Agimos melhor, quando conseguimos sossegar a inquietação que, por estes dias, tem sido em crescendo, com o que estamos a ver e ouvir. Revejo na minha cabeça, as páginas dos livros de História, que pareciam tão distantes, e agora aparecem a cores, tão perto.
Ainda a refazermo-nos de 2 anos de pandemia, de muitas incertezas e reajustamentos, estamos a presenciar, um outro nível de dúvidas sobre como vai ser o dia de amanhã. Em jeito de brincadeira, vamos dizendo que não sabemos como vai ser o próximo fim de semana. Na verdade, nunca o soubemos mas o contexto atual, levou a incerteza dos dias, a um outro patamar.
E depois há uma espécie de culpa por se poder levar uma vida banal de ida ao supermercado, consultas, ler, buscar filhos à escola, irem ao futebol ou natação. Até rir parece quase um processo complexo de uma espécie de pecado, quando a seguir vemos um noticiário com vidas desfeitas.
Este constante estado de alerta, apreensão e incerteza, tolda a forma como podemos agir e cuidar de nós e dos outros. Sermos melhores Seres Humanos. Melhores Pais.
Mas agimos melhor, quando conseguimos serenar o que vai cá dentro. Ajudamos mais e mais longe. Ajudamos melhor e a quem nos rodeia, no imediato.
Para serenar:
1. Limitar a quantidade de informação. Cada um de nós, em medidas diferentes, tem um limiar de informação que consegue gerir. Há uma inquietude que acontece no corpo, a que se estivermos atentos, conseguimos parar. Em nada ajuda ver a mesma notícia, 20 vezes seguidas. Informados sim, entupidos com notícias e imagens, não. Observar, observar o que vai cá dentro e dizer um chega, quando for demais.
2. Boas escolhas. Há quem, neste momento não as tenha. Nós temos. Vivemos numa espécie de micro-paraíso onde é seguro, onde estamos protegidos, onde temos formas de nos subsistir, acesso a cuidados de saúde... Temos escolhas. Honremos e façamos bom uso das nossas escolhas. Por nós, por quem nos rodeia e por quem, neste momento, não as tem.
3. Descompressão. Funcionamos melhor, ajudamos mais, se formos tendo momentos de descompressão. Rir, cantar, meditar, jogar, conversar... o que funcionar para cada um. Sem culpas. Uma panela de pressão só funciona, quando liberta o vapor em excesso. Cada um encontrará a melhor forma de libertar o que está a presenciar.
Não temos a capacidade de mudar as decisões do mundo, a mais de 4 mil km, mas podemos fazer pequenas mudanças, aqui e agora, neste mundo que nos rodeia. No nosso mundo cá dentro, no mundo dos nossos filhos, dos nossos vizinhos, dos nossos colegas, das pessoas que entretanto vão chegar, das ajudas e apoios que conseguimos enviar.
Agimos melhor, quando serenamos cá dentro.
De dentro para fora.
Para fazer a diferença.
Sermos diferença.
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