A repetição das notícias. O número crescente e a sensação do cerco a apertar, o da liberdade e da ansiedade de parecer que pode ser cada vez mais provável bater à nossa parte ou dos nossos, a palavra positivo.
Todos nós, em alguma altura ficamos aflitos. Ou entramos em negação. Ou conseguimos encontrar o nosso porto seguro. Parece um ciclo que vai desgastando pelo tempo que está a levar.
Neste final de semana, estive com a Sara, mestre do Yoga (e da Vida...) de quem já falei aqui. A nossa proposta era dar um contributo para melhorar o bem estar. Falar um pouco sobre o que estamos todos a passar, olhar para a respiração e terminar com uma prática de meditação.
Foi um tão boa surpresa ver tanta gente a querer encontrar respostas. Cuidar de dentro para fora. Cuidar do corpo, dos nossos pensamentos e das nossas formas de sentir. Fala-se ainda pouco de bem estar emocional. Não se vê mas a verdade é que se manifesta e tem um impacto profundo também nas dores físicas que temos.
Para quem não pode estar, fica o primeiro exercício de Bolha de Oxigénio, em três simples passos.
- conhecimento - o que se passa connosco? Quando nos sentimos ameaçados, ficamos em estado de alerta, à procura de onde vem o perigo e o que devemos fazer para lidar com ele. Este estado de ameaça é desencadeado por notícias, a conversa com os outros, as redes sociais. Esta será a parte irracional, mais animal que ainda temos, que nos faz estar preparados para o que der e vier. É por isso natural, sentirmo-nos cansados, frustrados e com ansiedade. É bom conseguirmos encontrar as melhores formas de lidar com os perigos. Não é tão bom quando o nosso estado de alerta é constante porque estamos continuamente a ver as últimas informações e dados, ou a procurar mais uma opinião. Precisamos de ter tanta informação e estímulo, para sabermos o que é mais importante para nos mantermos seguros?
- controlo ou não controlo. Nesta parte, foi pedido para desenharem numa folha, uma bolha. Queres desenhar também? A tua bolha de oxigénio. Na parte exterior dessa bolha, escrever tudo de que nos lembramos, que não está sob o nosso controlo. Aquilo que neste momento, mais causa ansiedade, mas em relação ao qual, pouco ou nada podes fazer. Para além dos nossos pensamentos e o que sentimos (e mesmo assim, a trabalheira que tal dá...), controlamos muito pouco.
- bolha de Oxigénio. Então se não controlo uma pandemia inteira, se a vizinha sacode o tapete para cima da minha varanda, se as crianças sentam ou não na mesa quando pedimos, o que sobra? Sobra a nossa Bolha de Oxigénio. O que posso fazer, que só dependa de mim, para me sentir mais leve, mais tranquila e em Paz. No Yoga, Tomás Zorzo um grande mestre do Yoga, disse uma vez que alcançar a Paz, apesar do que nos rodeia, é o grande desafio. Apesar da pandemia, apesar de ter que ir trabalhar fora de casa, apesar de fazer parte do grupo de risco, de ter o vencimento reduzido (ou perdido...), o que depende de mim? O que posso fazer hoje, neste momento, para alcançar um pouco mais de tranquilidade interior? O que vou escrever dentro da minha Bolha de Oxigénio?
Na partilha de ideias houve espaço para respostas como:
"Preciso de estar um pouco sozinha todos os dias.
Gosto de meditação.
Tem-me feito bem mexer na terra, plantar...
Preciso de rir, e então vejo vídeos e rodeio-me de pessoas que alimentem esse meu lado.
Gosto de ler.
Caminhar, na minha bolha está caminhar. Ou apanhar sol quando dá."
E podia ser dançar, conversar com alguém, rezar, ajudar um amigo.
Tirar 2 minutos e escrever: O que posso fazer hoje, neste momento, para alcançar mais tranquilidade? Como vai ser a minha Bolha de Oxigénio?
As bolhas de oxigénio não são rígidas, elas tocam-se umas nas outras. Podem e devem apoiar-se. E quando apesar de todos os esforços, mesmo assim, a nossa Bolha de Oxigénio não for suficiente, é pedir ajuda. Isto está para durar e o fator imprevisível é das poucas certezas. Por isso, cuidemos do que depende de nós, de dentro para fora.