comichões do dia-a-dia. Que Penso Rápido usas no teu dia-a-dia?
Um penso rápido muito colorido, cheio de boas energias, com resiliência que qualquer pessoa vai querer ter consigo.



Ter os 3 no sítio


As mulheres são, supostamente, peritas em listas. Nas inúmeras listas para tudo que fazem para elas e sendo seres generosos, das listas que fazem para distribuir para quem as rodeia, não vá o diabo tecê-las e o resto da humanidade não ter nada para fazer. Na maior parte das vezes é necessário fazer uma lista para relembrar das listas que se fizeram, das que estão por concluir e das que é necessário começar. É uma pescadinha de rabo na boca que não acaba, a não ser que o papel acabe ou a bateria do telemóvel, onde estão armazenadas as duzentas e três listas.

Será possível viver com menos e ser mais... feliz, satisfeito?

Ter os três no sítio consiste em algo simples. Três objetivos por dia. Apenas isso. Para quem tem já o sobrolho em tique nervoso, a mão a latejar de nervos e a sentir um AVC maciço a aproximar-se,  dizendo que será impossível, pode estender e estipular três objetivos diários para o trabalho, três para o amor, três para si próprio. No fundo, para as áreas onde quer realmente avançar.

Mas apenas isso. Ter os 3, no sítio. E respirar entre um objetivo e outro. 

Porquê 3? Porque foi a conta que Deus fez e é mais fácil de rimar. Porque não nos faz rebentar a mente, nem ganhar rugas antecipadamente, ou exagerar na quantidade insana que se insiste em fazer diariamente, chegando à meta sim-senhor mas em tal estado de falecimento, que não deixa margem para apreciar o caminho percorrido. É suposto a malta ir-se divertindo, rindo e apreciando o momento. Todos eles. Corremos demais. Todos os dias. E todos os dias contam. Todos os momentos contam. Nas correrias esquece-mo-nos de os ter em conta, deixando para depois o que é tão importante agora.

Ter os 3 no sítio. Simples, como isso. 







Drogas Leves. Remédios Caseiros 3#

Na meditação há quem use mantras. 
Há quem use afirmações no seu dia a dia porque acredita que elas tenham força suficiente.
Há quem tenha em atenção ao pequeno-almoço que se prepara, aos nutrientes do corpo.

E depois há isto. 

“Eu sou forte, eu sou inteligente, eu trabalho arduamente, eu sou linda, eu sou respeitadora, eu não sou melhor do que ninguém, ninguém é melhor do que eu, eu sou incrível, eu sou demais. Se eu cair, eu me levanto novamente. Eu sou abençoada.”



Penso Rápido Instantâneo 2#


Desabafar


Vem de abafar o que não interessa. Organizar o pensamento com alguém que nos ouve na sintonia da verdade e do amor.



Sarar a partir da libertação do que não nos faz bem, para deixar entrar o caminho e a sabedoria da solução, com um nosso alguém.


Manicómio de ... mães 1#

Elas juntaram-se à porta. Um pouco receosas. Coração apertado. Sorriso meio envergonhado, um pouco na expetativa. Em comum traziam um saco cheio. Aliás dois. Um com dúvidas, o outro com as intuições das respostas guardadas por anos de sabedoria acumulada e passada de mãe, para mãe. Uma sabedoria ancestral.

Bateram à porta. Entraram para uma sala ampla. Sentaram-se e olharam em volta. Janelas amplas para uma vista para lá do horizonte. 

Quem nunca se sentiu como se no meio de um manicómio estivesse a olhar para uma criatura que tem à frente, que nos questiona e desafia, umas vezes chora, outras grita e na maior parte dos tempos, nos desarma com um sorriso, umas palavras melosas ou nos dá um abraço do nada? 

Pois, ser mãe e pai no seu melhor, com os constantes desafios que tal traz.

Surge daí o... manicómio de Mães, que também poderia ser de Pais mas quem normalmente se chega à frente e coloca dúvidas são... as Mães. Não que os pais não as tenham, apenas não as verbalizam tanto. E nem todos são assim. Deixe-mo-nos de generalizações. 

