O primeiro
contacto com a Raquel foi … pelo facebook. Estranho, nos dias de hoje, não é?!
Na verdade já nos conhecíamos por aí e viemos a descobrir que até moramos muito
perto uma da outra. Na altura estava a lançar no blog, a semana dos passatempos
com projectos interessantes locais e foi feito o contacto mesmo assim, via rede
social. Daí a nos encontrarmos foi rápido e uma tão boa surpresa que ficou a
minha vontade de dar a conhecer melhor o projecto da BeeRural, que toma corpo e
alma através da Raquel.
A chegada à
sede, no espaço SerQ, foi cheio de boas energias e percebi porque é que uma pessoa assim, teria que estar associada ao mel. A Raquel emana entusiasmo em cada frase que
explica, com uma ternura e saber imenso, sobre este mundo das abelhas e afins.
Da parte de trás
do escritório, duas salas, uma com mel certificado armazenado e uma outra com
colmeias e afins. Fiquei tão fascinada com as explicações da Raquel que me tive
que segurar para não comprar uma colmeia ali mesmo e começar a produzir também
mel. É mais simples do que se pensa, na dose certa de dedicação e alguns
conhecimentos práticos.
Isso e um dos
meus filhos ter pavor a abelhas. Um dia destes vou levá-los a conhecer a
Raquel. É que fiquei a saber que sem abelhas, toda a produção agrícola da Europa, terminaria em dois, três anos. É um mundo por descobrir, na primeira
pessoa com a Raquel, que curiosamente, rima com ... mel. Vamos cuscar?
Idade: 31
Naturalidade: Sertã
Comidas preferidas: Francesinha, arroz de maranho, bacalhau com natas
Um livro a não perder: Livro Storytelling | A magia das palavras de Gabriel García de Oro
1.
Se pudesses convidar alguém famoso (vivo ou morto) para jantar,
quem escolherias e porquê?
O Mário Ferreira, do Douro Azul, pela história que nos traz
e todo o seu percurso até hoje, demonstrando uma forte
personalidade e uma visão estratégica e inteligente na gestão dos negócios… é
sem dúvida um grande Shark Tank.
2.
Raquel… comes mel todos os dias? Quase todos os dias, consumo por exemplo no chá, sobremesas ou
mesmo em pratos principais, fica muito bem o mel nos temperos.
3.
És um doce de pessoa mas… como começou esta paixão pelas abelhas?
O interesse pela apicultura começou com a
leitura de vários artigos que alertavam para o
contínuo aumento da taxa de mortalidade das abelhas e o seu impacto negativo na
agricultura. Estima-se que 76% da produção alimentar na UE depende da
polinização das abelhas.
Estas palavras despertaram o meu interesse e entusiasmo
para explorar o mundo das abelhas e, consequentemente, a formar-me em
Apicultura e a regressar a Lisboa para desenvolver a tese de mestrado com o
tema: “Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) na Apicultura”. Para os mais
curiosos, os SIG são uma ferramenta útil ao serviço da Apicultura, que, através
de uma infraestrutura de dados espaciais, possibilita conhecer o Território e
promover medidas preventivas que contribuam para o bem-estar das colónias.
Tudo isto, aliado à minha paixão pelo
contacto com a natureza, o meio rural e a relação de proximidade com amigos
ligados às áreas agrícolas, foi marcante para desenvolver trabalhos nesta
temática.
4.
Quando se percebe que é mesmo por aqui o caminho, que faz sentido
trabalhar no terreno, quais foram os maiores desafios que encontraste?
Quando comecei a interagir com o sector apícola um dos maiores
desafios foi conseguir reunir todas as condições para agendar visitas de campo
com os apicultores e georreferenciar o número máximo de apiários, entre outros
dados, para que fosse possível desenvolver este trabalho.
A nível empresarial as dificuldades no setor apícola são várias e,
por vezes, os desafios são grandes para conseguir rentabilizar da melhor
maneira o que apicultura tem de melhor. Existem várias medidas que não são
cumpridas, o que acarreta graves consequências e impossibilita a construção uma
estrutura apropriada de apoio aos apicultores.
É urgente a necessidade de "bons líderes" no sector
apícola, aqueles que conseguem valorizar a apicultura, formando uma equipa e,
que concordam em repartir os apoios segundo as necessidades reais dos
produtores. E eles existem e são uma referência
para mim porque, apesar de todas as dificuldades, fazem aquilo que mais gostam
dando o exemplo e motivação a outros para fazerem sempre o seu melhor.
5.
Como é o teu dia-a-dia?
O meu dia-a-dia começa por visualizar as tarefas
com maior prioridade e proceder à realização das mesmas, o
qual conto com o apoio da Cláudia Oliveira, que
está integrada na empresa BeeRural, desenvolvendo trabalhos na segurança e
higiene no trabalho apícola, controlo de qualidade e acompanhamento técnico aos
apicultores. Entre o serviço prestado no gabinete, sempre que existe
disponibilidade visito os meus apiários e prestamos apoio a outros produtores.
