Há uns meses largos, estava numa loja de telemóveis à espera da minha vez para ser atendida. À minha frente um homem observava com surpresa o despacho da funcionária em realizar três tarefas ao mesmo tempo. A relação informal entre eles permitiu que ele manifestasse o seu espanto em como é que ela era capaz de fazer mais do que uma tarefa ao mesmo tempo. Fê-lo sem gozo, com genuína incredulidade. E ela respondeu com a mesma genuidade de que era o normal.
Cada dia tem uma montanha de afazares e problemas imediatos para resolver. Todos eles urgentes e prioritários. Na maior parte das vezes, acontece precisamente isso, fazer várias coisas ao mesmo tempo. Tornou-se o normal, a única forma possível de funcionar e do universo ter uma ordem... Será? A resposta é de certeza individual e varia ao longo do tempo e das fases de vida.
Por estes dias, alguem muito querido e com um enorme sentido de oportunidade disse apenas, em jeito quase de oração e pedindo para ser repetido no fim de um dia cheio, muito cheio esta frase: “Faço o que posso e faço tanto.” Na verdade cada um, quando leva isto do seu dia-a-dia mais ou menos a sério, faz o melhor que consegue para aquele momento. E isso deveria bastar para nos sentirmos gratos no fim de cada dia. Sem pesos desnecessários de se achar que se deveria ter feito SÓ mais aquilo. É que há dias que parecem meses de tanto terem lá dentro acontecimentos, emoções, precalços e problemas. Faço o que posso e faço tanto...sensação de satisfação do presente e agora. Aceitação dos limites e energias. E agora vou ali sentar-me só por 2 minutos, não fazer nada a não ser contemplar aquela janela que está farta de me chamar!
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