Dia 1
Levantou-se um dia e olhou-se ao espelho.
Viu-se. Viu-se para lá do espelho.
Encontrou um sinal aqui e acolá de um calendário que acordou, repentinamente, muito mais à frente do que estava a contar. As folhas dos dias foram passando e assim num tropeço, encontrava-se ali à frente de Si própria, num outro estado de Si.
Não necessariamente melhor ou pior. Era apenas uma outra pele, que foi crescendo, que se estava a colar, milímetro após milímetro transformando-a e transformando-se em cada dia.
O crescimento leva tempo. Às vezes dói um pouco. Mistura-se com novas descobertas. Acompanha-se de pequenas mortes, umas mais visíveis que outras. E pequenos nascimentos, do Novo que quer descobrir-se. Implica ir para lá do que se está a perder, e reinventar-se no que ainda quer Ser, Sentir, Pensar.
Dizer Adeus custa sempre um pouco. A Ela, as despedidas tinham o sabor de alguma nostalgia, das certezas, das verdades, das conquistas alcançadas e que, agora eram convidadas a ficarem mais ou menos arrumadas, em caixas e gavetas. De volta e meia vai lá voltar. Já se conhece e vai ter vontade de sentir o sabor a saudade. Não por muito tempo, para não perder tempo com o que ainda há de vir.
Descobrir-se em novos ciclos leva o seu tempo. Esticar-se em quem se é, em quem se quer ser. Acarinhar-se nessa descoberta de aceitação e de amor.
As perdas são entregas de Amor, sobre um Futuro que ainda está para crescer. E acreditar que vai haver novos Futuros, é só por si, um acto de rebeldia, de coragem e uma audácia que se quer permitir a Viver, cada vez mais, a cada novo dia.
Imagem daqui
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