Mostrar mensagens com a etiqueta crianças. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta crianças. Mostrar todas as mensagens

Sobre o que lá vem

 Os primeiros a usarem, de boa vontade a máscara foram eles. E às vezes nem era preciso. Custa ver, os momentos de saudades de jogarem à bola, de irem à escola ou de brincarem com os amigos. Mas depois, vemos a encontrarem alternativas, num ápice de piscar os olhos. 

Seguem com a vida, apesar de tudo, como ela está e o que tem de melhor, nas circunstâncias atuais. Continuam a refilar, a rir, a correr pela casa, a lerem, a pintarem, a sonhar alto com o que querem fazer um dia, com a certeza de que vai mesmo acontecer. Sem temores ou anseios do que ainda vem, das incertezas. A vida, na sua forma mais simples. Tanto para aprender com eles...

Para a semana retoma a escola, à distância do botão. Ficam por viver as brincadeiras dos recreios, as corridas, as conversas, as provocações, os empurrões, as gargalhadas em grupo, a seca e a maravilha das aulas, com as inevitáveis partidas que a presença numa sala, puxa o corpo a fazer. Mas é o que é. Por todos, é assim. E já não vamos às cegas: 

  • Eles já sabem. Há um ritmo entre aulas online e telescola. Eles já o conhecem e a adaptação, com os devidos reajustes, vai ser mais rápida do que da última vez. Eles adaptam-se muitas vezes melhor, do que nós, os adultos. 
  • Dar espaço e tempo. Mesmo sabendo ao que vem aí, é preciso afinar os dias, a rotina. Ver o que funciona melhor na nossa família e dar-lhe tempo para encontrar o melhor ritmo. É diferente ao do vizinho, da prima e do colega.
  • Acolher. Vai haver momentos de frustração. Fazem parte. Também os há na escola fora da nossa casa. Acolher e aceitar que faz parte. Encontrar as #bolhasdeoxigénio de que já falei aqui. Ajudar a encontrar a deles, e a nossa com eles. 
E respirar, lenta e pausadamente. 
Uma respiração de cada vez, e chegamos lá. 
Juntos. ❤





Créditos de Imagem desta autora.

As crianças e este vírus

É como se fosse um espelho.
As crianças e (muitos) jovens, imitam como os adultos agem perante as situações. Seja no trânsito, em situações caricatas ou até nesta situação que se está a viver de muita informação sobre este vírus. 

Felizmente, por cá, ainda tudo muito sereno, com casos efetivamente diagnosticados, mas sente-se no ar um burburinho crescente de informação e desinformação que passa para os mais novos. 

Adultos informados, tranquilos e responsáveis, transmitem segurança a crianças e jovens que só precisam de compreender como agir perante situações que não se controlam. Podemos todos ter mais cuidados com a higiene? Sim. Hoje, amanhã e na verdade desde sempre. Então controlamos o que é possível controlar. 

Esta é mais uma oportunidade de aprendizagem para os deixar falar, fazer perguntas, pô-los a pensar se tudo o que ouvem ou se anda a dizer é verdade ou não. Sermos porto seguro.

Deixo-vos aqui as recomendações, da Organização Mundial de Saúde, com tradução da Ordem dos Psicólogos, para ajudar as crianças a lidar com situações de maior stress, por acaso nesta situação, em relação a um vírus. Poderia ser em relação aos incêndios, que na nossa região, o interior, acontece todos os anos. Resume-se tudo a estarmos nós, adultos, mais atentos, mais serenos, mais conscientes deles e do que nos rodeia. 













Sobre a Liberdade

Ser livre para dar-lhes a liberdade de se expressarem e terem opinião própria. Silenciar um pouco a nossa voz de pessoa grande e ficar por ali a ouvir, a voz tão grande deles. 

Ser livre para ouvi-los, esquecendo a voz da nossa mãe, daquele tio-avó, da vizinha, do professor, daquele psicólogo chato que li ou vi, de relance na TV. Que sabem eles, dos meus, de mim?

Ser livre para vivê-los na liberdade de quem sou como mulher, quem quero (ainda) ser como mãe.

