Batem à porta.
Ou enviam um mail.
Contam uma história. E outra. E outra ainda. E mais uma. E agora com mais raiva.
Outra mensagem.
Batem agora na janela.
Novo mail.
Ou uma carta ou ainda em forma de postal, para disfarçar.
Batem novamente à porta. Entram. Sentam-se mesmo ali ao lado.
Às vezes não batem à porta. Entram de rompante. Uma vezes com, outras sem aviso. Sem licença, sem jeitinho.
Sai um enchorrilhado de palavras, algumas muito feias. Algumas azedas, outras podres. Algumas incompreendidas num discurso dialogado, que disfarça um monólogo que apenas se quer ouvir a si próprio e ter razão. Apenas ter razão e despejar as ideias, as incompreensões, onde na verdade há pouco espaço e manobra para ouvir. Deitar fora naquela sanita humana que ali se prontificou e teve a ousadia de não dar a resposta correta, a esperada e que nunca é perfeita para quem se está a ouvir e a despejar.
O síndrome da sanita para despejar numa pessoa-casa-de-banho perto de si.
P.S.: Nestas alturas volta-se a esta velha máxima, profunda, da filosofia-de-bolso.