Vai daí que surgiu esta ideia de partilhar ideias e dúvidas que normalmente acabam por ser comuns a todos. E que me são colocadas enquanto estou no supermercado, enquanto esperamos que uma reunião comece, entre um café e um chá. Nunca há dúvidas mas basta juntar duas ou mais progenitoras e é um vê-se te avias de perguntas e desabafos.

Que isto de ter crianças lindas, vestidas com vestido de linho branco, fita no cabelo, que nunca se sujam, escorrem ranho pelo nariz, ou nos mancham a roupa acabada de vestir, com um arroto de leite... não existe. E mesmo que na área da Psicologia haja um não sei quanto de teorias e de formas de estar, a verdade é que cada criança e família tem uma dinâmica própria, e que, na maior parte dos casos funciona. Façam-se as devidas adaptações, de acordo com os valores e os amores de cada casa, que é como quem diz, de cada lar, onde todos fazem parte, desde o piriquito, até a todos os outros que por lá têm uma cama. 


Questão de hoje: " Como lidar com os Trabalhos de Casa?"

Os tratados que já se escreveram sobre isto e as controvérsias que há. 

Em primeiro lugar, se há trabalhos de casa, têm de ser feitos. Ponto final. É uma questão de se ir incutindo responsabilidade. Depende das idades mas a maior parte dos professores do primeiro ciclo têm sensibilidade sobre a quantidade que faz sentido enviar para casa. 

A verdade é que é suposto eles já terem trabalhado 5, 6 às vezes,  7 horas, na escola. Sim, porque o que por lá fazem é trabalhar, mesmo que haja muita converseta em sala de aula e correria nos intervalos. 

Dependendo da criança, algumas preferem começar logo mal chegam a casa, tendo presente que a seguir têm mais tempo livre. Outras precisam de brincar um pouco, fazer um segundo lanche leve. Distanciarem-se do que fizeram na escola para então voltarem de novo. A sugestão fica de esse intervalo não se estender demasiado. E que seja negociado. Em vez de impor, pode-se sugerir: "Queres fazer um intervalo de 15 minutos e mais tempo para brincar? Ou 30 minutos e depois brincas menos a seguir?"

Ah, e a noção de tempo aprende-se com... o tempo e a prática. Conhecemos todos adultos, que ainda hoje não sabem o que significa, 5 minutos de atraso. Por isso, eles vão aprendendo, com o tempo, o que significam realmente 15 minutos de descanso.

Alguns conseguem fazer todos os TPC´s de seguida, outros nem por isso, e nesses casos pode-se fazer períodos de trabalho de 20 minutos e 5 de descanso. Mais coisa menos coisa.

E sim, há o jantar para tratar ao mesmo tempo, e em alguns dos casos irmãos mais pequenos ou mais velhos a quem se tenta dar a atenção. O ideal é que haja poucas (ou nenhumas...) distrações, como TV´s, telemóveis e outros que tais. Desliga-se. Poupa-se na conta de electricidade e estar em silêncio faz-nos bem a todos.  

Ajudar a que se tornem mais autónomos, fazendo sozinhos no quarto, mesmo que com a porta aberta. Quando ainda é cedo para esta estratégia ou não se começou por aqui desde o primeiro ano, pode ser na mesa da cozinha enquanto se prepara o jantar... mas a meta é que, até ao fim do ano letivo, seja no quarto. Basta muitas vezes reforçar que já o sente crescido para essa responsabilidae. Que até já consegue fazer tantas outras coisas sozinho que agora também vai conseguir fazer os TPC´s num espaço só dele.

E se receitas houvesse, seria mais fácil mas também menos desafiante. Os TPC´s não são uma batalha, nem um braço de ferro. São apenas mais uma tarefa a fazer, para além de brincar, dos mimos e abraços desse dia. 







