E mais além. Há uns anos para trás, desde que sou mãe, que digo a mim mesma que quero puxar o verão para o resto do ano. O verão com o seu tempo, com os seus vagares e sobretudo a capacidade que se tem de olhar para eles, de outra forma. No verão a voz séria do tem que ser, ou a tirania do relógio e horários, abranda e adoça-se e somos todos mais tranquilos com isso. O sentimento de ser possível e para todos os dias.
Nesta altura do ano, em muitas casas, ouve-se mais ou menos isto:
"Mas tu já estudaste??
Tens 3 testes para a semana... não é melhor saíres do sofá e ires para o quarto fazer exercícios?
Deixa o telemóvel e pega nos livros!
... ou então ...
Larga os livros, vem almoçar. Já chega!
Mas estás a chorar porquê? É muita matéria, não é?"
Vem aí a segunda leva de testes e haverá tantas receitas, quantas famílias houver, na medida certa de paciência, na dose adequada de confiança que precisam para fazerem mais este esforço de rever e consolidar o que há para estudar. E quem os censura pela falta de vontade quando há um sol lá fora a espreitar ou uma lareira já acesa, depois de uma semana de aulas e atividades e só apetece fazer... nada? Em muitos casos eles sabem o que têm para fazer, faltando-lhes a vontade e a motivação certa para lá chegar. Em suaves empurrões de firmeza, salpicados de compreensão e carinho leva-se esta tarefa a bom porto. Os pais sabem a importância deste último esforço e eles também não querem falhar por isso, entre uns e outros, lá se há-de encontrar a fórmula certa. Seja na varanda, com uma manta estendida a aproveitar os raios de sol, no quarto com música de fundo ou na mesa da sala, alguma coisa há-de funcionar.
E isto para mães e pais ouvirem antes de emitirem decibéis de frases descoloridas, pela casa fora. No fim, vai correr bem.
A Luísa, enviou-me o seguinte mail: Sabes a verdade bem dentro de ti e entre o que achas que se deve fazer e o que realmente querias fazer há um abismo de dúvidas e incertezas e paciências que vão variando em graus e modos de estar. Então perguntas-te a ti própria e mandas pergunta ao dia, à semana, ao universo. Na espera da resposta, a uma inquietação que não sei bem explicar e ficas com dúvidas e mais perguntas que parece que ficam sem resposta. Mas aí, sem estares à espera, e porque procuras e perguntas e aprendeste a serenar o coração, aceitando o que não podes mudar e mudando o que é possível mudar, cai-te no colo o que precisavas ouvir. De novo.