“Aquilo
chateou-me, sabes? Porra, sempre a dizerem a um tipo o que se pode ou
não fazer. Comer e outras coisas que tal.” - foi assim que o meu
amigo Zé ligou-me às 8h. De um domingo. Depois de todos no grupo
nos termos deitado para lá das 5h da manhã. Mas era o Zé e com ele
nunca se sabe. Esperei mais um pouco para perceber onde ia dar aquela
conversa. Não lhe estava a apanhar o fio. Nem o novelo. Nem o
cordel. Eram 8h da manhã, deuses!
“Cansado de
dizerem o que faz ou não mal. Fartinho até às unhas dos pés de
tanta informação. Um gajo já não pode comer umas batatas fritas
sem que venham trinta artigos científicos associados a dizer que
fazem mal pela cor, pela textura, pela gordura, pelo formato. No
outro dia até o leite de soja, já fazia mal também. Um gajo
alimenta-se do qué? De raízes, não?”
Eu nem o
pequeno-almoço ainda tinha tomado. Aliás, depois daquelas noitadas,
pouca coisa entrava, antes das duas da tarde.
“ Sabes o que eu
acho? Demasiada informação. Temos todos demasiada informação. É
que tiram o prazer às coisas. Se uns dizem que os filhos não devem
dormir com os pais, há logo outros que dizem que são só
benefícios. E com isto, vou cancelar a internet e deixar de comprar
os jornais. Fartei-me destes gajos, pá!”
Dito isto
desligou, para passadas umas horas me enviar uma msm, acompanhada com
uma sms e um mail com um artigo científico a falar dos benefícios
das cenouras... Apaguei tudo e enrosquei-me no sofá a ouvir o silêncio e a saborear um domingo de manhã, sendo 3 da tarde.
D-E-M-A-S-I-A-D-A I-N-F-O-R-M-A-Ç-Ã-O.
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