Vamos Cuscar? 14#


Conheci a Marta pela televisão. Numa das poucas vezes em que vem ao país. Mas comecemos pelo início. A Marta é portuguesa e resolveu dar-se como voluntária para o Quénia, mais precisamente para a Kibera, uma das maiores favelas deste país. E apaixonou-se. Apaixonou-se pelas pessoas, pelo lugar, mas sobretudo pelas crianças. Estava muito por fazer e assim decidiu arregaçar as mangas e partir. Há mais de quatro anos, está a tomar conta e a dar oportunidade a que quase oito dezenas de crianças agarrem a oportunidade de estudar e a serem mais felizes, porque nem só de estudo é feita a vida.
Foi num desses acasos felizes que conheci a Marta. Já não me recordo porque estava em casa aquela hora em que um programa televisivo apresentava esta jovem e ao seu bonito projecto From Kibera with Love e faltavam… ténis para levar. Ténis. Em menos de meia hora o assunto foi resolvido com uma empresa que lhos ia enviar. Acho que me chamou a atenção o sorriso e o brilho no olhar. Ela com uma felicidade com os pés no chão e eu com esta interrogação de como é que alguém larga tudo, para encontrar tanto e nada, numa outra parte do mundo.
A Marta é uma força da natureza. E sim, há muito no nosso país também para fazer mas que cada um siga a sua vontade de contribuir num mundo mais justo. Afinal, porque colocar fronteiras quando apenas se pretende ajudar seres humanos. Independentemente dos credos, das cores. São crianças, são jovens e adultos que apenas precisam de que alguém lhes dê a oportunidade de terem alguém que lhes permita fazer a diferença nas suas vidas e assim sucessivamente.
Vamos cuscar a …  Marta?

Idade: Últimos dias com 27 anos 
Naturalidade: Barreiro 
Comidas preferidas: Bacalhau, alheira, arroz de pato, queijo
Um livro a não perder: 3 chávenas de chá 

1.       Se pudesses convidar alguém famoso (vivo ou morto) para jantar, quem escolherias e porquê?
Angelina Jolie, admiro-a muito. Gostava muito que ela soubesse o que se passa em Kibera e o que faço para garantir um futuro a estas crianças e uma vida melhor a estas famílias. 





2.       Ao olhar para trás, fazias tudo da mesma forma?
Sim, sem tirar nem por:) Mudaria apenas o tempo de resposta às pessoas que querem ajudar. Perdi muitas ajudas por demorar muito tempo a responder mas foi impossível fazer de melhor forma. Desculpem-me!





3.       Estás tão imersa na realidade do Kibera que ainda te surpreendes com alguma coisa?
As vezes ainda me surpreendo com algumas situações em casa, com algumas coisas que acontecem especialmente as mulheres. Com as coisas a que elas se sujeitam só por causa da cultura.



4.       Quais são para ti, as conquistas mais importantes destas crianças?
Quando são as melhores alunas da escola, quando fazem algo bem pela primeira vez que antes não conseguiam fazer, quando por exemplo os mais bebés explicam-se em inglês.




5.       Há certamente, muita angústia e momentos de dúvida. Que obstáculos encontras?
A língua, a corrupção, a não cooperação dos pais, a mentalidade das pessoas, a cultura...



6.       Nos dias de chorar de felicidade, o que te faz continuar a acreditar que este é o caminho?
Tenho esperança e acredito mesmo que estou no caminho certo e que no futuro todo o esforço e tudo pelo que passei vai valer a pena.



7.       Há dias de muita saudade, não há? Do que sentes mais saudade?
Quase todos os dias. Da minha vida antes disto... dos meus amigos e família. Do Barreiro. Da minha liberdade. De sair de casa a qualquer hora do dia ou noite sem me ter de preocupar com nada. De não andar sempre suja e cheia de pó. Da minha casa branquinha. Dos meus animais. De ir ao café.


8.       Todo este teu projecto é uma prova de fé e amor. Por mais tempestades que venham, no que é que continuarás sempre a acreditar?
Que a educação que estamos a oferecer a estas crianças vai garantir-lhes um futuro brilhante fora de Kibera. E que através das coisas que aprendem diariamente connosco, a chamada educação informal, vão transformar-se em melhores seres humanos. Pelo menos diferentes da maioria das pessoas de Kibera. 




9.       Para quem queira ajudar, como pode fazê-lo?
O melhor será acompanhar a nossa página no facebook, lá coloco os pedidos de ajuda que vão surgindo ou podem contactar-me por email ou mensagem no facebook mostrando disponibilidade para ajudar. Terão resposta, posso demorar uns dias mas respondo :)




10.   E se alguém quiser procurar mais informações ou dar-se como voluntário basta procurar onde?
Para informações gerais basta ir acompanhando o nosso facebook. Para obter mais informações sobre voluntariado podem procurar no site: paraonde.org ou através do nosso facebook ou email. No nosso site futuramente.



11.   Este blog chama-se Penso Rápido – pequenos remédios para as comichões do dia-a-dia. Que Penso Rápido usas no teu dia-a-dia?


O abraço deles... muitas vezes quando me apetece desistir de tudo, quando tudo corre mal chamo uma das crianças e peço um abraço. Resolve tudo, pelo menos naqueles segundos.





Sem comentários:

Enviar um comentário