Ser livre para deixá-los andar soltos, sem pantufas, pintar a cara, as mãos, conjugarem calças às riscas, com camisolas às bolas. Deixar à solta, o artista que há neles, que há, em cada um deles, de forma tão diferente e subtil. Quem tem mais do que um, não venha com a história de que os educou iguais, que sou a mesma mãe. Não, não é. Nem o mundo já é, quanto mais eu. 

Sobre a liberdade de agora e a liberdade de se ser Mãe nos dias de hoje e a bênção grande que é ter a escolha de deixar as culpas do devia de ser assim, para ontem. Fazer revolução de pensamento, todos os dias e celebrar a liberdade de na verdade, podermos ser, como quisermos e o sermos também nesta escolha bonita, de se ser Mãe. 


Está tudo bem

Sair da zona de conforto é dito como sendo importante para nos obrigarmos a crescer, reinventar ou desenvolver. 

Por outro lado, estar ali no bem bom do nosso canto tem um sabor particular e seguro porque, na maior parte dos casos, demorou-se a chegar ali. Conhecem-se os cantos e manhas e vai-se demorando nesse aconchego bom do que já se conhece. Às vezes é até fundamental para respirar-se e ganhar forças. Por isso, deste lado, sou adepta deste género de sofá e de me manter, de vez em quando, em zona segura que respire tranquilidade. 

As zonas de desconforto fazem dar uma volta maior, obrigam a perguntas e, melhor ainda, a encontrar novas respostas para situações que nem sabíamos que existiam. Há tanto por descobrir para lá das nossas fronteiras interiores. As maiores viagens são essas mesmas. Viagens que nos levam fundo cá dentro. Às vezes mergulha-se tanto nas nossas águas, que até parece que nos falta o ar. Só que não. Foi apenas um momento de fechamento de si e para os outros, para se voltar a encontrar o norte cá de dentro. 

Sair da zona de conforto, sem saber muito bem o que vai acontecer a seguir faz-nos estar mais alertas e por isso todas as aprendizagens são potenciadas. Tudo é novo e ao mesmo tempo tentamos encontrar forma de responder com o que já aprendemos há muito. E se há algo a retirar desta última semana em que nem tudo foi perfeito e o foi ao mesmo tempo, foi isso mesmo: Está tudo bem. Permitir sentir isso mesmo, sem exageros, aceitando cada dia e possibilidade. Está tudo bem. Mesmo que não esteja, perceber (e sobretudo sentir) que faz-se o melhor e o resto é o que está a acontecer e abraçá-lo com a sabedoria do caminho já feito. 

Tinha o sonho de os levar, pela primeira vez numa viagem maior. Finalmente, foi possível. Não foi perfeito porque o pai não conseguiu ir mas está tudo bem porque ele esteve presente de tantas e variadas maneiras.

Não foi perfeito porque houve os muitos cansaços de caminhar e explorar mas está tudo bem porque aprendemos os três, a ouvir-nos melhor e estar mais atentos às necessidades uns dos outros.

Não foi perfeito porque choveu e está tudo bem porque vimos que apesar da chuva, bicicletas continuaram a rolar e passeios a serem feitos. É apenas e tão só, chuva (como muitas outras coisas chatinhas da nossa vida).

Não foi perfeito porque todos os dias queria estar em discurso positivo, aos queixumes de sono-fome-cansaço-birras (deles e meus) mas está tudo bem porque como mãe sei que fui muito longe ao estar sozinha, no meio de algures, com os meus tesouros. Na maior parte dos dias, era só eu e eles. Estão tão crescidos e ajudámo-nos uns aos outros... Respirei muitas vezes fundo e eles ficavam a olhar e respiravam também até que passasse, do meu, ou do lado deles. Foi sobretudo isso, um tempo de treinarmos os tempos e vontades de cada um.

Não foi perfeito porque apesar de querer interagir e dar opiniões, não me entendo naquela língua cerrada mas está tudo bem porque pude ouvir muitas histórias de quem teve a simpatia de as partilhar em inglês e, mesmo com as minhas modestas frases de primeiro ciclo, foi bom apenas deixar-me estar. 

Não foi perfeito porque ficou muito por visitar mas está tudo bem porque a maior visita foi a que fizemos a casa destes nossos amigos, que nos receberam com um amor imenso, partilharam os seus dias e as suas vidas e me ajudaram a tapar feridas que teimavam em sarar. 



