Em dias sem sol

Há dias sem sol. Sem nuvens. Sem nada. 

Há dias em que as palavras nos faltam, mesmo que o nosso mundo seja feito de dar palavras que confortem o outro.

Há dias em que o mundo fica virado do avesso, em que nós nos viramos do avesso e um sentimento de impotência se apodera de nós. 

Quando acontece algo que foge da órbita lunar e vira a gravidade ao contrário, sugando-nos para fora deste planeta e nos sentimos a flutuar, no espaço escuro do universo. Num vazio frio, despido de sentido.

Um medo das incertezas, dos imprevistos banais e que podem ser fatais, em que se percebe o tamanho e o poder que um segundo faz na vida de alguém, e por sua vez, nas vidas a quem essa pessoa tanto toca.

Nos dias sem sol, sem nuvens, sem nada, ficam os abraços apertados, muito apertados. Mesmo que falhem as palavras que soam tão ocas, tão sem sentido. Os abraços serão sempre extensão de afetos em tempo e espaço real. 

Ficam também os olhares sinceros de quem quer bem, mesmo sem dizer nada. 
Fica um espírito de comunidade que se uniu, procurando de alguma forma partilhar uma dor que não tem dignidade para dizer que é sua, mas que, de alguma forma quer tomar como pertencente e carregar só por um pouco. Não alivia mas fica a esperança de reconfortar. 

Em dias sem sol, e nos dias seguintes, semanas seguintes e por todos esses dias longos fora, em que a falta de alguém, transforma em décadas, uma simples hora, honra-se quem parte procurando esse sol dentro de cada um e irradiando por quem se cruze. 

Uma luz que fica e que não pode ficar em vão, que se homenageia nas boas ações de cada um.

Em dias sem sol...que surja a luz do amor, que se espalhe, que se multiplique, pela vontade de quem parte, pela necessidade de quem fica a olhar para o alto, em busca de uma orientação. E que a luz do amor seja mais forte.









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