O rosto mesmo ali, misturado com expressões, entoações e cheiros foi substituído por um ecrã.
Numa altura em que a comunicação indireta disparou, seja por redes sociais, por videochamadas, grupos de whatsapp, reuniões online e por aí diante, nem sempre fica claro o que queremos expressar ou o que concluímos, que os outros nos estão a querer dizer porque a nossa forma de o fazer mudou. E mudou para todos.
As frases escritas, as entoações de voz ou as expressões no rosto podem não estar a ser claras com quem estamos a falar, ou de quem estamos a ouvir, e a mesma frase inocente, pode despoletar o início de uma qualquer batalha no meio do oceano das nossas relações.
Esta situação não é nova, para qualquer um de nós. Já aconteceu um outro incidente com aquela amiga, a namorada ou marido, a mãe ou um colega de trabalho. A grande diferença é que agora, mais de oitenta por cento das nossas relações passam por este filtro de um ecrã que esconde cansaços, frustrações e até boas intenções. E isto para qualquer idade, sejam os adultos em formato polvo a acudir às várias solicitações, seja para as crianças e jovens que, em tempo recorde, estão a aprender a gerir amizades, namoros, saudades dos pais ou ainda relações com os professores à distância de um clique.
A bem de todos, a realidade é esta por uns tempos largos. Aceitar que estamos todos em processo de aprendizagem, também de comunicação e de reinventar novas formas de expressar o que queremos, sentimos e pedimos, facilita a ter paciência conosco e com quem nos rodeia.
Sei que é uma repetição por estes lados, mas respirar é tão básico, tão primário à nossa existência que, o seu treino também aqui nos ajuda a sermos mais gentis e tolerantes conosco e também com os outros. Estamos TODOS a aprender e só isso, por si, é meio caminho andado para desenvolvermos em nós, esta nova tolerância de comunicação.
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