Orientação Vocacional... para quê? 3 perguntas para ajudar


Não sei bem o que escolher...

Tenho dúvidas se esta área vai permitir-me seguir o curso que quero mais à frente.

Gosto da maior parte das disciplinas... sei lá o que é melhor para mim!

Os meus pais dizem que tenho jeito para umas coisas. Os meus amigos para outras. Estou tão confuso...

E se isto não tem futuro?

Terminei o 12º ano e não quero continuar a estudar. E agora?

Quero mudar de área profissional mas não sei por onde começar.


Muitos jovens (e pais...) têm dúvidas sobre as melhores escolhas, em chegando ao 9º ou ao 12º ano. Qual a área ou o o curso que mais se adequa a si. 

Ficam 3 perguntas para ajudar.

1. O que é a Orientação Vocacional?

Na Orientação Vocacional o psicólogo auxilia o jovem a tomar as decisões que mais se adequam a si, tendo em conta os seus principais interesses, competências e aptidões, disciplinas preferidas (e as outras menos preferidas...), atividades de tempos livres e o que pensa, naquele momento que são as suas preferências em termos de profissões e carreira futura. 

Há muita informação disponível e neste processo o jovem é auxiliado a compreender e a tomar as melhores decisões para si. 


2. Para quem?

Por norma, destina-se a jovens que estão em processo de terminar:

  • 9º ano e querem escolher a área de estudos seguinte (cursos gerais, cursos profissionais...)



  • 12º ano e querem conhecer as opções de cursos superiores que mais se adequam a si ou tendo terminado o ensino secundário, não pretendem continuar a estudar mas querem conhecer como ingressar no mundo do trabalho. 



  • adultos que queiram rever ou fazer uma mudança na sua carreira ou área profissional.



3. Como funciona?

São realizadas consultas de orientação vocacional para obter e trabalhar as dúvidas e informações que interessem ao jovem ou adulto. Podem ou não ser aplicados testes de orientação vocacional. Depende sempre de cada caso. 
Sendo um processo no âmbito da psicologia os dados são confidenciais. 

Mais informações: abelpb@hotmail.com











Vamos Cuscar #29

É uma Mulher imponente, grande, que dificilmente passa despercebida no meio da multidão. Sim, tem muitos mais centímetros que a maioria, uns olhos onde cabe o mundo e um sorriso rasgado que se torna tão quente e afetuoso, pelo grande coração que tem. Nele cabe uma forma de olhar os dias e sobretudo os outros, que vai para lá do óbvio. Mas não é só daí que vem a sua grandeza.

A Elisabete vê para lá do que é visível. Parece-me até, que faz questão disso. Tirar a camada do que lhe aparece à frente para ir ao que importa no que a rodeia e nos outros. Não fosse o seu olhar treinado pelo microscópio onde sabe o poder que pequenos fragmentos de tecidos e células fazem na vida de quem está a ser analisado. 

Vemo-nos pouco ao vivo mas é como se estivéssemos lá na mesma. Podem passar meses sem trocarmos uma única frase e depois, está tudo lá para retomar onde ficámos. E vamos ao que interessa naquele momento. Apenas Ser e Estar. Já não nos víamos há, talvez mais de dois anos. Calhou, por obra do destino, darmos um longo abraço, mesmo antes deste confinamento e partilharmos umas papas de aveia e maçã, às 5h da manhã que souberam a amor. Sou-lhe muito grata por este e outros momentos em que esteve lá. Esteve lá. De alma e coração.

Vamos Cuscar... a Elisabete Balau?








