De direitas e de esquerdas

As autárquicas já lá vão mas na verdade apercebi-me da minha tendência de esquerda cá em casa e da vontade de me mudar para a direita. Não, isto não é, e dificilmente alguma vez será, um post sobre política. 

Passo a explicar. Todo o santo dia de semana, quando chego a casa, viro para a esquerda. Para trocar de sapatos e porque é para essa zona da casa que se situa a central de funções maior, desta pessoa: a cozinha e lavandaria. Por isso, mal chego, e porque a minha D. Alzira continua em parte incerta a gozar de uma qualquer reforma antecipada, num qualquer cruzeiro, em ilhas perdidas, sem furacões, agarro-me à cozinha. Deixo muita (mesmo muita) coisa adiantada ao fim-de-semana. Mas mesmo assim é preciso sempre aquecer, fazer arroz, massa ou batatas para o jantar. Verdade, ainda não consegui domesticar os espécimes cá de casa a crescerem e a viverem da fotossíntese. Por isso, nada a fazer. Viro, invariavelmente, para a esquerda. E por lá fico entre comidas e roupas para pôr a lavar, estender ou apanhar (já disse que não tenho uma D. Alzira?!?!), lanches do dia a seguir e afins. 

Apercebi-me desta minha tendência pela esquerda e pareceu-me mal. Pelo simples facto de que quer a esquerda, quer a direita têm algo a acrescentar. Eu até sou balança, por isso, acredito muito nesta coisa dos equilíbrios ou então a tendência para tal. 

Ontem resolvi instituir uma revolução partidária e embora todo o meu corpo se inclinasse para a esquerda, mal abri a porta de casa, obriguei-o, no sentido contrário e demorei-me num beijo e abraço aos dois. E só porque estamos em tempos de manifestações, atrevi-me a sentar no sofá por alguns minutos. 

Assim, com vagar, se iniciam revoluções. Hoje, o sacana do corpo teve mais força que a benevolente vontade e virou, de novo, à esquerda. Mas amanhã, amanhã, reinicio uma revolução de novo. 



Imagem daqui.

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