Vamos Cuscar? 11#

Entrevista: Vera Dias
Trabalhar em equipas grandes tem destas coisas: passamos meses a trocar mail´s entre nós, sem associar os endereços às suas caras. Descobri já a formação ia a meio, que a Vera pertence à mesma localidade que eu. A partir de um pedido de troca de informações que lhe fiz, descubro que não só vivemos mais ou menos a poucos quilómetros uma da outra, como temos pessoas, de quem gostamos muito, em comum: uma amiga, afinal irmã dela. O mundo é pequeno e às vezes, diz o acaso, que isso é bom. Acabo também por saber que a Vera é diabética e que embora ainda esteja quase a terminar a sua segunda década de vida, é daqueles jovens que se mexe e leva as causas em que acredita, muito a sério. Sai do sofá e faz qualquer coisa. E ver alguém, com um sorriso rasgado, que começa na boca e termina nos olhos, apesar de alguns contratempos que tem que enfrentar, diariamente, é mais do que motivo para dar vontade de … cuscar. Vamos cuscar?!




Idade: 28 anos
Naturalidade: Coimbra
Comidas preferidas: Caldo Verde, Sopa de feijão-seco com couve portuguesa, Sopa de agrião, Sopa de espinafres. Broa de milho com manteiga. Segundo prato Bucho, Arroz de bucho e pasta!!! I love pasta!  Fruta.
Um livro a não perder: O Senhor dos Anéis, Harry Potter

1.       Se pudesses convidar alguém famoso (vivo ou morto) para jantar, quem escolherias e porquê?
Pergunta difícil... Talvez o Tim Burton. Sou muito fã da sua obra e gostaria muito de compreender como lhe surgem as ideias e como se consegue ser tão criativo.

2.       Em que altura aparece a diabetes na tua vida?

Embora eu tivesse todos os sintomas, a “ignorância” levou-me a justificar os comportamentos com stress e necessidade de estudo. Apenas a perda de 25 quilos me fez ir ao médico de família para tentar perceber se alguma coisa se estava a passar. Na altura comia provavelmente umas 4000 calorias diárias mas a minha perda de peso era  demasiado significativa, para poder ser “aceitável”.

Eu estava no 11.º ano, tinha 17 anos de idade. Confesso que após o diagnóstico, compreendi os meus comportamentos tão acentuados e brutos. Compreendi que não estava mesmo nada bem...

3.       Como é viver com a diabetes actualmente?

Atualmente a diabetes faz parte do meu “EU”. Eu tenho diabetes há 11 anos e não consigo, por exemplo, olhar para a comida sem fazer os cálculos do aporte de glícidos que tem, e da necessidade de insulina que terei, mesmo se não o for consumir.

 Viver com diabetes é viver de uma forma muito mais madura e responsável. É um desafio diário, mas não há dia em que não pense que o diagnóstico “me tornou especial” e me fez conhecer tantas, tantas, tantas pessoas especiais.



Como qualquer outra patologia crónica, tem momentos muito difíceis, como por exemplo, situações de stress em que não consegues de nenhum modo “dominar a fera”. Mas é um desafio, que com as novas tecnologias é bem mais fácil, e vais aprendendo a “orientar a fera”. Já tentei pensar quem seria se não tivesse diabetes, não consegui chegar a nenhuma conclusão. Apenas penso que se não tivesse diabetes teria optado por estudar Matemática, mas não consigo “ir mais além” deste pensamento. Eu tenho diabetes! Faz parte de mim e define o meu EU! =)


4.       Deste a cara, e bem, pela nova tecnologia que existe e que melhora bastante a qualidade de vida de quem tem esta doença. Segundo a Sic Notícias Uma tecnologia digital de controlo da diabetes, sem as habituais picadas diárias.” Existe inclusive uma petição pública para que este aparelho tenha algum tipo de comparticipação. Para quem ainda não está convencido em apoiar esta causa, que não leva mais do que 20 segundos, bastando para tal, clicar aqui, o que tens a lhes dizer?
Este tecnologia faz parte dos meus sonhos desde o meu dignóstico de diabetes. Picar o dedo, pelo menos, 7 vezes por dias para obter valores de glicemias “isolados”, que te fazem tomar decisões no tratamento é muito “pobre”. As “picadinhas” em que por vezes não consegues sangue suficiente (por causa do frio tens menos irrigação sanguínea e é mais difícil obter umas gotas de sangue com volume suficiente para o teste, por exemplo), em que por vezes a punção no dedo te magoa horrores e quando estás a trabalhar (teclar no computador), te provoca dores tremendas...
Finalmente, esta tecnologia chegou a Portugal e à semelhança dos outros países, os resultados têm sido muito bons.

