Era o final de mais uma semana com muitos desafios, que terminou com mais um dia longo.
Depois desse dia longo, foi o jantar, a cozinha. Foi só mais uma bacia demasiado grande de roupa para passar. Antes disso, deita-los.
Já perto das onze da noite, chega finalmente ao sofá. Aquela criatura, completamente maquiavélica, pelo menos no inverno, que tem garras e nos anestesia com poderes inter-galáticos.
Já quase rendida, ao quente da lareira, à manta onde se aconchega, naquele sofá, pede-lhe uma torrada, à maneira dele. Sabe que vai vir, escandalosamente cheia de manteiga. Sabe que faz mal, que sozinha nunca a faria. Que àquela hora da noite, mais do que a fome, é o conforto de saborear uma ceia, sem pressas, esquecendo horários e despertadores do dia seguinte. Podia-se ter levantado, cortado o pão fino e posto só uma película ligeira de manteiga. Podia, só que não era a mesma coisa.
Nestas alturas, apesar do muito caminho já feito, com curvas e momentos de descoberta, umas vezes sozinha, outras vezes a dois, é que percebe porque estão juntos. Aquela torrada, cortada de forma grosseira, a escorrer manteiga, tempera o seu dia, saindo dos limites, entre o que deve ser feito e o que sabe bem.
As pequenas coisas. No fim e no princípio, o que contam, são as pequenas coisas.
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