Olhares


Entraram no comboio. Para Ela, era a viagem 2643. Para Ele, uma aventura. Sentaram-se nuns lugares normais. Ele achou-os extraordinários. Ficou do lado da janela. Olhos muito abertos. A mente ainda mais. As cores de uma luminosidade tornada ainda mais viva por ser Verão. Junto ao Tejo. 

O fascínio de uma grua, dos barcos. Das muitas pessoas. Ela, largou o livro que vinha a ler. Arrumou-o na mala. E começou a contemplar pelos olhos D´Ele. Os pormenores. Muitos, salpicados à medida que a viagem decorria em ritmo compassado, à vontade da carruagem e da máquina de ferro. E lembrou-se que se tinha esquecido de Olhar. Tudo de novo. Como só uma criança sabe fazer. Ela deveria ter 21, Ele pelos 12. 

E o que recorda dessa tarde de passeio, dessa partilha de irmãos, foi essa aprendizagem boa que só as crianças nos ensinam, em que tudo é possível, o Mundo uma aventura e descoberta. Há outro encanto em tudo o que se faz, toca e descobre. E está-lhe grata. De volta e meia recorda esta história. Porque de volta e meia é preciso descobrir aventuras nos dias. E em que as crianças são especialistas. 

Mesmo em dias de chuva como os de agora. Tal como este vídeo que vos deixo.






P.S.: Boas aventuras novas meu irmão. Que mantenhas essa enorme capacidade de olhar, tal como naquela viagem de comboio <3. 

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