Eu apoio a petição com todas as minhas forças! Curioso falares do assunto porque o mentor, o Sérgio, pediu-me para ajudar a construir a fundamentação da petição.
Relativamente à tecnologia tenho a dizer que o FreeStyle Libre permite à pessoa com diabetes obter, em vez de 7 valores diários, 1440 valores com indicação de tendência da glicemia, se está a descer, a subir, acentuadamente ou não... Esta informação possibilita-nos atuar prevenindo agudizações, como a hipoglicemia ou hiperglicemia que podem provocar o coma. Por exemplo, o tratamento de uma hipoglicemia em meio Hospitalar tem o custo de mais de 3000€. Esta tecnologia reduz o número e gravidade de hipoglicemias, promove a melhoria do controlo glicémico com consequente diminuição das complicações da doença e dos custos associados. Esta tecnologia permite avaliar a glicose em 1 segundo, aumentando a qualidade de vida do doente.

Não posso deixar de dizer que quem usa esta tecnologia, reduz significativamente o uso de tiras de teste de glicemia, que são comparticipadas pelo Estado. Deste modo, faz sentido que quem utilize o FreeStyle Libre (diminui o uso de tiras) tenha alguma comparticipação do Estado Português.





5.       Estudaste nutrição pela pura vontade de comer?
Estudei Nutrição pela importância que tem no controlo da diabetes e para poder ajudar pessoas na mesma situação que eu. Optei por esta área porque é um dos principais determinantes em saúde do nosso tempo. A alimentação desadequada  é a causa da maioria das patologias do “nosso mundo”.

6.       Para quem percebe tanto de alimentos e seus nutrientes, ao que é que tens dificuldades em resistir?
Chocolate com avelãs e filhós.

7.       Na tua opinião, como se come em Portugal?
Portugal é um dos membros da Dieta Mediterrânica. A verdade é que o consumo excessivo de açúcar, calorias e sal é uma das conclusões dos estudos realizados no âmbito dos hábitos alimentares. Juntamente com o baixo consumo de frutas e vegetais, são a causa das doenças crónicas que atingem metade da população portuguesa. Isto é um facto assustador!
Acho que os hábitos alimentares dos portugueses têm melhorado, mas os nutricionistas têm muito trabalho “pela frente”.


8.       Pensando agora nas famílias e escolas, que mensagem gostarias de deixar aos pais e aos gestores das escolas, no que diz respeito às questões alimentares?

Preocupa-me muito! Cada vez que faço uma ação de sensibilização em crianças, inquieta-me a composição das “Marmitas” da maioria: ricos em energia, açúcar e sal. É nesta faixa etária que se definem hábitos alimentares que se manterão para a vida adulta. Por favor, percam 5 minutos do vosso dia a fazer o lanche do vossa(o) pequena(o), pois esses minutos diários definirão a saúde dela(e) no futuro, a médio e longo prazo.




9.       Tens também um blog deverasnutritivo. Escrever ajuda a estarmos mais perto dos outros?
Sim. O DeVerasNutritivo nasceu da necessidade que sentia de estar próxima das pessoas com as mesmas preocupações, sentimentos, frustrações, dúvidas que eu. Nasceu com o objetivo de partilhar as minhas experiências e de me possibilitar uma aprendizagem contínua que a diabetes exige, de modo a que essa aprendizem seja discutida e enriquecida por cada “um de nós que a vivenciamos”. 

10.   A diabetes não define quem tu és, será apenas uma parte da tua vida. Que sonhos existem para lá do horizonte?
A diabetes faz parte do meu “EU”. Sonho aproveitar a vida ao máximo, sentir-me realizada a nível pessoal e profissional, ser útil à sociedade, sorrir e fazer sorrir.

11.   Este blog chama-se Penso Rápido – pequenos remédios para as comichões do dia-a-dia. Que Penso Rápido usas no teu dia-a-dia?
Respirar fundo, música, os “meus” meninos, família e amigos. Natureza e correr.