Foi um verão muito diferente do habitual, de desassossego vá-se lá saber de que águas profundas. Mas está tudo bem. Está mesmo. Porque a maior viagem é a que fazemos de dentro para fora de nós e sair da zona de conforto é ainda uma das melhores formas, de nos expandirmos, para lá fronteiras: as nossas. 















Sonhar faz bem

Esperar e acreditar.
Voltar a esperar e fazer por acontecer.
Duvidar, (quase desistir), voltar a acreditar e por fim... ir acontecer.

Há uns tempos alguém me dizia que sonhar é agir com uma data marcada. Que ficar no plano de fazer listas do que se quer fazer sem marcar na agenda, no calendário, o tempo e espaço para que tal seja possível resulta nisso mesmo: numa data de castelos de nuvens só com ar no meio. Não vivemos sem ar, certo. Mas viver com ar&algo que o vá preenchendo dá-lhe outro sabor. A treinar esta coisa de marcar com lápis umas vezes ou marcador preto (consoante a maior ou menor confiança de que vá estar sujeito a reajustes ou alterações) e fazer acontecer. E marcar logo porque esta coisa de sonhar-com-ação é bicho escorregadio que tem vida própria como se fosse uma enguia e nos escapasse entre os dedos à procura de quem tenha mais força, mais coragem, mais acreditar do que nós. Se nasceu aqui, realizasse aqui. Certo? Certo. 

Sonhar faz bem. Fazer os sonhos acontecer, ainda melhor. Em contagem decrescente há muito tempo. Um dia vai acontecer. Em modo de tic-tac, tic-tac, tic-tac.
Para ver por aqui e aqui.


Sobre arranques escolares, férias, gritos e relógios

Aquilo de que mais gosto em momentos de paragens de trabalho são as férias do ... relógio. Os relógios cá de casa são embrulhados, cuidadosamente em papel de sede, com fita de lã e colocados no fundo de uma gaveta quando se portam bem. Quando se portam mal, seguem para a Mongólia. 

Gosto de não ter que apressar os miúdos para comerem, de os deixar em pijama mais horas do que as permitidas no código parental revisto - 2ª edição, de andarem despenteados só porque sim. De haver muito menos rédea curta. 

É o relógio e os horários para os levantar ao início do dia e os conseguir deitar a horas decentes, nos dias de semana, que cá me causam comichão ao sistema. Quando não há este stress... anda-se na paz do senhor. E da senhora, que sou eu. 

No meio disto tudo começou mais um período escolar e com ele foi ressuscitado, a contragosto, o maldito relógio. Senti, por ele, uma pontada de amargura, logo no primeiro dia. Ele a trautear TIC-TAC-TIC-TAC mesmo ali nas minhas ventas. Confesso que me pareceu que o ouvi emitir um riso sarcástico, mal lhe virei as costas. De frente, não se atreve. Ainda lhe pesa na memória a última neve da Mongólia. Os miúdos até ajudam mas está claro que são ... miúdos. Por serem miúdos, esticam a corda, o elástico, o fio de nylon, até que a voz de adulto se sobrepõe (pela não-sei-quanta-vigésima-vez...) e sai em disparo demasiado alto. Sai um grito e com ele saem palavras menos bonitas de fins de dia que em dias de relógio escondido, não aparecem. Acho mesmo que quando o relógio entra de férias, essas palavras vão com ele também. 

Miudagem na cama. Aterra-se no sofá, sabendo de antemão, quem vai ganhar, mais uma vez, nestes dias frios de inverno. O sofá e a lareira, tenho a certeza que têm um caso e é nessa cumplicidade que me fazem adormecer, noite sim, noite também. Até que tal não aconteça, quando se cai no sofá, cai também aquela culpa miudinha de se saber, bem cá no fundo, que não havia necessidade de tudo aquilo, que não fosse o maldito relógio e os horários, seria bem mais simples. 

