O meu Sporting

Tenho uma-espécie-de-doente-do-Sporting lá em casa. Bem sei que faz um esforço para me responder com um pouco de lucidez quando está a ver um jogo, mas sei que aqueles Sin´s e Não´s me soam muito a mecânicos e que, apenas 5% de atenção, está com atenção ao que lhe estou a perguntar. O que fazer? Pois, respeitar. Aquilo "só" dura 90 minutos, mais o intervalo, mais o prolongamento, mais o antes para saber todos os pormenores, mais o depois para se poder comentar, ver os ângulos daquele fora de jogo mal assinalado ou um cartão cor-de-laranja às pintas azuis que ficou por marcar.

Pois, eu não percebo nada ou pouco daquilo. Mas quase que admiro aquela fé quase cega em acreditar que nada daquilo é combinado, nem os resultados, nem as "sortes" de ganhar ou perder. São 90 minutos de puro divertimento e tem direito a eles. Aquela vontade de ver jogo após jogo, como se dali fossem sair grandes verdades. Não saem mas há uma vontade em acreditar que sim.

Já me tentou evangelizar mas sem grande sucesso. Isto ou começa de pequeno ou então acho difícil que ainda se vá lá.

Há uma série de que já falei aqui, e que tem em mim, esse efeito. Aprendi a respeitar esse efeito em mim: miúdos na cama, sento-me no sofá e o mundo fica em suspenso. As duas últimas semanas foram muito grandes, maiores do que os sete dias previstos para cada uma delas. Nem sempre as emoções têm tempo para serem vividas porque os ritmos dos dias são mesmo assim.

Ontem, já a casa em silêncio, deito-me no sofá. Ponho para trás o último episódio. Esqueci-me de levar lenços. Falha grave. Teve o efeito pretendido, como sempre. Através dos seus muitos personagens, passo em revista as tristezas, as aflições e também as certezas e alegrias dos últimos tempos. Ontem foi sobre a perda, uma perda grande do tamanho das nossas raízes mas também os reencontros. Sobre o amor, sobre perdoar. Sobre as pessoas que estão ali sempre ao lado. Mesmo que nós estejamos menos perfeitos. Menos nós.

Hoje passei à porta do "trabalho" dele. Como sempre aceno e envio-lhe o meu melhor sorriso. Hoje foi aquele sabor ainda de ontem, de saber que, cada dia conta e que me sinto feliz por estarmos cá ainda para dizer Olá. Ele e ela as minhas mais bonitas raízes. E todos os dias contam. Todos os tempos são precisos. Todos.



1 comentário:

  1. Q raio se passou no ultimo episodio da GA q a minha mulher tb disse q se fartou de chorar?!?!?

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