Idade: 51

Naturalidade: Castelo Branco

Comidas preferidas: Caril de gambas/cozido à portuguesa

Um livro a não perder: "O anjo Branco"/" Filhos de um Deus menor"/"Por quem os sinos dobram"/"Triologia Langani "...desculpa, é muito difícil escolher um

Um sítio de sonho visitado e outro de sonho a visitar:
Polinésia Francesa/Namíbia



1.       Tendo origens africanas e muitas vivências do interior do país, de que forma, ainda hoje, essas influências convivem no teu dia-a-dia? 
A influência africana traduz-se na necessidade de socializar, na maneira descomplicada de viver, no rir sem motivo aparente, na presença da música e da dança em mim, na adaptabilidade que procuro sempre, no espírito levemente inquieto e insatisfeito (como se estivesse grata por ser e ter, mas sentisse poder procurar mais, conhecer mais, intervir mais, agir mais, ir...); na importância do toque e da proximidade afetiva, na relação com a natureza sublime (a paixão pela vida selvagem, pelas planícies sem fim, pelos relevos geográficos, pelo vento que sopra no cabelo, pelo cheiro a terra molhada, pelo som longínquo dos animais, pelo grito das aves, pelo sol abrasador que se verga à lua gloriosa do fim de tarde, pelo amanhecer que se espreguiça devagarinho...), na presença das especiarias na minha história gastronómica. 

A influência beirã relaciona-se com o sentimento de pertença, com o valor que tem para mim olhar nos olhos do outro, com o conceito de família alargada ao pequeno núcleo social em que cresci e que tenho como meu , que procuro amiúde e presentei sempre como sendo "a nossa terra" aos meus filhos. Passa pelo respeito pelos nossos antepassados, pelas suas histórias, pelo nosso passado, e pelas relações que estabeleci ao longo do meu crescimento e que tive o orgulho de manter. Ter raízes numa terra é mostrar aos nossos filhos que existimos em diferentes mundos, que somos uma continuidade, várias portas abertas que permitem que circulemos livremente, quando o fazemos com respeito por nós e pelos outros.




2.       Sendo mãe de 2 jovens, rapazes, gémeos, quais foram os maiores desafios que enfrentaste quando eram mais pequenos? 
O tempo... a falta dele! Cronometrar ações. Mas uma das fases mais mágicas da minha existência. Vontade de dar amor a todos, como se fosse a minha forma de agradecer a enorme bênção que é ser mãe.

3.       A mudança do mundo é inevitável à medida que as gerações se sucedem. Por isso, a forma como viveste a tua adolescência e a deles é diferente. Em que aspetos, ainda bem que assim é, e em que aspetos lhes vai trazer, a eles, mais desafios à medida que crescerem? 
Nascerem num mundo de tecnologias deu-lhes estratégias nessa área, como se lhes  fosse intuitivo e inato. Mas tenho que estar sempre a trabalhar com eles as competências sociais e emocionais. Parecem ter nos genes a vontade de viver à distância. Como se vivendo assim não fossem sofrer, não tivessem que lidar com as vitórias mas também com frustrações, ou não precisassem gerir aceitação mas também incompreensão e rejeição...


4.       Só para dizer o nome da tua área profissional, quase que é preciso tirar uma formação! Como é que surgiu a ideia de ir para este curso? Desde cedo senti "ligação" à área da saúde. Ao "investigar", deparei-me com a Anatomia Patológica e senti curiosidade...



5.       Explicando a leigos, o que fazes mesmo? 
Área que procede à análise morfológica de órgãos, tecidos e células, tendo como objectivo o diagnóstico de lesões, com implicações no tratamento e prognóstico de doenças e sua prevenção. Ou seja, examina, processa e diagnostica biópsias, peças operatório complexas, rastreio citológico, assim como exames genéticos. Também temos uma vertente mais voltada para a veterinária... e para a área alimentar. Mas sempre numa perspectiva de diagnóstico.






6.       Como se mantém o fascínio por esta área profissional ao longo da tua já tão vasta experiência? 
O que mais motiva é a variável investigação e avaliação. É a mutabilidade do corpo humano, e a certeza de que nenhum caso é igual a outro. Tem que se ter uma atitude constante de leitura do "panorama macroscópico" e de alerta para o" pormenor microscópico ". É a ponte entre o quadro clínico e o exame do fragmento representativo da causa de doença.


