O meu Xanax

Há quem tome Xanax. Nada contra. 

Eu tomo esta senhora, em doses generosas quando é preciso colocar o coração no sítio. Não sou budista, fui criada como católica. Não me revejo assim bem em cultos de religião. Em nenhum deles. Gosto da espiritualidade vivida de forma mais livre, embora às vezes sinta falta de um qualquer ritual. Às vezes gosto de me sentar nas igrejas quando estão vazias. São tão bonitas. Mas as mesquitas também são. Afinal, não temos que gostar todos do amarelo e ainda bem que há tanta diversidade, até mesmo nas religiões. 

Mas gosto desta monja porque o que diz transcende um pouco a religião em si. Há uma humanidade tão bonita, tão palpável. Talvez pelo tom de voz, pela forma como se vai rindo das tontarias de todos nós, dela mesma. Não sei. Só sei que me acalma os nervos quando esses mesmos nervos resolvem sair do lugar. E não há perigo de sobredosagem, nem de viciar, nem de dependência. Ela fala de sexo, com a mesma naturalidade com que fala da sua comida preferida, da vez que esteve presa, do seu bisneto, de paz e das maravilhas das novas tecnologias. Há em vídeos de dois minutos, e palestras de quinze. À vontade do freguês, consoante a necessidade da terapêutica. Hoje foi esta a minha companhia enquanto dava conta da bacia da roupa para passar. 

Simples. 



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