Ia havendo um acidente

A estrada estava cheia de curvas e mais curvas. Gelo. Uma ou outra rena pelo caminho. Vacas. Ramos caídos aos salpicos grossos.

Ia tensa ao volante com todos os obstáculos. E já falei do mamute que se atravessou mesmo em cima da hora, logo ali no primeiro cruzamento? 

Mas não se podia parar. Havia um caminho para percorrer. Mais uma guinada no volante, reduz-se a velocidade, para logo a seguir acelerar mais um pouco. Mais renas?!?! Mas o Natal já não passou? Não. Naquele ermo, já tão perto do pólo Norte, ainda havia renas naquela altura do ano. Não interessa. Segue-se com mais cautela. O termómetro marcava temperaturas um pouco abaixo de zero. O carro começou a queixar-se daquela estrada, da viagem, de cansaço. A cabeça também. Os olhos a quererem fechar. os músculos das pernas a não darem descanso a uma dor que já se sentia há vários dias. 

Estava a ser difícil de prosseguir. De repente... Parou. Simplesmente Parou. Ordem para Parar. Desligou as luzes. O carro. A mente. Parou. Saiu do carro com a rapidez de uma tartaruga de 100 anos. E com a sabedoria que as tartarugas de 100 anos são suposto ter. 

Respirou. Uma e outra vez. Parou de novo. Ficou a contemplar. S-ó i-s-s-o. 

Ia havendo uma acidente. Mas felizmente Parou. Como em tantas vezes nos nossos dias. Basta parar. S-ó i-s-s-o.

P.S.: Renas e Mamutes não foi possível de registar na foto. Demasiado tímidos. Nada a fazer. 





Sem comentários:

Enviar um comentário