O prazer e outras coisas que tais

Os dias estão mais ou menos cheios de obrigações, rotinas e hábitos. Alguns impostos pelos outros, outros impostos pelos próprios indivíduos num ato quase sado-masoquista. (Não será para todos incluir na mesma frase a palavra imposto e sado-masoquista...se bem que sempre que se vê a palavra imposto há um certo sofrimento que surge. Adiante.)

O trabalho diário, dá prazer mas também tem o seu quê de obrigatoriedade em termos de horários e deveres. Pelo menos para a maioria, claro! Porque há pessoas que fazem do seu trabalho uma fonte de prazer, infligindo gritos aos outros e tal desconcertação de sentidos que leva esses outros à loucura... Não, não estou a falar da classe política! Nem das/dos profissionais do sexo. Há um certo grupo de pessoas que, por exemplo, passam a vida a viajar e ganham com isso dinheiro, alimentando o seu vício de uma forma estruturada. Este grupo está, certamente muito perto de um dos pólos de prazer diário.

Depois há também os comuns dos mortais que estando inseridos na máquina diária do trabalho-casa-família-amigos-etc. aguenta com uma carga históica de coisas cinzentonas. No outro dia a despachar pequenas compras num supermercado, fazendo contas e mais contas à carteira e à vida, reparei no ar generalizado por quem ali passava, que pareciam todos prémios Nobel dos milagres: o milagre de fazer comida com pouquissimos recursos, o milagre de esticar um orçamento como se fosse elástico ultra-resistente, o milagre de seguir em frente, mesmo que tal implique uma série de reajustos diários. Prémio Nobel dos Milagres.

O certo é que a par desses milagres que há que fazer diariamente, para além de todas as obrigações, que só por si cansam e fazem rugas dignas de cirurgias plásticas e doses maciças de botox, é importante o prazer. Diário e gratuito. Apenas o prazer.

O prazer de se rebolar no chão a rir.
O prazer de cantar aos altos berros dentro do carro.
O prazer de cometer uma loucura por alguém de quem se gosta muito.
O prazer de estar no sofá, aconchegado a ver aquela série ou filme com uma caixa de bolachas ou clinexs ao lado (e porque não as duas?!).
O prazer de uma revista de decoração.
O prazer físico e de sentimentos com alguém.
O prazer de uma fatia de bolo de chocolate recheada com creme de leite condensado e coco.
O prazer...das coisas simples e boas. D-i-a-r-i-a-m-e-n-t-e.

É o que me parece. Temos pouco prazer. Quando se chega ao fim do dia e feito o balanço do que por ali se viveu, às vezes esquecemo-nos dos pequenos prazeres da vida. Pelo menos um por dia.

Entre mais dois ou três que tive o prazer de ter hoje, termino o dia com este prazer imenso que é a escrita partilhada no Blog. E hoje, foi passada a meta das 1000 visualizações! Um prazer imenso escrever aqui. Bem haja a todos :)

P.S.: Um beijo especial à T.T. Por acreditar comigo.


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