Cláudia Oliveira
Todos os dias são um desafio para tentar
corresponder às necessidades que existem no sector apícola sendo, por vezes,
difícil ter capacidade de resposta para alguns dos problemas dos apicultores,
como a disponibilidade de venda de medicamento veterinário para as doenças das
abelhas.
6.
Como surgiu a BeeRural?
Surgiu
da necessidade de desenvolver
estratégias para valorizar a Apicultura em Portugal. Na minha opinião e,
perante a realidade que está acontecer no sector, o importante não é vender
mais mas sim vender melhor, num ciclo corporativo continuo em defesa do
produtor. Durante o trabalho desenvolvido até ao momento, verifiquei que
o nosso sucesso pode estar na observação dos pequenos detalhes e é nisso que a
marca BeeRural aposta, de modo a valorizar
a apicultura em Portugal, assim como alertar a
sociedade para a importância das abelhas no equilíbrio ecológico do planeta.
7.
A BeeRural é muito mais do que apenas acções de formação pontuais.
Surpreende-nos com todos os serviços que disponibiliza.
A empresa BeeRural além das formações, tem vindo a fomentar
relações de proximidade com apicultores locais, prestando um serviço técnico
contínuo; estamos a finalizar um produto de qualidade, de origem exclusivamente
portuguesa (Mel), que será reconhecida pela sua embalagem diferenciadora. Paralelamente,
desenvolvemos atividades educativas com crianças
do ensino pré-escolar e 1ºciclo, de modo a alertar para a importância das
abelhas no equilíbrio ecológico do planeta.
Neste momento, colaboramos com entidades
públicas e privadas em prol da apicultura, de modo a disponibilizar formação
gratuita e outros apoios através do Programa Apícola Nacional (PAN).
Por último, no âmbito de apiturismo, fazemos visitas guiadas para
pessoas que têm a curiosidade em conhecer o mundo das abelhas, sendo um desafio
e uma experiência única.
8.
Este é um caminho de enorme persistência e em acreditar
diariamente que vai correr bem. Naqueles momentos em que as dúvidas se
instalam, como fazes?
Quando as dúvidas se instalam tento pensar
naquilo que é realmente importante e agir em conformidade. Normalmente acredito
que tudo vai correr bem e que as adversidades são, por vezes, uma oportunidade
para demonstrar que somos capazes de superar as dificuldades.
9.
Trabalhas maioritariamente com pessoas mais velhas, com uma série
de hábitos instalados de décadas de prática. Como tem sido a experiência das
formações que dinamizas?
As formações que a Beerural promove têm surpreendido
muito porque recebemos pessoas de várias zonas do país e temos apicultores de uma
faixa etária mais elevada, que se mostram interessados em adquirir conhecimentos
e novas práticas apícolas. Nos últimos anos, verificou-se um
acréscimo de novos apicultores apoiados através de estratégias comunitárias,
uma medida que veio contribuir para o desenvolvimento do sector e na procura da
nossa formação.
Não posso deixar de referir, que o sucesso da
nossa formação está também nos nossos formadores, que são apicultores profissionais
com motivação para ensinar e promover técnicas que contribuam para o bem-estar
das abelhas.
10.
Sendo tu a abelha mestra… quem não pode faltar na tua colmeia de
vida?
A família e os fantásticos amigos que fiz ao
longo desta caminhada. É tão bom sentir que deixamos um pouco de nós e, que
muito do que somos é o resultado dos lugares onde vivemos e das pessoas que amamos.
11.
Ouvimos dizer que o mel faz bem. Para quem não gostar de mel, como
o convences a comer?
O mel além de muito saboroso é um alimento que pode
ser usado para fortalecer o sistema imunitário, é considerado um adoçante natural e ajuda a eliminar as toxinas favorecendo a
digestão. Além disso, o mel é o único
alimento naturalmente doce que contém proteínas e sais minerais, como potássio
e magnésio, que são importantes para a saúde. Portanto, para quem não goste, deve fazer o esforço para
incluí-lo na alimentação e usufruir de todos os benefícios que traz.
12.
Próximos passos… quais são?
Lançamento da Marca Beerural com diferentes tipos de méis;
Estabelecer parcerias para a prestação de serviços com outras
entidades públicas e privadas;
Desenvolver condições para a produção de outros
produtos da colmeia, como o pólen e o própolis;
Exportação dos produtos da marca Beerural;
Apostar em ferramentas de apoio a futuros trabalhos académicos
(…)
13.
Este blog chama-se Penso Rápido – pequenos remédios para as
comichões do dia-a-dia. Que Penso Rápido usas no teu dia-a-dia?
Um penso rápido muito colorido, cheio de boas energias, com
resiliência que qualquer pessoa vai querer ter consigo.