Preciso de lembrar mil vezes que eu, sou eu.
Preciso de lembrar mil vezes que há quem esteja a trabalhar
dentro de casa a meio tempo, outros só fora, e outros, como eu, a trabalhar a
tempo inteiro.
Preciso de lembrar mil vezes que há quem não tenha filhos,
outros têm 3, outros 4 e outros, como eu, 2. Às vezes mais. E mesmo quem tenha filhos,
raramente têm a mesma idade. Uns têm filhos bebés, outros têm filhos quase adultos, outros precisam de leves empurrões de ajuda.
Preciso de lembrar mil vezes que todos temos direito a dias
de blhéc, de sol, de alegria, de saudade, de tristeza, de estupidez natural, de
gratidão e que no balanço desses momentos está o encontrar de quem já somos.
Ter isto tudo, em doses generosas, mil vezes numa semana, às vezes num só
dia.
Preciso de lembrar mil vezes a importância de ser flexível
para os outros. E outras mil e uma, em ser flexível para comigo mesma.
Preciso de lembrar mil vezes que nestes tempos de mudanças e
incertezas, quase diárias, quase da manhã para a noite (quantas vezes o que é
verdade às 8h da manhã, não o é, às 8h da noite), que há um tempo e um compasso
de me ajustar ao que por aqui vai. O de fora e o de dentro. Sobretudo o de
dentro.
Preciso de lembrar mil vezes que não há comparações com os
outros, apenas com a da pessoa, no nosso espelho de há bocado. Porque afinal, preciso
de lembrar mil vezes que eu sou, o que já sou.
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