Conheci a Marta
pela televisão. Numa das poucas vezes em que vem ao país. Mas comecemos pelo
início. A Marta é portuguesa e resolveu dar-se como voluntária para o Quénia,
mais precisamente para a Kibera, uma das maiores favelas deste país. E
apaixonou-se. Apaixonou-se pelas pessoas, pelo lugar, mas sobretudo pelas
crianças. Estava muito por fazer e assim decidiu arregaçar as mangas e partir.
Há mais de quatro anos, está a tomar conta e a dar oportunidade a que quase oito
dezenas de crianças agarrem a oportunidade de estudar e a serem mais felizes,
porque nem só de estudo é feita a vida.
Foi num desses
acasos felizes que conheci a Marta. Já não me recordo porque estava em casa
aquela hora em que um programa televisivo apresentava esta jovem e ao seu
bonito projecto From Kibera with Love
e faltavam… ténis para levar. Ténis. Em menos de meia hora o assunto foi
resolvido com uma empresa que lhos ia enviar. Acho que me chamou a atenção o
sorriso e o brilho no olhar. Ela com uma felicidade com os pés no chão e eu com
esta interrogação de como é que alguém larga tudo, para encontrar tanto e nada,
numa outra parte do mundo.
A Marta é uma
força da natureza. E sim, há muito no nosso país também para fazer mas que cada
um siga a sua vontade de contribuir num mundo mais justo. Afinal, porque
colocar fronteiras quando apenas se pretende ajudar seres humanos.
Independentemente dos credos, das cores. São crianças, são jovens e adultos que
apenas precisam de que alguém lhes dê a oportunidade de terem alguém que lhes
permita fazer a diferença nas suas vidas e assim sucessivamente.
Vamos cuscar a
… Marta?
Idade: Últimos dias com 27 anos
Naturalidade: Barreiro
Comidas preferidas: Bacalhau, alheira, arroz
de pato, queijo
Um livro a não perder: 3 chávenas de chá
1. Se pudesses convidar alguém famoso (vivo ou
morto) para jantar, quem escolherias e porquê?
Angelina Jolie, admiro-a muito. Gostava
muito que ela soubesse o que se passa em Kibera e o que faço para garantir um
futuro a estas crianças e uma vida melhor a estas famílias.
2. Ao olhar para trás, fazias tudo da mesma
forma?
Sim, sem tirar nem por:) Mudaria apenas o
tempo de resposta às pessoas que querem ajudar. Perdi muitas ajudas por demorar
muito tempo a responder mas foi impossível fazer de melhor forma. Desculpem-me!
3. Estás tão imersa na realidade do Kibera que
ainda te surpreendes com alguma coisa?
As vezes ainda me surpreendo com algumas situações
em casa, com algumas coisas que acontecem especialmente as mulheres. Com as
coisas a que elas se sujeitam só por causa da cultura.
4. Quais são para ti, as conquistas mais
importantes destas crianças?
Quando são as melhores alunas da escola,
quando fazem algo bem pela primeira vez que antes não conseguiam fazer, quando
por exemplo os mais bebés explicam-se em inglês.
5. Há certamente, muita angústia e momentos de
dúvida. Que obstáculos encontras?
A língua, a corrupção, a não cooperação dos
pais, a mentalidade das pessoas, a cultura...
6. Nos dias de chorar de felicidade, o que te
faz continuar a acreditar que este é o caminho?
Tenho esperança e acredito mesmo que
estou no caminho certo e que no futuro todo o esforço e tudo pelo que passei
vai valer a pena.
7. Há dias de muita saudade, não há? Do que
sentes mais saudade?
Quase
todos os dias. Da minha vida antes disto... dos meus amigos e família. Do
Barreiro. Da minha liberdade. De sair de casa a qualquer hora do dia ou noite
sem me ter de preocupar com nada. De não andar sempre suja e cheia de pó. Da
minha casa branquinha. Dos meus animais. De ir ao café.
8. Todo este teu projecto é uma prova de fé e
amor. Por mais tempestades que venham, no que é que continuarás sempre a
acreditar?
Que a educação que estamos a oferecer a
estas crianças vai garantir-lhes um futuro brilhante fora de Kibera. E que através
das coisas que aprendem diariamente connosco, a chamada educação informal, vão
transformar-se em melhores seres humanos. Pelo menos diferentes da maioria das
pessoas de Kibera.
9. Para quem queira ajudar, como pode fazê-lo?
O melhor será acompanhar a nossa página no facebook, lá coloco os pedidos de ajuda que vão surgindo ou podem contactar-me
por email ou mensagem no facebook mostrando disponibilidade para ajudar. Terão
resposta, posso demorar uns dias mas respondo :)
10. E se alguém quiser procurar mais
informações ou dar-se como voluntário basta procurar onde?
Para informações gerais basta ir
acompanhando o nosso facebook. Para obter mais informações sobre voluntariado
podem procurar no site: paraonde.org ou através do nosso facebook ou email. No
nosso site futuramente.
11. Este blog chama-se Penso Rápido – pequenos
remédios para as comichões do dia-a-dia. Que Penso Rápido usas no teu
dia-a-dia?
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