Assim naqueles minutos antes de me deixar encantar pela hipnose de sofá-lareira, apercebo-me da grandiosidade dos miúdos. Porque eles lá sabem que se gosta muito deles, e mesmo assim, mesmo havendo ralhetes, vozes que atingem altitudes dos Himalaias, e palavras mais feias, mesmo assim, são capazes de esquecer, para logo a seguir darem um abraço ou um beijo, numa rapidez de amor que desconcerta. Quero aprender com eles. A ir ao que interessa. A perdoar o geral, para ir ao particular daquela pessoa de quem gostam. Sem mas ou ses. 
Os miúdos gostam e ponto final. 
Eles são sábios, não são? 







Foto daqui.




A escola

Chegou a casa.
Foi concentrado, compenetrado e focado, directo para o quarto. Tirou os livros. Fez os trabalhos de casa. A seguir, fez uma revisão de tudo o que aprendeu naquele dia. Arrumou os livros do dia seguinte. Colocou a mochila na entrada. 

Só que não. Não foi nada disto que aconteceu.

"Ó mãeeeeeeee!!! Não encontro o lápis!"
"Não me apetece fazer isto! Ainda ontem fiz! Porque tenho que voltar a fazer as mesmas letras que fiz na escola?"
"A Luísa é mais rápida que eu a escrever..."
"Isto é chato!!!!" 
"Posso só jogar mais um jogo no tablet, antes de ir fazer os tpc?? Pleaseeeeeeeeeeeee!"
"Ó pai, senta-te aqui ao pé de mim, enquanto passo este texto de 3 páginas!"

Estas e outras questões pertinentes para o estado da nação de cada casa, no próximo Pais que Respiram na ... Escola.

Inscrições até 7 de outubro para: abelpb@gmail.com


Realidades


Um jornalista. Um fotógrafo. Põe-se e tira-se cenário e tudo muda. A história daquelas pessoas. Basta clicar em cima das imagens.
Uma notícia de fevereiro mas que continua, atual. 
Até quando. 

Para ver aqui.


Imagem daqui.

Vamos cuscar 20#


A Sandra sorri com os olhos e estes são grandes e cheios de vida, não aguentando o tanto que têm para dar. Talvez por isso, decidiu dar do seu olhar aos outros. Um gosto em estar com eles, e este seu jeito de estar com os mais novos. Lembro-me de a ver pequenita, quando morávamos pelo mesmo bairro. Mais tarde nas saídas à noite, pelo café do costume e depois a Sandra andou a viajar por aí, à procura dessa sua vontade de estar perto dos mais pequenos até que, há tempos me apercebi que esse por aí era… Timor Leste. Daqui até lá são uma data de quilómetros, mais ou menos, mais de 14 mil e trezentos. Então, o que fez a Sandra rumar até tão longe? Vem aí mais um Vamos Cuscar.



Idade: 34
Naturalidade: Sertã
Comidas preferidas: Cozido à Portuguesa
Um livro a não perder: Inteligência Emocional, de Daniel Goleman, não só pelo seu conteúdo mas porque naquela altura me fez pensar...

1.       Desde que eras miúda, querias tomar conta de miúdos?
Não, como todas as miúdas eu quis ser quase tudo: polícia, arqueóloga, professora, psicóloga...


2.       O que te fez escolher esta área?
Ter uma família grande cheia de primos mais novos ajudou bastante, sempre me habituei a lidar com crianças. Mas acho que só durante o curso e quando comecei a trabalhar é que percebi que era mesmo isto que eu queria fazer. Somos bastante imaturos quando escolhemos a nossa formação, que hoje não é estanque, e ainda bem.




3.       O que é que os mais novos te ensinam?
Tanta coisa... a visão pura da vida e o foco nas coisas simples, a ser mais flexível, a ouvir antes de julgar, a ser mais jovem e mais alegre.



4.       Os filhos dos outros, passam a ser, um pouco, os teus filhos?
Grande parte do meu dia é passado com aquelas crianças, vivo as suas inseguranças e a suas certezas, sou alvo de críticas incisivas e de carinhos inesgotáveis. É muito fácil criar laços com crianças, desde as mais serenas às que requerem mais atenção.


5.       Como geres a despedida destes filhos emprestados, no fim de cada ano letivo?
Com o tempo habituei-me a este vai e vem de "filhos",  mentalizei-me que eles têm que crescer, seguir o seu caminho e eu o meu. Mas mantenho contacto com alguns, é muito interessante ver de longe o seu percurso e confirmar que alguns traços da personalidade ainda estão lá, bem vincados, desde pequenos.



