Síndrome do Todo-o-Poderoso

Há quem goste de misturar farinhas, açúcares e ovos e ver no que dá.
Há quem pegue em recortes de jornal, revistas, tesouras, réguas e papel e componha  arte.
Há ainda quem goste de escrever, esculpir, criar jardins dentro de vasos. Mexer em tintas, mudar móveis. Pegar em restos de tecido e inventar moda.
Há também quem invente brincadeiras e jogos. Surpresas para os outros.
CRIAR.






Entre o neurónio da rua Cinzentona e o neurónio da avenida Deprimida, havia um sentimento e emoção generalizada de impotência face o Mundo e ao Dia. Arrastou-se da cama, pôs o café a fazer, um banho    lento, d-e-m-o-r-a-d-o de quem nem sabe bem para o que está a acordar.
Vestiu uma roupa quentinha, que as manhãs começam a refrescar, as pantufas gastas mas tão boas, e ligou o computador. Primeiro em modo de aquecimento passou vista de olhos por páginas de notícias (ou serão des-notícias?).
Começou então a trabalhar. Uma série de programas permitem que em pouco mais de 3 horas (como é que passaram 3 horas???) crie uma nova capa de livro e um esboço para uma recente página da net. CRIAR.
Criar será talvez o que mais nos aproxima do divino que há em nós. Faz surgir energias escondidas, capacidades enferrujadas. Sentir vivos de novo, uma e outra vez.
E é mesmo seja o lá o que for. Uma receita, um texto, uma surpresa, uma fantasia, uma pintura, um pedaço de madeira, de tela ou tecido, um pouco de plasticina!!!
Mas que se crie de novo e sempre, mesmo quando não haja vontade nenhuma. Só é preciso é começar e aceitar que cada tentativa é só por si um ato de vontade de continuar a sentir.
Criar. Pelo simples prazer de nascer de novo quando se pensava em morrer um pouco mais naquele dia.


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