Gosto de escrever.
Gosto de estar para aqui comigo, de ver o que vai cá por dentro, umas vezes verdades outras vezes, verdades tingidas de histórias e cores que se inventam e recriam.
Seja boa ou má a escrita, liberta e organiza. Deita-se para fora um mundo que não tem tamanho, cá por dentro.
Gosto de escrever, de ficar para aqui, sem tempo, sem nadas a deixar as palavras sair, deixá-las à solta, à sua vontade, dar-lhe a liberdade dos dias presos aos muitos afazeres de cada dia.
Hoje alguém me dizia que quando o tempo não chega para tudo, consegue fazer tudo na mesma, apenas vai chegando atrasado, aqui e acolá, ao sabor do que é preciso fazer.
E nesta coisa boa que é a escrita, é preciso haver um tempo e um espaço para o Nada. Absolutamente Nada. Sem música, sem pc, sem mail´s, sem vozes, apenas a nossa. Deixá-la à solta, dar-lhe a liberdade de que precisa para ser ela, dar-lhe a importância e não a urgência.
Estou numa viagem de autocarro de 3 horas. Independentemente do filme de acasalamento de leões marinhos que está a dar no ecrã, estou no nada. Ninguém a pedir a minha presença, chamadas desligadas, sem possibilidade de fazer comida ou tratar de roupas, relatórios sem ser possível de serem feitos. Nada. Apenas eu, neste autocarro, com destino certo, é certo mas neste Nada que faz tão bem, de tempos a tempos e atrevo-me a dizer que também todos os dias. Um pouco de Nada.
Na meditação procura-se chegar a esse pequeno nada sempre que se tenta praticar. Tenta, é claro, porque ficar ali sentada e treinar a pensar em nada será tanto ou mais difícil do que .pedir a um camelo para se sentar quando ele não quer. E nem sei se os camelos resistem a sentar ou não por isso, torna-se ainda mais difícil.
Há meses muito cheios, cheios. De descobertas, de conquistas, de trabalho que nos enche a medida, de mimos e afetos. A palavra deste mês é simplificar. Simplificar até acabar em Nada. Ficar apenas a contemplar no Presente e nas paixões que nos preenchem, uma e outra vez. Nas coisas simples de cada dia. A partir do Nada que cada dia nos oferece.
Bom fim-de-semana de Grandes Nadas.
Mas porque raio...
Verdade ou não mas parece-me que se leva muitas vezes a vida a aprender... a simplificar.
Uma criança resolve as coisas de uma forma muito simples. Quer um chocolate. Pede. Se lho dão, sossega. Se não, berra e faz birra até o conseguir. Umas vezes corre melhor do que outras mas passamos a vida a ensinar-lhes que não podem ter tudo o que querem. É verdade. É mesmo verdade e faz parte. Mas esquecemos também de lhes ensinar que têm de procurar o que realmente querem, o que as faz feliz, o que as completa.
Já em adultos, passamos a vida a organizar, planear, encaixar muitas coisas, nos dias. Por aqui, pelo menos é assim. E por aqui também, ando desconfiada que a lição a tirar disto tudo, é que no fim, a ideia é simplificar. O que é realmente importante?
Lia hoje de manhã isto:
"Faz as tuas escolhas. Distingue os que te trazem problemas dos que te ajudam a sair dos problemas. Abdica de algumas coisas que gostas e valoriza mais o que é importante, sob o que é urgente.
Pratica a gratidão por tudo o que de bom é colocado no teu caminho. E acredita (com todo o coração) que é esse o único alimento que precisas para a tua jornada.
http:// www.somacollective.org/ quando-somamos.html"
Uma criança resolve as coisas de uma forma muito simples. Quer um chocolate. Pede. Se lho dão, sossega. Se não, berra e faz birra até o conseguir. Umas vezes corre melhor do que outras mas passamos a vida a ensinar-lhes que não podem ter tudo o que querem. É verdade. É mesmo verdade e faz parte. Mas esquecemos também de lhes ensinar que têm de procurar o que realmente querem, o que as faz feliz, o que as completa.
Já em adultos, passamos a vida a organizar, planear, encaixar muitas coisas, nos dias. Por aqui, pelo menos é assim. E por aqui também, ando desconfiada que a lição a tirar disto tudo, é que no fim, a ideia é simplificar. O que é realmente importante?
Lia hoje de manhã isto:
"Faz as tuas escolhas. Distingue os que te trazem problemas dos que te ajudam a sair dos problemas. Abdica de algumas coisas que gostas e valoriza mais o que é importante, sob o que é urgente.
Pratica a gratidão por tudo o que de bom é colocado no teu caminho. E acredita (com todo o coração) que é esse o único alimento que precisas para a tua jornada.
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Ora quando se tem muita coisa para gerir é tão fácil fazer primeiro o que é urgente e ficar depois o que é importante. Por exemplo, é urgente fazer o jantar aos piquenos. Mas é tão, tão importante estar 5 minutos com eles. Apenas estar.
E isto fez-me pensar. Porque raio só se coloca na lista de afazeres urgentes, coisas que afinal não nos importam tanto? Faz parte dos dias. E não sei se os dois príncipes lá de casa iam achar muita graça se quando me perguntassem "Ó mãe, o que é o jantar?" eu respondesse "Hoje há abarços servidos com beijos coloridos!" E daí que talvez experimente um dia destes quando não me apetecer cozinhar.
Tudo isto porque de manhã, depois da montanha-russa de preparar pequeno-almoços, e "Agora come!", "Despacha-te!!!!!", "Vai-te lavar!", depois de estarem entregues, cada um à sua vida, ao seu dia, e eu ao meu, fico com 5 minutos ali no carro, antes de me meter no meio das papeladas de trabalho a ouvir rádio. E ouvi isto. Ouçam até à parte em que se fala do "Japão"...nome de código para outras coisas... E percebi, depois de mandar uma gargalhada, de me ser difícil de parar de rir, sozinha ali no carro, que a vida é bem mais simples. Mas porque raios a complicamos?!?
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