6.       O que é que não se diz e é preciso dizer, sobre a educação de infância?
Que somos a base do ensino, e que esta base bem consolidada é o pilar de uma aprendizagem de qualidade. Que os educadores de infância são profissionais, que a educação de infância é uma atividade profissional, pensada e estruturada. Que não "tomamos conta" de crianças e que a nossa experiência e perspetiva devia ter tanto peso como a de outros profissionais.



7.       Deves ter muitas histórias na tua arca de recordações. Lembras-te de alguma em particular?
São tantas... mas falando em críticas e sinceridade, depois de um ataque de acne, ouvi de uma criança: "Ai Sandra, hoje estás tão feia."



8.       Partir, rumo a Timor Leste é uma decisão audaz. O que te fez comprar o bilhete de avião?
Timor-Leste era um sonho antigo, desde os tempos das imagens na televisão do massacre de Santa Cruz, que naquela altura, talvez pela idade, me marcaram bastante. Daí surge a curiosidade por este país e por este povo. Foi um sonho constantemente adiado, esta não foi a primeira vez que tentei vir para Timor-Leste. Poder aliar a parte profissional, à descoberta deste país e deste povo,  foi a oportunidade que não deixei escapar. 




9.       À chegada, que desafios encontraste?
A adaptação a outra cultura, outros hábitos, outro clima, aos olhares... os primeiros tempos são de constantes novidades a cada minuto. Nada é nosso, nem as pessoas, nem as condições de vida, no início sentes falta de quase tudo... Como fiquei na montanha a adaptação ao isolamento também foi lenta, até reinventar novos hábitos e novas rotinas demora algum tempo. Mas o ser humano tem uma impressionante capacidade de adaptação e neste momento já me sinto perfeitamente adaptada, primeiro estranha-se e depois entranha-se.



10.   Nesta altura em que o mundo, por vezes, parece um pouco ao contrário, o que tem Timor para oferecer?
Tem muito. Pessoalmente dá-me uma perspetiva do mundo para além da minha caixinha, a capacidade de valorizar as coisas mais simples, de me superar a cada dia e de relativizar os obstáculos.  Profissionalmente ainda existe respeito pela figura do professor e valoriza-se o ensino. Todos os dias cresce um sentimento de utilidade que me enche o coração e a alma.



11.   Como é um dia típico teu?
Às 8h começam as atividades letivas, que decorrem durante a manhã, de tarde regresso à escola, para planificação, preparação de materiais, apoios ou para atividades com a comunidade, como a formação de língua portuguesa e de cozinha, por exemplo.




12.   Deve haver momentos de saudades. Do que já vais sentindo falta?
No início sentia falta de tudo, foi uma mudança de estilo de vida drástica.  Agora sinto falta de passar tempo com a minha família e com os amigos, as tecnologias encurtaram um pouco a distância, no início, mas agora as saudades já apertam.



13.   Semelhanças entre Portugal e Timor… quais?
São um povo genuíno como o povo português, mas é uma nação muito jovem, que foi oprimida durante muitos anos e está agora a soltar as amarras. Culturalmente, a influência portuguesa já é muito dispersa, por causa dos anos de ocupação indonésia.  Com a independência, a língua portuguesa torna-se uma das línguas oficiais de Timor-Leste, mas não são muitas as pessoas que dominam esta língua. São maioritariamente Católicos, ainda por influência portuguesa, mas são mais participativos e conservadores.  Um beijo no rosto, durante um filme visto em público, ainda dá direito a ovação de pé e rostos corados.

Ainda é um país em reconstrução, faltam infraestruturas e recursos de quase todo o tipo. Esta diferença sente-se especialmente nas localidades mais isoladas, tal como também acontece no nosso país, noutra proporção, na zona centro, por exemplo. A diferença é que aqui não se sente o envelhecimento da população, pois a taxa de natalidade é bastante alta.

Ao nível do ensino também há muitas diferenças, a nível de infraestruturas e de formação de professores. Mas tem-se feito um grande esforço para colmatar estas lacunas. Acredito que com o tempo e empenho se chegará a bom porto.


