Inspira, expira...

Estávamos ali, cada uma no seu tapete. Cada uma com a sua intenção. 
Inspira, expira. 
Volta para cima, contorce mais um pouco. 
Inspira, expira. 
Que sol bonito lá fora e um vento que desliza e faz as folhas dançar. 
Inspira, expira. Façam cinco vezes, ao vosso ritmo.
Levantamo-nos mais uma vez. Esticamo-nos para o fundo do tapete. Damos um pequeno salto para a frente. Levantamo-nos de novo. Braços ao alto.
Inspira, expira. Sempre inspira, expira.
Lembrem-se, o mesmo tempo de inspiração e de expiração. 

E fiquei a pensar nisso. 

O mesmo tempo de inspiração e de expiração.
O mesmo tempo de dar e o mesmo tempo de receber. 
O mesmo tempo para os outros e o mesmo tempo para nós. 
Inspira e expira. No mesmo tempo, na mesma intensidade, na mesma entrega.
Para nós, para os outros. 
Simples?
Simples. É só inspirar e expirar. 


Para Pais que Respiram:
30 novembro - Porque (Em)Birras comigo? - Lisboa
Consultas de Educação Parental e Desenvolvimento Infato/Juvenil



Simplificar

Este ano tem sido de boas descobertas. Uma delas sobre o minimalismo. Não no sentido de desfazer-me de tudo e viver numa tenda mas ir ao que interesse. É um caminho, é um processo mas está a ser feito. 

A Cláudia Ganhão apareceu-me nesse caminho através do seu blogue e da sua página no Instagram.

E o minimalismo pode e faz sentido viver-se também na nossa forma de ser mãe ou pai. Nem de propósito lá no blogue saíram ideias para Mães Ocupadas. Tão simples (a ler...) e desafiantes para se irem implementado aos poucos, à medida das nossas vidas. 

Partilho convosco aqui.


Madalenar

A parte boa de sermos Mãe é que o podemos fazer acompanhadas. Não me refiro aos pais das crias. Mas à outra aldeia que vamos construindo com o tempo, com amor, com as experiências e as pessoas-que-nos-querem-bem. As partilhas das pessoas-que-nos-querem-bem têm caminhos diferentes dos nossos e contam a sua própria história. Nessas histórias, quando temos a felicidade de irmos fazendo também um pouco de caminho em conjunto, às vezes cm, m e em alguns casos felizes, km de partilhas, podemos aprender muito nesse maternar em conjunto. 

Nesta minha aldeia cabem amigas-mães-pessoas-que-me-querem-bem muito diferentes na sua forma de estar como Mães. E isso é tão rico quanta a medida da diferença que cabe nos nossos corações. A diversidade de amar é tão grande que olho para elas com uma ternura imensa, gigante. Aprendo com todas estas minhas mães e a maturidade ensina que o podemos fazer, sem deixarmos de ser a nossa forma de maternar. Diria que será a maturidade e a segurança de afirmarmos quem somos como Mães e melhor ainda, quem queremos ainda vir a ser que nos permite, de vez em quando olhar para o outro, mantendo quem nós somos. Todos os dias há novidades e crescimentos dos nossos filhos, que nos fazem crescer como Mães e isso é tão desafiador, quanto maravilhoso. Partilharmos novos olhares e formas de estar só nos pode enriquecer.

Por isso, no outro dia, entre trocas de mensagens de uma destas minhas mães-lutadora-leoa-da-sua-cria, despedia-se com um simples: "Bom, agora vou-me. Vou Madalenar. Beijinhos." 

Amar alguém é, 
mais do que um poema, 
agir, 
é ir lá e fazer.

Dar um abraço, um beijo.
É chamar a atenção quando é preciso.
É rir com.
Brincar, ler em conjunto. Ou então cada um em seu canto do sofá mas mesmo assim estar perto.  
É ouvir, ouvir, ouvir.
Calar para ouvir. (Já disse que ouvir é importante?)
É caminhar com eles, andar de bicicleta. 
É descobrir novos cenários. 

Por isso, quando esta minha amiga-mãe-pessoa-que-me-quer-bem me disse que ia Madalenar, com a sua Madalena do coração, achei que seria um verbo lindo para adaptar e ir também Mariazar ou Joãozar. 

Às vezes, basta apenas estar lá para eles, naquele momento presente e conjugarmos o verbo em todos os tempos e modos que nos apetecer.