Há alturas em que fica tudo denso. Não há luzes, nem boias de salvação que nos valham. Perde-se o norte, os objetivos. Perde-se as perspetiva de saber que os dias cinzentos aparecem e tão depressa aparecem, como não vão durar até sempre.
Há dias e momentos assim. Persistir nessas alturas é um exercício necessário, nem sempre bem conseguido porque é fácil acreditar quando tudo está bem. E tão, tão difícil de o fazer quando tudo à volta se encolhe. Há dias e momentos assim.
E este persistir é agarrar ao que se pode. Chamo-lhe portos de abrigo. Portos de abrigo de amigos. De gente que nos quer bem. Gente que acredita em nós quando nós não o fazemos. Lugares, onde já fomos felizes e nos transportam para esses momentos de bem-estar. E nós próprios. Em que, não esquecendo quem somos, recordamos as muitas batalhas já travadas e voltamos a esse lugar seguro de que no fim, de uma ou outra forma, feito o esforço individual, tudo vai acabar bem. Porque se persiste, insiste e continua-se a dizer que para a frente é o caminho. Mesmo que se tenha que parar.
E às vezes, muitas vezes, há uma lufada de ar fresco. Que não se percebia que fazia falta. Seja pela forma de uma pessoa ou um acontecimento. Em jeito de resposta, da vida, do universo, da nossa pessoa do futuro nos dizer: Vês...continua, que chegas lá.
Ar fresco. Às vezes, só precisamos disso. E a seguir é fazermo-nos à estrada para mais uma aventura de cada dia. Porque um dia, no futuro, vou fazer uma aventura assim. Mais ou menos radical, as aventuras fazem falta. Até lá, lufada de ar fresco.