7.       Os resultados, das análises que passam pelas tuas mãos, nem sempre são os melhores. Serás, por ventura, a primeira pessoa a saber, que a vida de alguém vai mudar. Como aprendeste a gerir isso, ao longo dos anos? 
Na verdade, o distanciamento que existe entre mim e o doente é preponderante nesta questão! Não cabe à Anatomia Patológica informar o resultado das análises efetuadas. Isso cabe aos médicos dos serviços requisitantes. Acabamos por ver uma análise sem rosto... um diagnóstico sem correspondência com uma pessoa e as suas singularidades e  fragilidades.

8.       Quem te conhece, sabe que, mesmo quando a vida te diz que Não, lhe respondes com um sorriso, um olhar de frente e um sentido de humor de quem levanta os braços e que vai lá perguntar: Como é que é? Onde vais buscar essa força e resiliência? 
Sou assim? Na verdade, tento ser... Uns dias resulta, noutros não. Mas sigo muito a máxima "se a vida te trouxe aqui, é porque terás força para viveres isto... e saíres desta situação mais forte". Quero acreditar que o que nos acontece de menos bom, terá um motivo, levar-nos-á eventualmente para um caminho melhor. Ou far-nos-à melhores pessoas, talvez. Pode até ser uma forma retorcida de encarar o que de pior me acontece, mas é a minha estratégia de gerir a questão. E tento nunca guardar rancor e estar infeliz por muito tempo. A tristeza não é um estado de espírito meu, é apenas um momento para respirar fundo, chorar um pouco e depois é levantar a cabeça e seguir caminho. Porque o que não tem solução, solucionado está. O meu pai ensinou-me a rir de mim própria, das minhas fragilidades, incapacidades e imperfeições, desde muito cedo e de forma por vezes um pouco" "Incompreendida e dolorosa"...mas hoje sinto que o que os outros pensam já não me magoa tanto... É a nossa evolução em sociedade... Gosto de me ver como uma pessoa viva e alegre. Posso até nem ser para os outros, mas dentro de mim, gosto de sentir esta sensação que preenche...de paz. 



9.       Como profissional na área da saúde, que está na linha da frente deste momento tão desafiante para todos, que mensagem nos queres deixar? Na verdade tudo foi dito já! Ficarem em casa, para evitar o contágio... para reduzir o número de infetados e permitir acesso de cuidados mais diferenciados a quem precise. Evitar que fiquemos muitos doentes ao mesmo tempo, porque reduz os recursos disponíveis e diminui a capacidade de resposta de apoio. Cuidar das pessoas mais vulneráveis, os mais idosos, com doenças crónicas, com debilidade imunitária... Cuidarmos uns dos outros, sejamos ou não família. Ajudar dentro do que nos é possível. Manter o sorriso, pensar em tudo de bom que temos. Esta situação em que nos encontramos relativiza muito a nossa vida como existia... O que interessa de facto? A saúde! A família! As necessidades básicas acauteladas! Saber que temos pessoas que se lembram de nós! Perceber que o que fazemos com a natureza tem mesmo consequências... e que não são só a longo prazo, quem sabe só sofrerem os nossos netos... NÃO! O que fazemos hoje pode ser "pago" hoje! E aqui está! Invadir os habitats equilibrados e destruir tudo à volta, tem resultados, e devastadores. Habituámo-nos a ver essas consequências longe, mas agora percebemos que tudo está ligado... é a globalização! Terá que ser a responsabilização mundial...e individual também! O que o outro faz tem reflexo em mim!

10.   Este blog chama-se Penso Rápido – pequenos remédios para as comichões do dia-a-dia. Que Penso Rápido usas no teu dia-a-dia? 
Na verdade são três encadeados "respirar/sorrir/abraçar". O que também me ajuda muito, nos momentos mais difíceis é relativizar e fazer a aceitação. Relativizar o que me sucedeu é ver dentro de mim o que sou e o quero melhorar, ver o que consegui alcançar e o que estou ainda capaz de fazer. É olhar para fora de mim e ver que há situações mais limites e difíceis que a minha e há pessoa que ainda assim vão à luta! Relativizar ajuda... faz-nos sair de nós e desvalorizar um pouco o que nos dói... faz-nos perceber o que ainda temos conosco! 
A aceitação passa por isso mesmo, aceitar que acontece, também acontece conosco e que teremos o amanhã e o depois, e que temos que estar capazes! 