Quanto às crianças, são alegres e espontâneas como em qualquer parte do mundo. Aqui valorizam o essencial, joga-se "à bola" descalço ou descalça-se o pé que chuta a bola, para não estragar os sapatos, e  chora-se compulsivamente quando se estraga um chinelo.

14.   O que vais trazer na tua bagagem?
Uma vivencia muito diferente, novas experiências, o contacto com outra cultura, uma nova forma de interpretar e lidar com os problemas, muitas histórias, boas recordações e saudades ...



15.   Depois de Timor, quais são os teus planos?
Viver um dia de cada vez... mas esta experiência despertou-me a curiosidade por conhecer outros países da comunidade de língua portuguesa, quem sabe...


16.   Este blog chama-se Penso Rápido – pequenos remédios para as comichões do dia-a-dia. Que Penso Rápido usas no teu dia-a-dia?

Eu acredito que se estamos aqui, é para sermos felizes, então, se não te faz feliz, muda-te. 




Conjugar o verbo Ouvir

São muitas mudanças:
horários
amigos
professores
rotinas
desafios.

Controlar, a algum custo, a muita vontade de os proteger e de dizer uma série de informações que já se sabe, são demasiadas para assimilar, todas de uma vez. No meio disso tudo, praticar muito o verbo Ouvir. 

Ouvir 
quando estão calados;
quando ficam frustrados com coisas que antes não ficavam porque é a forma que têm para dizer que se sentem ansiosos com os novos desafios;
quando se decide dizer demasiadas coisas logo pela manhã quando basta um abraço e uma frase curta de incentivo;
quando começam a falar do que se passou e o que deveria ter-se passado, sem nós interrompermos com demasiadas perguntas. Eles já têm muitas a pairar na cabeça.

E esperar, no ritmo deles, que aos poucos, tudo vá bater certo. Porque vai.




Imagem daqui.

Pais que Respiram na ... escola



Juntar pais, dúvidas, partilhas, um punhado de estratégias, sentido prático e a dose certa de coração. Numa tarde, à volta de uma mesa, com sabores e saberes. 


Informações: abelpb@gmail.com
Inscrições abertas até 7 de outubro. 


Hábitos novos

O ser humano é um ser de hábitos e tanto é bom fugir a eles como dá muito jeito, segui-los: poupa-se tempo e sobra para o que é realmente importante. Neste arranque de ano escolar que sobre muito para
olhar nos olhos,
para dar as mãos,
para abraços apertados mesmo que digam que já não querem muito à frente dos amigos,
comer e conversar com vagares possíveis e
para rir.

Criar hábitos que ajudem aos mais novos para ler aqui e hábitos bons para os pais aqui.



Imagem deste autor

Dizem que a escola vai começar em setembro



Pela primeira vez para os pequenos e para muitos pais também. Pela primeira vez, por estas bandas são os dois a porem as mochilas, a terem um nervoso miudinho saudável na barriga, com as expectativas normais de reencontrarem amigos antigos, conhecerem caras novas, testarem-se junto de professores que nunca viram na vida. 

Testarem-se também a eles próprios. Os miúdos não dizem que não querem fazer má figura directamente. Que têm vergonhas, no plural, porque há muitas coisas novas a descobrir. A maioria tem algum receio do que os pais e até professores, pensem das suas capacidades. Não de forma declarada, claro. Mas está lá. Por gostarem tanto dos pais e desses adultos que agora vão passar tanto tempo com eles, querem muito que a coisa corra bem. Compreende-se. No fim e no princípio gostamos que as pessoas de quem gostamos, gostem do que fazemos. É muito gostar mas é verdade. 

E também em relação aos amigos e colegas. Serei chamado para as brincadeiras? Porque estão a rir-se de mim? Comparam-se porque faz parte. Alimentar as comparações é que não, seja com o primo, a irmã que sempre fez um brilharete na escola, ou o periquito. Cada um tem o seu ritmo e a sua riqueza de personalidade. Porque os miúdos, na sua generalidade, resolvem esta questão do stress, de forma muito simples, haja adultos que compreendam e os deixem. 

