"Olha, de novo para os livros.
Uns dizem que é importante ir pela esquerda. Outros, que a verdade absoluta está no cimo daquela nova conquista.
A seguir ouve, pessoas cheias de certezas, a dizerem que a receita infalível, para saber por onde seguir, é aquela.
Desliga tudo, arruma os livros na estante empoeirada, senta-se no silêncio.
Sabe que não sabe. E sabe também, que há muito tempo, que se força a saber. Essa insistência de dar passos e mais passos, a fazer caminho.
Ajeita-se nesse sentar, que é diferente de há um ano, dos últimos meses.
Fecha os olhos. Respira. Está desconfortável nesse Não-Saber. Então retoma a postura e fica apenas ali. Até que o desconforto, faça parte e se torne confortável.
O tempo vai fintando e sussurra que já chega. Ela diz que não. Que precisa de Não-Saber.
Que mal tem, Não-saber? Qual o problema de ficar a observar, de se permitir dar-se tempo para ouvir, respirar, sentir-se? Tudo em si, diz para abrandar, reformular verdades. Mais uma vez. É sempre mais uma vez, reformular, a partir do questionamento da direção a tomar.
Por agora, não toma direções, nem sentidos.
Por agora, quer apenas ficar por ali a Não-Saber."
O Não-Saber é marinar. É ter a confiança de saber que está tudo lá o que é preciso e confiar, que na altura certa, o Norte surge. Não por magia (ou talvez um pouco...) mas por se me permitir viver, e acolher, a incerteza do Não-Saber.
"A seu tempo. A seu tempo. O caminho vai-se mostrando à medida que se vai fazendo. E nem sempre o caminho é feito de caminhar. Às vezes, o melhor que se pode fazer, é ficar nesse sossego, nessa quietude que é aceitar a mudança, nem sempre percetível, nem sempre ruidosa."
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