O Pedro é um provocador simpático, de sorriso rasgado,
pronto sempre a desconstruir os pensamentos imediatos de quem se lhe cruza no
caminho. Pensa seriamente fora da caixa e vê a realidade com outros tons. É
crítico. Incisivo às vezes. Põe-nos a pensar. E escreve tão bem, como pensa.
Quando começo a ler os textos soltos dele, sei que não vai haver finais
cor-de-rosa ou âmbar. Nem tão pouco verdades mascaradas de fantasias de
faz-de-conta-que-sou-feliz. Gosto muito desse desconcerto de nos pôr a pensar
de outra forma.
Para lá desse universo cru de pôr um pouco o dedo nas
feridas, que nos faz tão bem, para ver a realidade como ela também é, escreve
para crianças. Parece um paradoxo, mas não é. Porque no meio desse seu lado
mais provocador, o Pedro é assim, com esse coração grande de provocador
infantil, de pôr os mais pequenos também a pensar… de formas diferentes. E
consequentemente, também os pais deles. Brinca assim com as palavras, ora para
os mais crescidos, ora para os mais novos e não fosse ele também professor de
formação, ora de inglês, ora de português. Prestes a publicar o seu segundo
livro, que peso têm as palavras na vida dele? É o que vamos descobrir neste
Vamos Cuscar... o Pedro Ferrão?
Idade:
42
Naturalidade:
Cernache
do Bonjardim
Comidas
preferidas: Gosto muito da cozinha italiana, mas da mais
tradicional, que recorre aos ingredientes mais simples, aos cheiros, aos aromas
ao toque dos produtos que moram na nossa casa, mas do lado de fora. É um festim
para os sentidos.
Um
livro a não perder: Cal
de José Luís Peixoto, que foi o livro que me fez começar a escrever. Depois O Sentido da Noite de Michael Cox, uma obra estonteante escrita ao longo de 30
anos. A nós enquanto leitores, parece-nos que estamos lá, é inevitável
escolhermos um lado. Sentimos o peso da injustiça, o receio da descoberta e o
sabor da vingança. Assim mesmo, tudo isto num só livro, mas um livro brilhante.
Para finalizar não podia deixar de referir o meu autor contemporâneo preferido,
Afonso
Cruz com A Boneca de Kokoschka ou Para
Onde Vão os Guarda-Chuvas. O Afonso escreve como ninguém, de uma forma muito
visual, com o recurso a imagens lindíssimas na sua simplicidade. Talvez por
também ser ilustrador isso lhe saia naturalmente. Além de que tenho o
privilégio de o conhecer pessoalmente e posso afirmar que é uma excelente pessoa
sem ser prisioneiro de qualquer tipo de vedetismos, assim sendo a escrita
sai-lhe à imagem dele próprio.
1.
Se pudesses convidar alguém famoso (vivo ou morto) para jantar, quem
escolherias e porquê? Se
pudesse mesmo, gostaria de fazer um jantar com meia dúzia de familiares e amigos
que já morreram. Assim uma coisa muito maluca e nada mórbida com uma pomada
daquela de fazer levantar os mortos, só para por a conversa em dia e matar
saudades.
2.
As palavras transformam-nos e influenciam tanto os nossos dias. Quando
começaram a ser fundamentais para ti? Acho que sempre foram, escritas
ou orais e continuam a ser diariamente. Há palavras que sozinhas são
insignificantes, mas juntas são frases inesquecíveis.
3.
Que palavras te deixam inquieto? As palavras não me inquietam
muito, as acções sim.
4.
Como percebeste que te querias rodear de palavras e fazer disso profissão? Curiosamente
acabou por ser um processo de tentativa/erro. Errei algumas vezes até aqui
chegar, mas acabei por cá chegar.
5.
Todos os dias estás com crianças de várias idades. Qual é a parte mais
desafiadora desse processo? Tentar que eles entendam os
valores que realmente importam da forma mais natural possível, sem imposições.
Claro que às vezes é muito difícil (quase sempre).
6.
Quando se trabalha com crianças fazem-se muitas descobertas diárias. O que é
que elas te ensinam? Muita coisa. Boa e má. Mas o que mais aprecio é a sua
genuinidade, sem filtros, sem querer parecer bem, as coisas são o que são,
assim como elas. Infelizmente a falsidade é como as rugas, aparece com a idade.
7.
Há muitos géneros literários e és versátil em mais do que um. O teu primeiro
livro Noel, o espírito do Natal, é um livro infantil. Porquê escolher o público
infantil? Olha, aconteceu assim. Acho que foi o público infantil
que me escolheu a mim. O Noel surgiu
de um micro conto que escrevi para que os miúdos ilustrassem com o objectivo de
fazer um filme que seria a participação do CATL na festa de Natal da escola.
Correu tão bem que parti para o livro.
8.
Surge esta nova obra com título tão promissor – Onde moram as coisas? Onde
morou a tua inspiração para este livro? Acho que a inspiração aparece de
um conjunto de experiências e de coisas que vamos ouvindo e sem darmos conta
vamos guardando dentro de nós. Um dia acabam por querer sair, e depois fazem-no
ao mesmo tempo, sai tudo junto de uma só vez. Só temos de estar com atenção
para registar esse momento.
9.
A amizade é muito importante, bem como as emoções boas dos que nos rodeiam. Já no teu outro livro aparecia a importância de Sermos com e para os outros. Que importância tem para ti, os amigos? Toda. Os amigos estão sempre lá quando é preciso, no fundo são a família que escolhemos. Não devemos é confundir amigos com pessoas que vemos todos os dias, são coisas diferentes com graus de responsabilidade diferentes.
A amizade é muito importante, bem como as emoções boas dos que nos rodeiam. Já no teu outro livro aparecia a importância de Sermos com e para os outros. Que importância tem para ti, os amigos? Toda. Os amigos estão sempre lá quando é preciso, no fundo são a família que escolhemos. Não devemos é confundir amigos com pessoas que vemos todos os dias, são coisas diferentes com graus de responsabilidade diferentes.
10.
Entre uma árvore, um livro e um filho… o que podemos esperar mais de ti? Mais
livros e mais filhos, já levo várias árvores de avanço.
11.
Este blog chama-se Penso Rápido – pequenos remédios para as comichões do
dia-a-dia. Que Penso Rápido usas no teu dia-a-dia? Uso
vários, desde uma volta de bike ou de mota. Mas a maior parte das vezes os
melhores pensos são coisas bem pequenas e bem simples – como um sorriso ou um
gesto bonito.
O Pedro é assim mesmo!... Genuíno, sincero, alegre, criativo, surpreendente, amigo,......
ResponderEliminarO Pedro é um adulto responsável que não deixou morrer a criança que foi.....
Decerto que nos vais surpreender muito, muito, muito mais!...
A criatividade exercita-se e tu estás em permanente exercício!... Continua!....
Genuíno!
ResponderEliminar:)
ResponderEliminarForça Mike, tu mereçes este "jogo". Ganhá-mos muitas vezes, tb perde-mos algumas, mas soubé-mos com humildade levantarmo-nos. Muita Garra e Humildade, é o que te desejo amigo. Abraço.
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