Os miúdos são crianças e esta frase, que parece uma redundância, na verdade, não é. Os miúdos, resolvem isto muito bem a jogar à apanhada, a dançar, a ouvir música, a jogar à bola, a gritarem muito nos intervalos e a voltarem a correr. Deitam para fora. São muito mais simples do que os adultos que ficam em tensões e ansiedades a acumular, a acumular. Portanto, nos dias antes e nos dias depois...é deixá-los descarregar como só eles sabem. Lá pelo meio, ir respirando e pô-los a eles também a serenar, com calma e carinho, cada um à sua maneira: uns a ler, outros a pintar, outros a caminhar a ritmos compassados para que dê tempo de observar. Entre o acelerar e o desacelerar, que haja tempo para que eles sejam o que sabem ser tão bem: crianças. 


Foto daqui.

A setembro.

Há corações apertados.
Há muitos recomeços para dar início.
É setembro.
Há educadores que hoje vão abrir, pela primeira vez, os seus colos, que querem muito arrancar sorrisos aos mais pequenos e lhes sussurrar que vai correr bem. E aos pais também.
Há pais, muitos pais que hoje entre um suspiro de respirar depois de férias em conjunto, sentem que deixam uma parte de si, na extensão do abraço de outros.

E depois há os miúdos que entre a vontade de experimentar o novo e as aventuras que os dias prometem, se encostam ao cheiro de sempre e que se chama mãe ou pai. Que precisam muito de sentir confiança nas novas caras, paciências redobradas, que têm medos, algumas angústias, mas que precisam, sobretudo, de muito amor.

A todos esses...


Vai
Correr

Bem
Foto do face daqui.


Do que tenho feito e aprendido 9# e 10#



  • Estar quieto significa deixar de descobrir o mundo de dentro, à velocidade a que se está a sentir por dentro. 

  • Uma bola é uma bola. Mesmo que seja feita de um pedaço de papel improvisado é uma bola cheia de expectativa e alegria.


Foto daqui.

Do que tenho feito e aprendido #7 e 8#


  • Uma massagem na mão, aquece o coração. De quem recebe e de quem dá.

  • Falar baixinho, num sussurro, faz cócegas às inquietações que levaram ao disparate e assim o disparate acalma também.



Foto daqui.


Do que tenho feito e aprendido 3# e 4#



3# Subir rampas é uma aventura. Descê-las a correr equivale a receber o primeiro prémio da lotaria.




4# Mergulhar em águas límpidas faz-nos ganhar super-poderes muito maiores que os do Super-homem.




Foto de Tommaso Fornoni

Do que tenho feito e aprendido 1# e 2#

Este mês foi-me lançado um desafio de trabalho diferente. Daqueles que é impossível não deixar marcas, recordações e tantas, tantas aprendizagens. É uma equipa fabulosa, de pessoas que seguindo a sua intuição, de serem apenas seres humanos, consegue muito. 

E crianças. Crianças, que parecem crescidas mas são de tenra idade, que todos os dias se superam e nos espantam. Com momentos que nos fazem questionar tantas coisas e provocam em nós olhares novos sobre as mesmas realidades de sempre. 

Há quem lhes chame crianças especiais ou diferentes. Para mim são simplesmente crianças, com pais muito, muito valentes que aprenderam uma linguagem que é só a deles.

No meio deste desafio, aventurei-me a escrever uma aprendizagem minha, por dia, vista pelo olhar tão bonito deles. 

Ficam as duas primeiras.

1# Um boné não é só feito para estar na cabeça. Os bonés são bonitos quando os vemos a voar.

2# Os camiões e as máquinas são criaturas mágicas que têm vida própria quando passam e nos fazem sorrir e saltar.



Do que tenho feito e aprendido 5# e 6#


  • Repetir perguntas é um exercício para saber se estás mesmo aí.

  • Um abraço é e será sempre, o melhor remédio, para muitas tristezas.

Foto de Hannah Busing

Quando menos é (muito) mais


Destas reflexões sobre dias minimalistas, com eles

"(...) Our capitalist culture buys into the notion that if a little is good, more must be better. (...)

(...) Having fewer toys, just as reducing our kid’s schedules, screen time or simplifying their lives, takes an intentional approach in our “more must be better” society. It’s hard to swim against the tide of the mainstream, but the juice sure is worth the squeeze. (...)

(...)Because when we say no to more toys, we say yes to more important life lessons. Our children learn to truly value what they have. (...) "

Texto todo aqui.


A primeira descoberta da chuva...