Também faço um exercício quando estou numa situação mais difícil. Olho para o cenário e tento "ver" o que é expectável fazer em situações iguais, o que se espera. E tento ver se posso fazer o que não se espera. Tento superar a vontade de fazer a primeira coisa e superar-me. Ver que também tenho a minha quota parte de responsabilidade... Às vezes surgem opções e alternativas tão mais evoluídas e humanas que nos trarão mais paz interior. 

Mas o que mais me ajuda a seguir, é ver-me acompanhada... é ter amigos, mais que isso, irmãs e irmãos, que estão lá... mesmo sem que eu precise de falar, que estão lá! E que estão aqui, sempre no meu coração!






Sobre o copo meio cheio

No outro dia ouvia alguém comentar, quando a escola retomasse, sobre uma série de coisas, em relação aos filhos, de que iria ter saudades.

Esta coisa de estarmos já a pensar lá a frente, numa procura de luz ao fundo do túnel. Mesmo com muitas previsões, há poucas certezas e por isso é um esforço de se olhar também para o que se tem, NESTE MOMENTO. 

Neste jeito de olharmos lá mais para a frente mas sem esquecer que temos já o AGORA para aproveitar e saborear. Colocar fermento no que nos está a saber bem, faz aumentar mais momentos assim. E isso é bom, não é? 

Por isso, quer se tenha 1, 2, rebanhos de filhos, peixes, gatos, namorada, marido... Ficam as perguntas do copo meio cheio:

  1. Hoje, nesta semana, neste mês, que momentos, situações, com eles, estão a saber-me bem?
  2. O que (re)aprendi sobre eles que já me tinha esquecido ou nem sequer notado?
  3. Ao longo destas semanas, o que mudou neles, para melhor? E em mim?






Comunicação com um ecrã

O rosto mesmo ali, misturado com expressões, entoações e cheiros foi substituído por um ecrã. 
Numa altura em que a comunicação indireta disparou, seja por redes sociais, por videochamadas, grupos de whatsapp, reuniões online e por aí diante, nem sempre fica claro o que queremos expressar ou o que concluímos, que os outros nos estão a querer dizer porque a nossa forma de o fazer mudou. E mudou para todos.

As frases escritas, as entoações de voz ou as expressões no rosto podem não estar a ser claras com quem estamos a falar, ou de quem estamos a ouvir, e a mesma frase inocente, pode despoletar o início de uma qualquer batalha no meio do oceano das nossas relações. 

Esta situação não é nova, para qualquer um de nós. Já aconteceu um outro incidente com aquela amiga, a namorada ou marido, a mãe ou um colega de trabalho. A grande diferença é que agora, mais de oitenta por cento das nossas relações passam por este filtro de um ecrã que esconde cansaços, frustrações e até boas intenções. E isto para qualquer idade, sejam os adultos em formato polvo a acudir às várias solicitações, seja para as crianças e jovens que, em tempo recorde, estão a aprender a gerir amizades, namoros, saudades dos pais ou ainda relações com os professores à distância de um clique. 

A bem de todos, a realidade é esta por uns tempos largos. Aceitar que estamos todos em processo de aprendizagem, também de comunicação e de reinventar novas formas de expressar o que queremos, sentimos e pedimos, facilita a ter paciência conosco e com quem nos rodeia. 

Sei que é uma repetição por estes lados, mas respirar é tão básico, tão primário à nossa existência que, o seu treino também aqui nos ajuda a sermos mais gentis e tolerantes conosco e também com os outros. Estamos TODOS a aprender e só isso, por si, é meio caminho andado para desenvolvermos em nós, esta nova tolerância de comunicação





#3lupa


Com ou sem pandemia.
Serão sempre os pormenores, na nossa relação com os outros. ♥️