Correr é coisa para cansar

Este ano, segundo o meu cartão de cidadão, faço 42. E por isso mesmo achei graça meter na cabeça fazer 42km numa qualquer maratona. Na cabeça faz tudo muito sentido. Nas pernas e nos joelhos é que não. E no cansaço e nas queixas que não terminam. Mas uma vez metido na cabeça, aos poucos vai-se metendo no coração e por isso o resto do corpo que se aguente. 

Ainda não sei se gosto de correr porque é coisa para cansar. Às vezes sinto-me ao ritmo de um camião TIR com, pelo menos, 10 atrelados a puxar. Assim muito l-e-n-t-a. Mas gosto da sensação a seguir e da sensação para o resto do dia. 

Corro muito cedo. Parece que ando a fazer despique com o camião do lixo cá do sítio. Vou por uma rua e encontro-os, sigo em frente e eles adiantam-se. Até já me vão dizendo bom dia! Aqui a santa terrinha não é muito grande, está visto, mas isso também sabe bem. Sinto-me segura a correr às 6h da manhã, ainda de noite. E esta coisa da corrida é muito de treinar tantas outras como, por exemplo, aquela voz de velhinha de 96 anos a dizer: dói-me o dedo mindinho do pé ou quero dormir ou está frio. Esta última parte nem é assim muito verdade porque ao ritmo a que transpiro, mesmo com desempenho de lesma, sabe-me bem o frio na cara. É só aquele sair de manhã da cama...

Quando termino, envio mensagem à amiga-coache-mai-linda a dizer que está feito, que com paciência de santa orienta e encaminha para a meta. Mesmo a mais de duzentos km que é que nos separa. 

O dia está a clarear, está uma sinfonia de pássaros e o burburinho da ribeira e riachos a acompanhar no caminho de regresso a casa. Verdade, podia ter este contacto todo, tipo National Geographic, bastando apenas abrir a porta da varanda de casa mas aquele momento só meu é uma espécie de reset para iniciar o dia. 


E é isto. Hoje foram 5 e um dia vão ser os tais 42. Até dói... só de pensar. 








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