Teoria dos 10 minutos

A chamada rapidinha na vida é uma espécie de fast-prazer. Promete emoções fortes e instantâneas sem grande prejuízo para o resto do funcionamento diário. Seja num programa de TV ou com uma sandocha rápida, o fast-prazer não é o ideal mas é o possível. 

"- Ó mãe vem brincar comigo! 
 - Já te disse que não dá! Quem é que vai passar a montanha de roupa que está ali a chamar-me?
 - O mãe...mas era só um bocadinho... vá lá..."

A quantidade de coisas acumulam-se e torna-se impossível encaixar mais uma. Mas o que são 10 minutos? Segundo Einstein e a teria da relatividade, se nos sentarmos em cima de um fogão aceso, uma eternidade, se estivermos a namorar, parece muito pouco!

Então...10 minutos depende muito do que estamos a fazer. O tempo afinal não é assim tão certo, nem exato. Por isso, será que não se arranja MESMO 10 minutos diários para:

  • Brincar com filhos: é sentar, pegar nos carros e simular duas voltas de corridas à sala; ou acabar de alimentar as bonecas preferidas;
  • Namorar: dar a mão, fazer uma festa ou meiguice, enviar um sms, dar um beijo demorado;
  • Falar com alguém e ouvir de forma sincera e genuína, seja por telefone ou frente-a-frente;
  • Sentar-se e não fazer nada, antes de começar a fazer tudo.
Será que não há mesmo 10 minutos? Na prática, depois de arrancar até se acaba por gastar mais porque todo o mal é começar...

Que sejam então 10 minutos para arrancar. Se não der para mais, não deu mas que esse tempo seja realmente aproveitado. Apenas 10 minutos com os seus filhos, companheiro/a, amigos...de certeza que não se arranja?

É experimentar. 10 minutos. Só isso. Até para ler um blog ;)







O prazer e outras coisas que tais

Os dias estão mais ou menos cheios de obrigações, rotinas e hábitos. Alguns impostos pelos outros, outros impostos pelos próprios indivíduos num ato quase sado-masoquista. (Não será para todos incluir na mesma frase a palavra imposto e sado-masoquista...se bem que sempre que se vê a palavra imposto há um certo sofrimento que surge. Adiante.)

O trabalho diário, dá prazer mas também tem o seu quê de obrigatoriedade em termos de horários e deveres. Pelo menos para a maioria, claro! Porque há pessoas que fazem do seu trabalho uma fonte de prazer, infligindo gritos aos outros e tal desconcertação de sentidos que leva esses outros à loucura... Não, não estou a falar da classe política! Nem das/dos profissionais do sexo. Há um certo grupo de pessoas que, por exemplo, passam a vida a viajar e ganham com isso dinheiro, alimentando o seu vício de uma forma estruturada. Este grupo está, certamente muito perto de um dos pólos de prazer diário.

Depois há também os comuns dos mortais que estando inseridos na máquina diária do trabalho-casa-família-amigos-etc. aguenta com uma carga históica de coisas cinzentonas. No outro dia a despachar pequenas compras num supermercado, fazendo contas e mais contas à carteira e à vida, reparei no ar generalizado por quem ali passava, que pareciam todos prémios Nobel dos milagres: o milagre de fazer comida com pouquissimos recursos, o milagre de esticar um orçamento como se fosse elástico ultra-resistente, o milagre de seguir em frente, mesmo que tal implique uma série de reajustos diários. Prémio Nobel dos Milagres.

O certo é que a par desses milagres que há que fazer diariamente, para além de todas as obrigações, que só por si cansam e fazem rugas dignas de cirurgias plásticas e doses maciças de botox, é importante o prazer. Diário e gratuito. Apenas o prazer.

O prazer de se rebolar no chão a rir.
O prazer de cantar aos altos berros dentro do carro.
O prazer de cometer uma loucura por alguém de quem se gosta muito.
O prazer de estar no sofá, aconchegado a ver aquela série ou filme com uma caixa de bolachas ou clinexs ao lado (e porque não as duas?!).
O prazer de uma revista de decoração.
O prazer físico e de sentimentos com alguém.
O prazer de uma fatia de bolo de chocolate recheada com creme de leite condensado e coco.
O prazer...das coisas simples e boas. D-i-a-r-i-a-m-e-n-t-e.

É o que me parece. Temos pouco prazer. Quando se chega ao fim do dia e feito o balanço do que por ali se viveu, às vezes esquecemo-nos dos pequenos prazeres da vida. Pelo menos um por dia.

Entre mais dois ou três que tive o prazer de ter hoje, termino o dia com este prazer imenso que é a escrita partilhada no Blog. E hoje, foi passada a meta das 1000 visualizações! Um prazer imenso escrever aqui. Bem haja a todos :)

P.S.: Um beijo especial à T.T. Por acreditar comigo.


No silêncio...

"Pshiu! Faça-se silêncio...que preciso de me ouvir. Ouvir o que quero e sinto. É tanto o barulho e ruído de vozes e aparelhómetros que deixei de saber o que preciso. O que realmente preciso.
Fecham-se as portas, apagam-se telemóveis, tv´s e outros que tais, e ouve-se ... nada! Absolutamente nada. E uma voz surge, não do além mas do aquém, de dentro que fala primeiro em surdina e depois lentamente dá a conhecer o que realmente se precisa para andar para a frente. Pshiu! Cala-te voz que diz o que fazer para o jantar, os muitos esquemas complexos de horários e trabalho. Pshiu...por favor, só mais um pouco. Sossega para respirar uma e outra vez. Pshiu...e quase a dormir se compreende que, às vezes só se precisa de parar um pouco e deixar o arroz queimar. Que se lixe o arroz, o esparguete e já agora todo o supermercado.

Só um pouco de silêncio para se ouvir a voz da razão do que realmente se quer e faz falta. Esquecendo por uns segundos, minutos ou horas dos outros, para saber de si e ser sabiamente egoísta de si próprio. Pshiu...só mais um pouco..."

E é assim, que no meio de um lamento, um desabafo cuspido se descobre que é preciso parar. As verdades normalmente estão lá, algures no meio do caos diário e de muito, muito barulho. Às vezes exterior, outras vezes no meio das muitas vozes semi-esquizofrénicas que temos dentro de nós e que dão pouco sossego. Pshiu... que fale quem realmente nos conhece e sabe o melhor para nós: o nosso interior. No silêncio...