Sempre que possível, oferecemos-lhes livros. Histórias que permitam viajar para dentro e fora deles. Que os façam crescer para lá do tamanho dos centímetros.
As estantes estão cheias deles. Ele já lê sozinho, ela ainda as ouve por nós. À noite, quando lhes perguntamos se já escolheram a história, respondem que não há nada para ler. Já leram aquilo tudo. Umas vezes relem-se histórias antigas, outras vezes trazem-se livros da biblioteca escolar ou da municipal e viaja-se de novo.
Este natal oferecemos à nossa pirata-princesa, este livro que conta a história de cores explicada a quem...não vê. Como explicar a um cego, a cor azul, ou o vermelho, ou o amarelo. Com o livro vem também o abecedário braille. E ela perguntava para que eram aqueles pontinhos e como é que as pessoas conseguem ler assim. Tentei-lhe explicar a maravilha que era as pessoas cegas também conseguirem ler.
Eles têm a sorte de terem uma tia, (e eu a melhor cunhada do mundo) que estudou língua gestual. Contei à mais nova que, junto desse alfabeto de braille, estava também o da língua gestual e assim podiam comunicar, em código, também com a tia.
Comunicar é fundamental, ajuda-nos a expandir, a ir mais além, quer se veja ou não. Quer se consiga ouvir os sons ou se precise de encontrar outras formas de transmitir as palavras.
Muitas das universidades têm livros técnicos para os invisuais. Mas falta haver mais escolha para que também eles possam sonhar através da leitura. O Politécnico de Leiria criou uma biblioteca braille. Chama-se Mãos que lêem e tem já prontos para impressão, 23 obras. Conta ter, até ao final do ano, um total de 35 obras disponíveis.
Quem conta um conto, acrescenta-lhe um conto e neste acaso, histórias para ler.
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